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            O Pai-Nosso 
              
            
            Preâmbulo 
              
            
            O Pai-Nosso é a melhor de todas as orações 
            vocais. Ela é a melhor, porque foi composta e nos foi ensinada pelo 
            próprio Jesus Cristo. 
            
            O Pai-Nosso é também a oração mais eficaz, 
            porque é a mais agradável a Deus. É mais agradável a Deus, porque, 
            rezando o Pai-Nosso, nos dirigimos a Deus com as mesmas palavras que 
            nos ensinou seu divino Filho. 
            
            O Pai-Nosso contém tudo quanto devemos esperar 
            de Deus e lhe devemos pedir. 
            
            Aprofundemos no Pai-Nosso (Mt 
            6, 9-13). 
              
            
            1.º PONTO 
              
            
            Mt 6. 9: “Pai-nosso que estás nos céus”. 
              
            
            No céu, temos um Pai que nos ama e que nos 
            elegeu seus filhos. Os filhos devem imitar o pai. Nós somos ainda 
            peregrinos em terra estranha. O céu é nossa pátria. 
            
            Aquele católico que crê em Deus, pode 
            dirigir-se a Ele como filho: “Aquele que crê em seu nome e se torna 
            filho de Deus, há de começar imediatamente a dar graças e a 
            confessar-se filho de Deus” (São 
            Cipriano, “A Oração do Senhor”). 
            
            Chamamos a Deus “Pai-nosso”, porque Deus é 
            nosso Pai. Ele nos criou, e, pelo Batismo, nos adotou por filhos. 
            
            Dizemos: “Pai-Nosso, que estás nos céus”, para 
            levantar nossos corações para o céu, onde Deus manifesta 
            especialmente sua glória: “E ao dirigir-se a Deus, chamando-o de Pai 
            que está no céu, indica também, por suas primeiras palavras da vida 
            nova, que renunciou ao pai terreno e carnal, que reconhece o Pai que 
            principiou a ter no céu” (São 
            Cipriano “A Oração do Senhor”). 
              
            
            2.º PONTO 
              
            
            Ainda em Mt 6, 9: “Santificado seja o teu nome”. 
              
            
            Aqui pedimos que o Nome de Deus seja 
            Santificado, isto é, seja conhecido, louvado e honrado por todo o 
            mundo. São Cirilo de Jerusalém, Cat. Myst. 5 diz: 
            “O nome de Deus é 
            santo, quer assim o invoquemos ou não”, e Santo Agostinho também 
            diz: “Ao rezarmos  “Santificado seja o vosso nome” não desconhecemos 
            que o nome de Deus já é santo; apenas manifestamos o desejo de que 
            venha a ser santificado também pelos homens. Que Deus seja por eles 
            conhecido e eles saibam que nada existe de mais santo do que ele e 
            que não há culpa maior do que ofendê-lo” 
            (De Or. Dom., Mt 6). 
            
            O nome de Deus deve, no universo, ser 
            glorificado e pronunciado sempre com o máximo respeito: 
            “Sim, do 
            levantar ao pôr-do-sol, meu Nome será grande entre as nações, e em 
            todo lugar será oferecido ao meu Nome um sacrifício de incenso e uma 
            oferenda pura. Porque o meu Nome é grande entre os povos! Disse Deus 
            dos Exércitos” (Ml 1, 11), e: 
            “Não pronunciarás em vão o nome de teu 
            Deus, porque Deus não deixará impune aquele que pronunciar em vão o 
            seu nome” (Ex 20, 7), e também: 
            “… bendito seja o Nome do Senhor” 
            (Jó 
            1, 21), e São Cipriano escreve: 
            “Dizemos: ‘Santificado seja o vosso 
            nome’. Não porque pretendemos que Deus seja santificado por nossa 
            oração, mas pedimos que seu nome seja santificado em nós”
            (“Oração do Senhor”). 
            
            É triste ouvir piadas, músicas etc., zombando 
            do Santo Nome de Deus, esses zombadores não ficarão sem o castigo: 
            “… Deus não deixará impune…”
            (Ex 20, 7). 
            
            São Pedro Crisólogo escreve: “Pedimos a Deus 
            que santifique seu Nome porque é pela santidade que ele salva e 
            santifica toda a criação… trata-se do Nome que dá a salvação ao 
            mundo perdido, mas pedimos que este Nome de Deus seja santificado em 
            nós por nossa vida. Pois, se vivermos bem, o Nome divino é bendito; 
            mas, se vivermos mal, ele é blasfemado, segundo a palavra do 
            Apóstolo: “Por vossa causa o Nome de Deus está sendo blasfemado 
            entre os gentios” (Rm 2, 24; Ez 36, 20-22). Rezemos, portanto, para 
            merecer ter em nossas almas tanta santidade quanto é santo o Nome de 
            Nosso Deus” (Serm. 71: Pl 52, 402 A). 
              
            
            3.º PONTO 
              
            
            Mt 6, 10: “Venha o teu reino”. 
              
            
            O reino de Deus já está presente como um grão 
            de mostarda, como o fermento na farinha, como a pedra preciosa. Há 
            um reino santo, uma ordem. Deus é Rei e Senhor. 
            
            O reino oculto há de crescer. Virá o reino da 
            glória! “Deus há de reinar em seus santos e os santos em Deus” 
            (Santo Tomás de Aquino, Compend. 255). Todos os homens estarão 
            sujeitos ao poder divino. Os bons serão premiados, os maus 
            condenados e a morte vencida. Todos os inimigos feitos escabelo de 
            seus pés: “Senta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos 
            como escabelo de teus pés” (Sl 109, 1). 
            
            Deus vai triunfar no reino das trevas e do mal. 
            Ele vai estabelecer Seu reino no coração de todos os bons, para que 
            todos se tornem dignos cidadãos desse reino. 
            
            São Cirilo de Jerusalém escreve: 
            “Só um coração 
            puro pode dizer com segurança: “Venha a nós o vosso Reino”. É 
            preciso ter aprendido com Paulo para dizer: “Portanto que o pecado 
            não impere mais em vosso corpo mortal” 
            (Rm 6, 12). Quem se conserva 
            puro em suas ações, em seus pensamentos e em suas palavras pode 
            dizer a Deus: "Venha o vosso Reino"(Catech. myst. 5, 13: PG 33, 
            1120 A), e São Cipriano escreve também: 
            “O 
            Reino de Deus pode até significar o Cristo em pessoa, a quem 
            invocamos com nossas súplicas todos os dias e cuja vinda queremos 
            apressar por nossa espera. Assim como ele é nossa Ressurreição, pois 
            nele nós ressuscitamos, e assim também pode ser o Reino de Deus, 
            pois nele nós reinaremos” 
            (Dom orat. 
            13: PL 4, 527 C – 528 A). 
              
            
            4.º PONTO 
              
            
            Ainda em Mt 6, 10: “Seja feita a tua vontade na 
            terra ,como no céu”. 
              
            
            A vontade de Deus governa o céu e a terra, 
            pelos anjos é cumprida no Céu, nos astros e no mundo, na natureza e 
            na vida dos povos: “A vontade de Deus é a salvação das criaturas 
            humanas. Deus quer que o homem tenha a vida eterna” 
            (Santo Tomás de 
            Aquino, Or. Dom. exp. 7). 
            
            É o Espírito Santo quem nos ilumina com o dom 
            da ciência e da sabedoria. Manifesta-nos a vontade de Deus e nos 
            ajuda a distinguir com clareza o bem do mal. Inflama nossa vontade 
            com o verdadeiro amor de Deus. 
            
            No Catecismo da Igreja Católica, n.º 2822 diz: 
            “É Vontade do nosso Pai “que todos os homens sejam salvos e cheguem 
            ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2, 3-4). Ele 
            “…usa de paciência, 
            porque não quer que ninguém se perca” 
            (2 Pd 3, 9). 
            
            São Cipriano escreve: “Ora, a vontade de Deus é 
            a que Cristo praticou e ensinou. Humildade na vida, estabilidade na 
            fé, veracidade nas palavras, justiça no agir, misericórdia nas 
            obras, disciplina nos costumes, não saber injuriar, tolerar a 
            injúria recebida, manter a paz com os irmãos…” 
            (A Oração do Senhor, 293). 
              
            
            5.º PONTO 
              
            
            Mt 6, 11: “O pão nosso se cada dia dá-nos hoje”. 
              
            
            Deus se preocupa pelo nosso pão de cada dia, 
            pelo corpo e pela alma, pela vida material, pelo alimento, pelo 
            vestuário, habitação, saúde, energias e vida da graça, pela fé, 
            esperança e caridade. 
            
            O Catecismo da Igreja Católica, n.º 2828 diz:
            "Dai-nos": É bela a confiança dos filhos que tudo esperam de seu 
            Pai: “Ele faz nascer o seu sol igualmente sobre maus e bons e cair 
            chuva sobre justos e injustos” 
            (Mt 5, 45), e dá a todos os seres 
            vivos “o alimento a seu tempo” 
            (Sl 104, 27). Jesus nos ensina a 
            fazer este pedido: pedido que glorifica efetivamente nosso Pai 
            porque reconhece como ele é Bom para além de toda bondade”. 
              
            
            6.º PONTO 
              
            
            Mt 6, 12: “E perdoa-nos as nossas dívidas como 
            também nós perdoamos aos nossos devedores”. 
              
            
            Todos somos pecadores: “Se dizemos que não 
            temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em 
            nós” (1 Jo 1, 8), e Santo Tomás de Aquino escreve: 
            “Ninguém, neste 
            mundo, passa livre do pecado, apoiando-se em suas próprias forças. 
            Unicamente Maria,  por especial privilégio, foi cheia de graça e sem 
            pecado. Nenhum pecador deve desesperar. Antes, deve confiar no 
            perdão de Deus, mantendo-se na humildade e no temor” 
            (Or. Dom. exp. 
            10). Deus perdoa-nos as dívidas, se perdoarmos aos nossos devedores. 
            
            São Cipriano escreve: “Deus não aceita o 
            sacrifício dos que fomentam a desunião; ele ordena que se afastem do 
            altar para primeiro se reconciliarem com seus irmãos: Deus quer ser 
            pacificado com orações de paz. Para Deus a mais bela obrigação é 
            nossa paz, nossa concórdia, a unidade no Pai, no Filho e no Espírito 
            Santo de todo o povo fiel” (Dom. orat. 23: Pl 4, 535 C – 536 A). 
              
            
            7.º PONTO 
              
            
            Mt 6, 13: “E não nos exponha à tentação, mas 
            livrai-nos do maligno”. 
              
            
            O mundo está cheio do mal. Pela inveja de 
            Satanás, entrou o pecado no mundo e, com ele, a morte. O maligno é o 
            próprio demônio. O mal na terra é conseqüência do pecado original e 
            dos demais pecados (poenalitas praesens – cf. Summa Theol. II-II, 
            83,9). 
            
            Deus nos livra do mal, isto é, de todo o mal. 
            Aos débeis e perseguidos revela sua onipotência, aos pecadores sua 
            misericórdia. 
              
            
            Pe. Divino Antônio Lopes FP. 
              
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