Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

(Gavrada em CD em 09 de maio de 2005)

 

Prezado ouvinte, a Sagrada Escritura, isto é, a Bíblia, na carta de São Paulo aos Hebreus, capítulo 9, versículo 27, diz: “… os homens devem morrer uma só vez, depois do que vem um julgamento”, isto é, logo após a morte, a nossa alma será julgada por Deus; o juízo individual da alma, imediatamente após a morte chama-se juízo particular. Por isso, ouvinte, ouça atentamente essa pregação sobre o juízo particular, e com certeza você aproveitará melhor o seu tempo e viverá fervorosamente.

Faça bastante silêncio e fique atento, e assim, você entenderá melhor essa pregação sobre o juízo particular.

Caríssimo ouvinte, sabemos que a morte existe; a morte é a separação da alma e do corpo, e todos havemos de morrer, como está no livro do Eclesiástico, capítulo 14, versículo 12: “Lembra-te de que a morte não tarda”, está claro que ninguém ficará para semente.

Muitos não sabem o que acontece depois da morte; pensam que com a morte acaba tudo. E você, ouvinte; você sabe o que acontece após a morte? Não sabe? Então ficará sabendo agora. No exato momento, em que a alma abandona o corpo, ela é julgada por Deus, como escreve Santo Afonso Maria de Ligório: “O juízo particular se realiza no mesmo instante em que o homem morre”, escreve Santo Afonso Maria de Ligório; na carta de São Paulo aos Hebreus, capítulo 9, versículo 27, diz: “… os homens devem morrer uma só vez, depois do que vem um julgamento”, e o Monge Edouard Clerc escreve também: “O juízo particular dá-se, para cada alma, imediatamente após a morte”.

Está bem claro, ouvinte, que a alma será julgada imediatamente após ter abandonado o corpo, é isto mesmo, quando os familiares que estão junto ao leito do defunto se ocupam ainda de fechar seus olhos e cruzar-lhe as mãos, a alma já foi julgado; já sabe qual vai ser o seu destino eterno. Às vezes, os familiares estão fechando os olhos de uma pessoa, cuja alma já está mergulhada nas chamas do inferno; o Papa Bento XII escreve: “… as almas que morrem em pecado mortal, imediatamente depois da morte, caem no inferno, onde são atormentados com suplícios infernais”. Repito

Ouvinte, é um momento terrível para todos, o momento para o qual fomos vivendo todos estes anos na terra, o momento para o qual toda a vida esteve orientada. É o dia da retribuição para todos, como está no Salmo 62, versículo 13: “… pois tu devolves a cada um conforme s suas obras”.

Sabemos que seremos julgados logo após a nossa morte; mas onde é que tem lugar esse Juízo Particular? Você sabe, ouvinte? O julgamento será no mesmo local em que morremos, como escreve Santo Afonso Maria de Ligório: “No próprio lugar onde a alma se separa do corpo é julgada por nosso Senhor Jesus Cristo”, escreve Santo Afonso Maria de Ligório.

Ouvinte, se você morrer no quarto de um hospital, você será julgado naquele quarto; se morrer na sala de sua casa, será julgado na mesma sala; se morrer atropelado em uma rodovia, no local onde você morreu, etc., por isso, ouvinte, não cochile na vida espiritual, porque, como está no Evangelho de São Lucas, capítulo 12, versículo 40:”Na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem”.

Então, ouvinte, havemos de ser julgados logo após a nossa morte; não adianta tentar fugir ou se amoitar; você pode até fugir da igreja, fugir da oração, fugir da verdade, etc., mas do juízo particular você não fugirá, você comparecerá nem que seja arrastado ou esperneando, gritando ou chorando, mais comparecerá; por isso, deixe de fazer gracinha e leve o negócio a sério, como escreve São Pedro Julião Eymard: “Salvar a minha alma é negócio pessoal. Não posso descansar em ninguém, nem com ninguém repartir o trabalho”, escreve São Pedro Julião Eymard.

Ouvinte; quem será o juízo? Você sabe? O juiz será Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro, como escreve Santo Afonso Maria de Ligório: “… o qual não delega seu poder, mas vem ele mesmo julgar”. Ele conhece todos os nossos pecados, pois, diante de seus olhos os cometemos. Avalia-lhes a gravidade, pois a Ele ofenderam. Conhece-lhes toda a malícia, por isso, aplicar-lhes-á o castigo merecido,como escreve Santo Agostinho: “Virá com amor para os fiéis, e com terror para os pecadores, para os incrédulos”. Repito

Ouvinte, é um Deus onipotente, e não uma criatura que nos há de julgar! A sua misericórdia é infinita, porém, naquela hora ela se oculta para só dar lugar à justiça.

Na hora do juízo não se atende nem à pessoa, nem à dignidade da mesma, inclusive esses que se acham donos do mundo.

Todos os seus títulos e cargos cairão no pó da sepultura, e cada um há de ver-se naquela hora com as boas ou más obras nas mãos, para receber por elas o prêmio ou o castigo, como está na Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 5, versículo 10: “Porquanto todos nós teremos de comparecer manifestamente perante o Tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba a retribuição do que tiver feito durante a sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o mal”. Esta sentença de prêmio ou castigo… depende dos merecimentos da alma durante a sua vida na terra, já que com a morte termina o tempo e a possibilidade de merecer.

Caríssimo ouvinte, infeliz do católico que passou a vida abusando da graça de Deus, que tinha tempo para pecar e ofender a Deus, mas não tinha tempo para rezar e para praticar o bem; esse encontrará um juiz indignado, como escreve Santo Afonso Maria de Ligório: “Qual não será o espanto daquele que, vendo pela primeira vez o seu Redentor, vir também á indignação divina!”, Repito, e no livro do Profeta Naum, capítulo 1, versículo 6 diz: “Quem poderá substituir ante a face de sua indignação?”, e São Bernardo de Claraval afirma: “A indignação do juiz fará sofrer mais as almas que as próprias penas do inferno”. Repito

Ouvinte, tem-se visto bandidos e criminosos banhados em suor frio na presença dos juízes da terra. Um homem chamado Pison, em traje de condenado , comparecendo no Senado, sentiu tamanha confusão e vergonha, que ali mesmo morreu. Que aflição profunda sente um filho quando vê seu pai gravemente indignado!… Amargura muito maior sentirá a alma quando ver indignado a Jesus Cristo, a quem desprezou. Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Irritado e implacável, então, se lhe apresentará esse Cordeiro Divino, que foi no mundo tão paciente e amoroso, e a alma, sem esperança, clamará aos montes que caiam sobre ela e a ocultem à indignação de Deus”, escreve Santo Afonso Maria de Ligório; e no livro de Apocalipse, capítulo 6, versículos 15 e 16 diz: “Os reis da terra, os magnatas, os capitães, os ricos e poderosos, todos, escravos e homens livres, esconderam-se nas cavernas e pelos rochedos das montanhas, dizendo aos montes e às pedras: “Desmorona, sobre nós e escondei-nos da face daquele que está sentado no trono, e da ira do cordeiro”. Ap 6, 15-16

Caríssimo ouvinte, no Evangelho de São Lucas, capítulo 21, versículo 27 diz: “Então verão o Filho do Homem”; aqui São Lucas está falando do juízo; e Santo Afonso Maria de Ligório diz: “Ver o seu juiz em forma humana aumentará a dor dos pecadores; por que a presença daquele homem, que morreu para salvá-los, lhes recordará vivamente a ingratidão com que o ofenderam”, escreve Santo Afonso Maria de Ligório.

E você, ouvinte, leva uma vida medíocre, que vive no comodismo e buscando sempre o mais fácil; você está tranqüilo e seguro para comparecer perante o tribunal de Deus?

 

Depois da gloriosa Ascensão do Senhor, os anjos disseram aos discípulos: “Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu”, Atos dos Apóstolos, capítulo 1, versículo 11. Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Virá, pois, o Salvador a julgar-nos, ostentando aquelas mesmas Chagas Sagradas que tinha quando deixou a terra”, e Ruperto exclama: “Grande alegria para os que contemplam, grande temor para os que esperam”. Ouvinte, essas Benditas Chagas consolarão os justos e infundirão terror aos pecadores.

No livro do Gênesis , capítulo 45, versículo 3 diz que quando José disse a seus irmãos: “Eu sou José, a quem rendestes”, eles ficaram, diz a Bíblia, sem fala e imóveis de terror. Ouvinte, o que responderá o pecador a Jesus Cristo na hora do julgamento? Acaso, terá coragem de lhe pedir misericórdia, sendo que durante a vida, desprezou por inúmeras vezes a misericórdia do Senhor? Santo Agostinho escreve: “Que fará? Para onde fugirá quando vir o juiz indignado? Por baixo o inferno aberto, de um lado os pecadores que o acusam, do outro o demônio, disposto a executar a sentença, e dentro de si mesmo a consciência que recorde e castiga!”, que fará? Que fará? Escreve Santo Agostinho.

Prezado ouvinte, como já foi falado, é Deus que nos há de julgar! Ele é superior a todos os poderosos do mundo. É ele o Rei dos reis e Senhor dos senhores. O seu tribunal é, pois, sem apelação. Se a sentença for de condenação, não há esperanças de a renovar em tribunal de segunda instância, não haverá uma segunda audiência, o perdão, que ainda aqui na terra pode ser a derradeira esperança do condenado, não tem aceitação num tribunal em que o juiz é o mesmo rei. Não é àquela hora de perdão, mas sim de justiça.

Ouvinte, não é Deus a mesma retidão? Logo, a sentença saída dos seus lábios não pode ser senão traçada pela justiça mais imparcial e tal que traduza na íntegra o valor moral de todas as nossas ações. Está claro que Deus é justo, e n’Ele não há fingimento.

No livro de Daniel, capítulo 7, versículo 10 diz: “Começou o juízo e os livros foram abertos”. Ouvinte , haverá dois livros ; isso mesmo , Santo Afonso Maria de Ligório diz que serão: “O Evangelho e a consciência”. No Evangelho, ler-se-á o que o Réu devia fazer; na consciência, o que ele fez. Na balança da divina justiça não se pesarão as riquezas, nem as dignidades nem a nobreza das pessoas, mas somente as suas obras, como está no livro do Apocalipse, capítulo 14, versículo 13: “… pois suas obras os acompanham”; e no livro de Daniel, capítulo 5 ,versículo 27 diz: “Foste pesado na balança – diz Daniel ao réu Baltazar – e achado demasiadamente leve”. Quer dizer, segundo o comentário do Padre Álvares, que “não foram colocados na balança o ouro e as riquezas, mas unicamente a pessoa do rei”. Por isso, ouvinte, se você pensa que Jesus Cristo na hora do julgamento vai levar em conta a sua riqueza, os seus diplomas, a sua beleza física, a sua fama, etc., você está completamente enganado; somente as suas obras o acompanharão, como está no livro do Apocalipse, capítulo 14, versículo13.

Caríssimos ouvintes, surgirão também alguns acusadores, é isso mesmo, alguns acusadores.

Santo Agostinho assegura-nos que o primeiro a levantar-se contra nós será o demônio. Ele escreve: “O inimigo estará ante o tribunal de Cristo, e referirá as palavras de tua profissão. Recordar-nos-á tudo quanto temos feito, o dia e a hora em que pecamos”, escreve o grande Santo Agostinho.

Ouvinte, referir as palavras de nossa profissão significa que ele, o demônio, apresentará todos as promessas que fizemos, que esquecemos e, por conseguinte, deixamos de cumprir. E, o demônio, denunciará ás nossas faltas, designando os dias e as horas em que as cometemos. Depois ele dirá ao Juiz, que é Jesus Cristo: “Senhor, eu não sofri nada por este réu; mas ele vos abandonou, a vós que destes a vida para salvá-lo, e ele se fez meu escravo; (e o demônio dirá).Ainda é a mim que ele pertence…”, escreve Santo Agostinho.

O réu ousará dizer ao juiz Jesus Cristo: “Senhor Jesus, seguir o demônio era mais fácil, porque a lei de Deus é muito exigente”.

Mas o demônio gritará contra o réu dizendo: “Não é verdade, não é verdade. E o demônio dirá: Eu te fazia trabalhar mesmo no domingo, enquanto a lei de Deus te teria concedido descanso. E tu trabalharas para mim, sem te lamentares. Eu te fazia beber mesmo quando já não tinhas sede: e tu, por mim, bebias, até te sentires mal, até te bestializares na embriaguez, e eu sorria muito de você. Eu te mandava dançar: e tu, cansado dos seis dias de trabalho, dançavas no domingo para me fazeres dar gargalhadas. Eu te sugeria um encontro com prostitutas: e tu, para me escutares, deixavas a tua família e, embora fizesse frio, embora chovesse, te agüentavas esperar debaixo da água, por horas e horas, aquelas pessoas. Eu te impunha esbanjares no vício o suor da tua semana, aquele dinheiro que ganhastes com tanta dificuldade: e tu, que tinhas medo de dar um centavo de esmola, consumias nas reuniões e nos prazeres o sustento de tua família”. Tu que passastes a vida inteira me servindo, querer agora escapar-te das minhas mãos. Não permitirei! Você me pertence.

Ouvinte! Você está tranqüilo para comparecer perante o tribunal de Deus? Você é um católico autêntico; ou é um boneco nas mãos de satanás? Examine-se com sinceridade.

Prezado ouvinte, segundo Orígenes, os anjos da guarda também serão acusadores. Orígenes escreve: “Os anjos darão testemunho dos anos em que procuraram a salvação do pecador… do desprezo deste a todas as inspirações e avisos”. É isto mesmo, ouvinte, o anjo da guarda, a quem a piedade suprema nos confiara, também ele se tornará acusador.

O anjo da guarda dirá ao Juiz Jesus Cristo: Meu Senhor,o meu dever de iluminá-lo, guardá-lo, regê-lo, governá-lo, cumpri-o: mas em vão. Em vão, ó Senhor, dirá o anjo; iluminei-lhe a mente com bons pensamentos, a alma com as boas palavras de pessoas piedosas, o caminho com o bom exemplo de companheiros. Em vão eu o guardava, pois por sua teimosa vontade, ele ia ter com as pessoas más e aos lugares perigosos. Ás tempestades de remorsos que eu lhe suscitava no coração, ele não quis render-se; foi tudo em vão, tudo em vão.

Prezado ouvinte, terminada a acusação do demônio e do anjo da guarda, surgirão os homens como acusadores.

Os inocentes, escandalizados pelas palavras e pelo mau exemplo do réu, dirão ao juiz: “Justiça de Deus, vinga as nossas almas”.

Os cúmplices dos pecados do réu gritarão ao Juiz: “Senhor, em casa aprendi a rezar; aprendi sim; a blasfemar, a ofender-te, a usar roupas imorais, a ver novelas e outras coisas que não te agradam”.

Será talvez, ó pais, a voz débil dos filhos que não quisestes, ou que abandonastes antes de nascerem. Gemerão eles: “Senhor, nós também tínhamos direito à vida, e não a tivemos!

Ouvinte, muitos na hora do Juízo tentarão se desculparem; dizendo que tudo foi por fraqueza ou ignorância, etc., mas todos os santos saltarão e gritarão: “Também nós éramos de carne e sangue como vocês, e nos salvamos”.Realmente não haverá desculpas para os relaxados.

Santo Afonso Maria de Ligório diz: “Até as paredes, que viram o réu pecar, tornar-se-ão acusadoras”, como está no livro de Halacuc, capítulo 2, versículo 11: “Sim, da parede a pedra gritará, e do madeiramento as vigas responderão”.

Ouvinte, acusadora será a própria consciência do réu, como está na Carta aos Romanos, capítulo 2, versículo 15 e 16: “Eles mostram a obra da lei gravada em seus corações, dando disto testemunho sua consciência e seus pensamentos que alternadamente se acusam ou defendem… no dia em que Deus – segundo o meu evangelho – julgará, por Cristo Jesus, as ações ocultas dos homens”.

São Bernardo de Claraval diz que os pecados do réu dirão na hora do juízo: “Tu nos fizeste; somos tuas obras, e não te abandonaremos”.

Caríssimo ouvinte, as acusadoras, por fim segundo São João Crisóstomo, serão as chagas de Jesus Cristo. Ele escreve: “Os cravos se queixarão de ti; as cicatrizes contra ti falarão, a cruz clamará contra ti”.

Ouvinte, depois que cessar as acusações, então, passar-se-á ao exame, isso mesmo, ao exame.

No livro de Safonias, capítulo 1, versículo 12 diz: “E acontecerá, naquele tempo, que eu esquadrinharei Jerusalém com lanternas”. Mendoza escreva: “A luz da lâmpada penetra todos os recantos da casa. Está claro que Deus apresentará ao réu os exemplos dos santos, todas as luzes e inspirações com que o favoreceu, todos os anos de vida que lhe concedeu para que os empregasse na prática do bem” Repito .Santo Anselmo exclama: “Até de cada olhar tens que dar conta”. Assim como se purifica e aquilata o ouro, separando-o das escórias, assim se aquilatarão e examinarão as confissões, comunhões e outras boas obras, como está em Malaquias, capítulo 3, versículo 3: “E se assentará aquele que funde e que purifica; ele purificará os filhos de Levi e os acrisolará como ouro e prata, e eles se tornarão para Deus aqueles que apresentam uma oferenda conforme a justiça”. E na primeira Carta de São Pedro, capítulo 4, versículo 18 diz: “Se o justo com dificuldade consegue salvar-se, em que situação ficará o ímpio e pecador?”, 1 Pedro 4,18.

Ouvinte, se o réu deve dar conta de toda palavra ociosa, que contas se darão de tantos maus pensamentos voluntários, de tantas palavras impuras? O Senhor, falando dos escândalos, que lhe roubam inúmeras almas, diz: “Eu lhes sairei ao encontro como uma ursa a quem roubaram os seus filhotes”, conferir no livro do Profeta Oséias, capítulo 13, versículo 8; e referindo-se ainda às ações do réu, o juiz supremo lhe dera: “Dei-lhe o fruto de suas mãos”, Provérbios 13,13, quer dizer, paguei-lhe conforme suas obras.

Caríssimo ouvinte, para que a alma consiga a salvação eterna, o juízo há de mostrar que a vida dessa alma fora conforme a vida de Cristo.

Aquele que passou a sua vida aqui na terra perdendo tempo com o lixo do mundo; que pisou na graça de Deus, que cometeu pecados e mais pecados, etc ; o que responderá ele a Jesus Cristo, seu juiz? Fará como aquele homem do Evangelho, que se apresentou ao banquete sem a veste nupcial. Não soube o que responder e calou-se, conferir no Evangelho de São Mateus, capítulo 22, versículo 12. As próprias culpas lhe fechou a boca, conferir no Salmo 106, versículo 42. São Basílio Magno escreve: “A vergonha será então para o pecador maior tormento que as próprias chamas infernais”.

E o juiz pronunciará a sentença: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno!”. “Quão terrivelmente ressoará aquele trovão”, exclama Dionísio, o Cartucho… “Quem não treme à consideração dessa horrenda sentença”, observa Santo Anselmo. Santo Eusébio acrescenta que: “será tão grande o terror dos pecadores ao ouvir a sua condenação, que se não fossem já imortais morreriam de novo”, e Santo Tomás de Vilanova escreve: “Então já não será tempo de suplicar, já não haverá intercessores a quem recorrer. A quem, efetivamente, hão de recorrer?… Porventura, a seu Deus, a quem desprezaram?”, escreve Santo Tomás de Vilanova.

Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Talvez recorrerão aos santos e à virgem Maria?… Ah!Não!Porque então as estrelas (que são os santos advogados) cairão do céu, e a lua ( que é Maria Santíssima) não dará as sua luz ( Ch Mt 24,29)”. E santo Agostinho escreve também: “Maria retirar-se-á das portas da glória”.

Ouvinte, não brinque com a graça de Deus, é para esta hora decisiva e melindrosa que todos caminhamos. Dentro em breve se há de dar conosco esta cena. Hora tremenda a do julgamento. Aqui se hão de desvendar os olhos de tantos cegos pelo falso brilho das vaidades mundanas. Aqui se hão de ver os caminhos errados do vício, os laços do demônio, a falsidade de tantas máximas com que a impiedade pretende desviar do caminho da salvação as almas remidas com o sangue de Jesus Cristo.

Mas será tarde!Será tarde, muito tarde! Os caminhos mal andados já não se podem desandar; as blasfêmias , as heresias, as calúnias já se não podem retratar; as máximas errôneas já não se podem substituir pelas verdadeiras, nem os pecados mudar em virtudes! Passou o tempo do perdão; a hora presente é de justiça!

Caríssimo ouvinte; não haverá também porque ter pena dos que se perdem, pois receberam nesta vida — na medida adequada para eles — graça suficiente para se salvarem:foram eles próprios que rejeitaram a misericórdia de Deus, que não lhes faltou. Todos os homens podem salvar-se, porque Cristo morreu por todos, e Deus não pratica nenhum tipo de segregação. Os que forem condenados, sê-lo-ão de acordo com toda a justiça: Serão eles que o terão querido até o fim, porque não pode haver qualquer assomo de injustiça em Deus. Ouvinte, não haverá nenhuma “anistia final”, porque toda “anistia” já foi incansavelmente oferecida por Deus na vida terrena. Por isso não brinque e não faça gracinha, porque as conseqüências poderão ser desastrosas.

Caríssimo ouvinte, se queres que nesse tribunal, Jesus seja teu amigo, e não condenador implacável, vai ter com Ele, e pede-lhe que perdoe os teus pecados. Abranda a cólera de Nosso Senhor chorando os teus erros, e prometa-lhe fidelidade a partir de agora.

Se queres ver n’Ele mansidão, ama-o com amor sincero e não o ultrajes com esta tua rebeldia.

Se queres que o juízo de Deus te seja favorável, julga-te a ti mesmo. Imagina qual será o castigo que te pode acarretar a vida que levas. É o inferno! Isso mesmo.

Ouvinte, na primeira carta de São Paulo aos Coríntios, capítulo 11, versículo 31 diz: “Se nos julgássemos não seríamos julgados”, repito e São Bernardo de Claraval também escreve: “Julguei as minhas obras boas e as más — para que, quando vier o Senhor, que há de julgar Jerusalém, nenhuma coisa encontre, que não tenha sido julgada”.

Então, ouvinte, julga-te a ti mesmo, se não queres ser tão severamente julgado depois da tua morte. julga as tuas ações, as tuas palavras, os teus pensamentos, e faça penitência por tudo que achares digno de castigo.

Prezado ouvinte, muitos engraçadinhos brincam dizendo que não serão julgados, mas a hora deles também chegará. No livro de Ezequiel, capítulo 7, nos versículos 6, 7 e 8 diz: “Chegou o fim, chegou o fim; ele desperta contra ti, ei-lo que chega! Chegou a tua vez, sim, para ti, habitante da terra. O tempo está chegando, o dia está próximo. Será a ruína e não mais os júbilo nos montes. Agora mesmo, dentro de um instante derramarei a minha ira obre ti e satisfarei em ti a minha cólera. Com efeito, hei de julgar-te segundo o teu comportamento, e farei vir sobre ti todas as tuas abominações”, Ezequiel, capítulo 7, do versículo 6 ao versículo 8.

Ouvinte, Santo Agostinho escreve: “Antes do juízo, podemos ainda aplacar o juiz, mas durante o juízo, não”; por isso, ouvinte, repita continuamente essas palavras de Santo Afonso Maria de Ligório: “Desejo, ó juiz de minha alma, que me julgueis e castigueis nesta vida, porque ainda é tempo de misericórdia e de perdão. Depois da morte sé será tempo de justiça”.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP. “O juízo particular”.

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