(Gravada em CD em 16 de maio de 2005)
Prezado ouvinte, quando o príncipe
Humberto de Sabóia, em 1929, esteve na Somália, país Africano e
muito pobre, ele prometeu aos meninos negros que, um dia, lhes
mostraria a casa do rei seu pai. E, realmente, alguns daqueles
meninos foram com os missionários a Tririm. O príncipe acolheu-os
com muita bondade e mostrou-lhes, sala por sala, todo o palácio
real.
Os meninos ficaram extraviados e olhavam
com seus grandes olhos arregalados aquela quantidade de luzes,
espelhos, lampadários, quadros e objetos de ouro e prata. A certa
altura, um dos meninos perguntou ao príncipe: No céu será tão belo
assim? Oh! – respondeu o príncipe – será mais Belo, muito mais belo!
Olhem, esta é apenas a casa de meu pai, que é um rei da terra; mas o
céu é a casa do próprio Deus, que é o Rei de todos os reis, de todo
o mundo, de todo o céu e de toda a terra.
Ouvinte, como é bom saber que existe o
céu, como escreve Santa Teresinha do menino Jesus: “… o formoso céu,
a casa paterna”, e na 1ª Cor 2,9 diz: “… o que os olhos não viram,
os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus
preparou para aqueles que o amam”.
Preste bastante atenção nesta pregação
sobre o céu e assim você o desejará ardentemente, a exemplo de Santa
Teresinha do menino Jesus que diz: “A terra parecia-me lugar de
segredo, e eu sonhava com o céu… a terra se me apresentava mais
tristonha… e compenetrava-me de que só no céu haverá alegria sem
anuviamente…” Repito, escreve Santa
Teresinha do Menino Jesus.
Caríssimo ouvinte, por incrível que
pareça, hoje, infelizmente, muitas negam a existência do céu,
milhares de pessoas dizem que o céu não existe, que tudo não passa
de uma lenda. Quanta estupidez! Quanta estupidez!
Ouvinte, não dê ouvidos a esses
incrédulos, pelo contrário, deseje fervorosamente o céu.
Se não existisse o céu, toda a vida de
Jesus Cristo não teria sentido, pois toda a sua vida terrena, a sua
doutrina e a sua Sagrada Paixão não tiveram outro fim mais do que
conduzir os homens, resgatados do pecado, para o reino eterno do Pai
Celestial, para o céu.
Nosso Senhor Jesus Cristo falou muitas
vezes sobre a felicidade do céu.
Ele disse a seus discípulos, que
quem fizer um sacrifício, por amor d’Ele e por causa do seu nome, “…
receberá muito mais e herdará a vida eterna”, Mt 19,29; no mesmo
Evangelho 5,12 Ele diz: “Alegrai-vos e regozijai-vos, por que será
grande a vossa recompensa nos céus…”, e ainda em São Mateus, 6
,19-20, Jesus Cristo diz: “Não ajunteis para vós tesouros na terra,
onde a traça e o caruncho os corroem e onde os ladrões arrombam e
roubam, mas ajuntai para vós tesouros nos céus, onde nem a traça,
nem o caruncho corroem e onde os ladrões não arrombam nem roubam”.
Está claro ouvinte,
que o céu existe.
Além disso, ouvinte, por meio de quantas
parábolas, de quantas comparações, se referiu Jesus Cristo à
felicidade eterna, isto é, ao céu.
Algumas vezes Jesus chama o céu “casa do
Pai”, no Evangelho de São João 14,2 diz: “Na casa de meu Pai há
muitas moradas”; compara-o também ao palácio dum rei; em São Mateus
22,2 diz: “O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as
núpcias do seu filho”; apelida-o de “tesouro escondido”, pelo qual o
homem há de dar tudo; como está em São Mateus 13,44: “O reino dos
céus é semelhante a um tesouro escondido no campo; um homem o acha e
torna a esconder e, na sua alegria, via, vende tudo o que possui e
compra aquele campo”.
E depois, ouvinte, as magníficas
palavras que Ele pronunciará no Juízo Final: “Então dirá o rei aos
que estiverem à sua direita: “Vinde, benditos de meu Pai, recebei
por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo”.
Caríssimo ouvinte, está claro que o céu
existe, não adianta o pagão e o mundano negarem a sua existência, a
existência do céu não depende da língua da pessoa ridículas e
depravadas. O céu existe! O céu existe!
Alguém poderia perguntar-me se os
que estão no céu vêem a Deus.
Repito
Eu lhe diria que sim; que os que estão
no céu vêem a Deus e conhecem-no de maneira clara, direta e
imediata, sem o auxílio do raciocínio; é o que se chama Visão
Intuitiva. Ouvinte, não se trata de uma visão passageira, como a que
Deus às vezes concede a almas muitos santas, mas de um estado
diferente daquele em que vivemos.
Caríssimo ouvinte, no céu veremos a
Deus; vela a pena viver santamente, abandonando tudo aquilo que o
mundo oferece, para contemplarmos a Deus no céu. Na 1ª Carta aos
Coríntios 13,12 diz: “Agora vemos em espelho e de maneira confusa,
mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado,
mais depois, conhecerei como sou conhecido”, (1ª Coríntios 13,12), e
na 1 ª Jó 3,2 diz também: “Caríssimo, desde já somos filhos de Deus,
não o que nós seremos ainda, não se manifestou. Sabemos que por
ocasião desta manifestação seremos semelhantes ele, por que o
veremos tal como ele é” (1 ª Jo 3,2). Está claro ouvinte, está claro
que no céu veremos a Deus.
Ouvinte, veremos a Deus no céu, e em
Deus as suas obras. Que espetáculo! Que espetáculo! Ver os planos da
divina providência, que muitas vezes, durante a vida, julgávamos
duros e injustos.
Veremos os anjos e os santos, e segundo
o Santo Afonso Maria de Ligório, encontraremos no céu os nossos
parentes e amigos, e veremos também a Virgem Maria, como escreve
Santo Afonso Maria de Ligório: “Que prazer será contemplar a Virgem
Santíssima, mais bela que o próprio céu”. Ouvinte, no livro do
Apocalipse 7, 9 diz: “Depois disso, eis que vi uma grande multidão,
que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e
línguas. Estavam de pé diante do trono e diante do Cordeiro,
trajados com vestes brancas e com palmas na mão”.
Ouvinte, veremos a Deus! Será que
chegaremos a compreendê-lo, a ver todas as profundezas do seu ser?
Não! Claro que não! O ser criado não pode compreender completamente
o seu criador. O ser finito não pode compreender o infinito. A água
do mar não cabe dentro dum copo. Mas, ouvinte, apesar disso, será
uma visão real de Deus, e não só pela fé.
Não veremos só o reflexo de Deus como
num espelho, como neste mundo, mas veremos o mesmo Deus. Vê-lo-emos,
e nunca nos cansaremos de o ver.
Alguém poderia perguntar-me se os
que estão no céu, contemplam, a Deus,
uns mais perfeitamente do que outros.
Repito
Eu lhe diria que sim. Os que estão
no céu contemplam a Deus, uns mais perfeitamente do que outros, de
acordo com os seus méritos; por isso, ouvinte, é importante
entesourar tesouros no céu, vale a pena trabalhar muito aqui na
terra, rezar muito e fazer sempre o bem,
para conquistar o céu.
Ouvinte, a Bíblia afirma claramente que
cada qual receberá a sua recompensa segundo as suas obras, o que é
de justiça; no Evangelho de São João 14, 2 diz: “Na casa de meu pai
há muitas moradas”. O Monge Edonarde Clerc escreve: “há graus na
felicidade, tal como há graus no bem que se fez e que se faz. Na
ordem natural, cada um atua segundo a sua capacidade: uns podem
fazer coisas que outros não podem. Na ordem da recompensa, cada
pessoa receberá a recompensa na medida em que tiver feito frutificar
os dons recebidos de Deus… (e o Monge Edomard Clerc acrescenta”;
existem, portanto, diferentes graus de felicidade entre os eleitos,
mas essa desigualdade não é ocasião de crimes, pois cada um se
encontra plenamente saciado”, e o Monsenhor Tihamer Tóth escreve
também: “Cada qual verá a Deus com medida distinta, de modo que será
diversa a felicidade eterna dos bem-aventurados. Mas todos
inteiramente felizes, porque receberão de Deus tudo o que são
capazes de receber”, e Santa Teresinha do Menino Jesus escreve: “…
no céu o Bom Deus dará aos seus eleitos tantas glórias, quanta cada
qual poderá receber, de sorte que o último nada terá de invejar ao
primeiro”.
O Monsenhor Tihamer Tóti diz: “A
felicidade eterna, isto é, no céu, não será igual para todos”. É
isto mesmo, ouvinte, ela será distinta. Cada um terá sua felicidade;
mas todos serão inteiramente felizes. A felicidade de cada alma será
distinta da felicidade da outra, como está na 1 ª Carta aos
Coríntios 15, 41: Um é o brilho do sol, outro o brilho da lua, e
outro o brilho das estrelas. E até de estrela para estrela há
diferença de brilho”. Cada alma receberá a felicidade que mereceu,
como está na 1 ª Carta aos Coríntios 3, 8 “ Aqueles que planta e
aquele que rega são iguais entre si; mas cada um receberá a
felicidade que mereceu, como está na 1 ª carta aos Coríntios 3,8:
“Aquele que planta e aquele que rega são iguais entre si; mas cada
um receberá seu próprio salário, segundo a medida do seu trabalho”.
Alguém poderia perguntar-me se
felicidade do céu é eterna. Repito
Eu lhe diria que sim. Trata-se de uma
verdade de fé, de um dogma: Creio… na vida eterna. Mas é também uma
condição necessária para que a felicidade seja perfeita.
O homem de hoje é todo nervos e
correria, faz planos constantemente e está sempre em movimento. Com
certeza ele pergunta? Que é a felicidade eterna? Que faremos no céu?
E o mesmo ainda pergunta: Estaremos lá no céu como estátuas de
mármore, olhando sempre rígidos para Deus? Não nos aborrecemos? Que
faremos durante toda a eternidade?
O Monge Edouard Clarc escreve o
seguinte: “É para nós difícil, ou melhor, impossível, conceber o que
é a eternidade, imaginar o infinito. Se lhe diz que é uma duração
sem fim, isso implica uma contradição, pois a duração é um espaço de
tempo e a eternidade é um estado fora do tempo, portanto sem começo
e sem fim. Não existe qualquer ponto de apoio para a imaginação, e
nenhuma comparação é possível. Resta-nos crer que estaremos em Deus,
que é eterno”, e o Monsenhor Tihamer Tóti escreve: “A alegria e a
beleza da vida eterna são tão admiráveis, que a mais brilhante
inteligência humana, a mais aliada fantasia não pode nem se quer
suspeitá-las, muito menos compreendê-las”, e Santo Afonso Maria de
Ligório escreve também: “O bem-aventurado gozará eternamente dessa
felicidade incomparável, que a cada instante lhe parecerá nova, como
se então a começasse a desfrutar”.
Alguém poderia perguntar-me se os
que estão no céu podem pecar.
Repito
E lhe diria que não. Não podem
pecar e nem desagradar a Deus; porque vivem já de Deus e em Deus.
Isso mesmo.
Alguém poderia perguntar se os que
estão no céu conhecem somente a Santíssima Trindade.
Repito
Eu lhe diria que não. Os que estão no
céu, vêem também a Jesus, Deus-Homem, e podem admirar a sua
humanidade. Cristo mais belo dos filhos dos homens; a sua beleza,
como a de Nossa Senhora, é simples, e custa-nos muito imaginar a
simplicidade. E como já foi falado, vêem também a Santíssima Virgem,
os anjos e os Santos. Sobre Nossa Senhora, Santa Bernadett e
Soubireus dizia: “Depois que alguém a viu uma vez, desejaria morrer
para voltar a vê-la”.
Alguém poderia perguntar-me se os que
estão no céu encontram de novo os parentes e amigos que morreram
antes dele. Repito
Como já foi falado, eu lhe diria que
sim. Há separações que não cicatrizam, e é somente a esperança do
reencontro que sustenta o ânimo de quem fica para trás. Por isso,
muitas pessoas esperam a morte e deseja o céu para terem a alguém de
encontrar os entes amados e sempre recordados.
Mas, ouvinte, e se duas pessoas que se
amaram não se encontrarem no céu, por uma delas ter ido para o
inferno, isso não será um sofrimento, um enorme sofrimento, para
aquela que se salva? Só há uma resposta possível: como no céu se
verá e se julgará tudo em Deus e a partir de Deus, não se poderá
senão ficar contente com a sua justiça, que então poderá
compreender. Por enquanto, porém, contamos apenas com a nossa razão
humana, e não nos é possível fazê-lo.
Prezado ouvinte, milhões de
pessoas que vivem agarradas às coisas passageiras deste mundo; que
correm de um lado para o outro, preocupados somente com o lixo que o
mundo oferece, dizem com zombaria e deboche, que já possuem um
lugarzinho no céu, que já estão salvos; que é só morrer, e voar para
o céu. Quanta estupidez! Ouvinte, não se pode brincar com coisa
séria; não se pode brincar com coisa séria,
lembre-se de que o céu não é
boteco, que qualquer um entrar, cuidado!
Caríssimo ouvinte, quem entrará no céu?
São João diz, no livro do Apocalipse 21,
27, que nada de imundo entrará no céu.
Davi, o real profeta, perguntado – quem
subirá ao monte do Senhor? – responde que os de mãos inocentes e
coração puro, Sl 24, versículo 3 e 4.
Na 1 ª Carta aos Coríntios 6,9
diz: “Não vos iludais! Nem os impudicos, nem os idólatras, nem os
adúlteros, nem os depracados, nem os eferminados, nem os sodonistas,
nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os injuriosos
herdarão o reino de Deus”, está claro que estes não conseguirão a
salvação eterna. Está
claro que o céu não é nenhum boteco ou clube dançante.
Ouvinte, o céu é o reino dos vivos. A
graça é a vida da alma; logo, só aqueles que, ao separar-se do
mundo, estão em estado de graça e amizade com Deus, lá entrarão,
como está no catecismo da Igreja Católica, no nº 1023: “Os que
morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente
purificados, vivem para sempre com Cristo”.
No Evangelho de São Mateus 7,21 diz:
“Nem todo aquele que “me diz” “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos
Céus, mas sim, aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos
céus”. Ouvinte, a oração para que seja autêntica, deve ir
acompanhada pela luta contínua por cumprir a vontade divina. Do
mesmo modo, para cumprir essa vontade não basta falar das coisas de
Deus, mas é necessário que haja coerência entre o que se pede – o
que se diz – e o que se faz. Para entrar no céu, para ser santo, não
basta, pois, falar de modo eloqüente da santidade. É necessário
levar à prática o que se diz, dar os frutos de acorde com as
palavras.
Você já
percebeu que nenhum preguiçoso e relaxado entrará no céu, o céu e a
Pátria dos fortes e ousados no bem.
Ouvinte; para quem é o céu? O céu é para
aquele que se violenta, como está em São Mateus 11,12: “… O Reino
dos céus sofre violência, e violentos se apoderam dele”. São
Josemaria Escrivá diz: “Essa força não se manifesta na violência
contra os outros; é fortaleza para combater as nossas debilidades e
misérias, valentia para não mascarar as nossas infidelidades,
audácia para confessar a fé, mesmo quando o ambiente é contrário”; e
Clemente de Alexandria também escreve: “O Reino dos Céus não
pertence aos que dormem e vivem dando-se todos os gastos, mas aos
que lutam contra si mesmos”.
Aquele que vive na moleza, fugindo
do sacrifício, que percorre o caminho da maldade, aquele que não
refreia as paixões e que não se nega a si mesmo, esse não dá
esperança de um dia entrar no céu! Em São Mateus 7,14 diz:
“Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida.
E poucos são os que o encontram.
Repito
Cristo nos ensina que os que vivem
apegados aos bens terrenos e neles põem toda a sua felicidade, estão
fora do caminho do céu. Todos são chamados ao banquete da glória,
mas poucos os escolhidos.
Ouvinte, a graça de Deus na alma é a
moeda com que se compra a entrada não reino do céu. Quem morre com a
alma ornada dessa graça tem direito a entrar, porque Jesus nos fez
herdeiros do reino, que Ele conquistou para si com a morte na cruz.
Prezado ouvinte, para quem é o céu?
Você poderia dizer: será para mim!
Pode ser! Mas ainda que você esteja no
bom caminho, não tem segura a sua salvação.
Na 1ª Carta aos Coríntios 9, 27, São
Paulo escreve: “Trato duramente o meu corpo e reduzo-o à servidão, a
fim de que não aconteça que, tendo proclamado a mensagem aos outros,
venha eu mesmo a ser reprovado”. Repito
E na carta aos Filipenses 2, 12 diz: “… operai a vossa
salvação com terror e tremor”. E para salvar-se, não basta estar no
caminho do céu, mas é necessário perseverar nele, como está em São
Mateus 10, 22: “Aqueles, porém, que perseverar até o fim, esse será
salvo”. Repito.
O céu é para os que pelejam por
alcançá-lo, como está na 2ª Carta de São Paulo a Timóteo 2, 5: “Do
mesmo modo um atleta não recebe a coroa se não lutou segundo as
regras”.
O céu é um reino, e um reino não se
conquista sem armas na mão, sem derramar muito sangue, sem entrar em
grandes perigos de vida. Se queres, portanto, entrar no reino dos
céus, arma-te contra os inimigos dele.
Os inimigos do céu são o mundo, o
demônio e a carne, isto mesmo; o mundo, o demônio e a carne. E será
coroado no céu, somente aquele que vencer esses inimigos, isto é, o
mundo, o demônio e a carne.
Caríssimo ouvinte, enquanto estamos
neste mundo devemos cuidar de duas vidas: da vida presente e
terrestre, e da vida futura e celeste. Se para sustentar a vida
terrestre é preciso trabalhar, quanto mais devemos trabalhar para
conseguir a vida eterna, por isso ouvinte, não perca tempo,
trabalhe, e trabalhe muito para a vossa salvação.
Pe. Divino Antônio
Lopes FP.
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