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					A SANTÍSSIMA TRINDADE NA NOSSA ALMA 
					  
					
					(Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) 
					  
					
					(resumo) 
					  
					
					Deus, ensina Santo Tomás de Aquino, 
					está naturalmente nas criaturas de três maneiras 
					diferentes: por POTÊNCIA, neste 
					sentido que as criaturas estão sujeitas ao seu império 
					(autoridade, comando e domínio);  por PRESENÇA,
					enquanto vê tudo, até os mais secretos pensamentos da 
					nossa alma; por ESSÊNCIA, porquanto 
					opera em toda a parte, e em toda a parte é a plenitude do 
					ser e a causa primeira de tudo quanto há de real nas 
					criaturas comunicando-lhes sem cessar não somente o 
					movimento e a vida, senão também o mesmo ser: 
					“Pois nele vivemos, 
					nos movemos e existimos...” (At 17, 28). 
					
					Mas a sua presença em nós pela graça é duma 
					ordem muito superior e mais íntima. Não é somente a presença 
					do CRIADOR e do CONSERVADOR que 
					sustenta os seres que criou; é a presença da 
					Santíssima e Adorabilíssima TRINDADE 
					que a fé nos revela: o PAI vem a nós e em nós 
					continua a gerar o seu VERBO; com ELE 
					recebemos o FILHO, perfeitamente igual ao 
					PAI, imagem sua viva e substancial, que não cessa 
					de amar infinitamente a seu PAI como é 
					D’ELE AMADO; deste amor recíproco procede o 
					ESPÍRITO SANTO, pessoa igual ao PAI e 
					ao FILHO, laço mútuo entre eles, e contudo 
					distinto dum e doutro. 
					
					O que caracteriza esta presença, é que 
					Deus não somente está em nós, senão que se nos dá, para d’ 
					Ele podermos desfrutar. Podemos dizer que pela 
					graça, Deus se nos dá como pai, como amigo, como 
					colaborador, como santificador, e que assim é 
					verdadeiramente o próprio princípio da nossa vida interior, 
					sua causa eficiente e exemplar. 
					
					Na ORDEM da NATUREZA,
					Deus ESTÁ em nós como CRIADOR 
					e SOBERANO Senhor, e nós somos senão seus 
					SERVOS, PROPRIEDADE e COISA 
					sua. 
					
					Mas na ORDEM da GRAÇA, 
					dá-nos ELE como nosso PAI, e nós 
					somos seus FILHOS adotivos: privilégio 
					maravilhoso que é a base da nossa vida sobrenatural. 
					É o que repetem constantemente São Paulo e São 
					João: “Com efeito, não 
					recebestes um espírito de escravos, para recair no temor, 
					mas recebestes um espírito de filhos adotivos, pelo qual 
					clamamos: Abba! Pai! O próprio Espírito se une ao nosso 
					espírito para testemunhar que somos filhos de Deus”
					(Rm 8, 15-16). 
					
					Deus adota-nos por seus filhos, e dum modo 
					muito mais perfeito que os homens o fazem pela adoção legal. 
					Os homens podem, sem dúvida, transmitir muito bem a filhos 
					adotivos o nome e os bens, mas não o SANGUE e 
					a VIDA. 
					
					Deus tem, pois, para conosco a 
					DEDICAÇÃO e a TERNURA dum pai. Ele 
					mesmo se compara à mãe que jamais pode esquecer o seu 
					filhinho: 
					“Por acaso uma mulher se esquecerá da sua criancinha de 
					peito? Não se compadecerá ela do filho do seu ventre? Ainda 
					que as mulheres se esquecessem eu não me esquecerei de ti”
					(Is 49, 15). 
					
					Sem dúvida, Deus 
					mostrou essa TERNURA de sobra, pois que, para 
					salvar os seus filhos perdidos, não hesitou em dar e 
					sacrificar o seu Filho Unigênito: 
					“Pois Deus amou 
					tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo 
					o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
					(Jo 3, 16). É este mesmo amor que o 
					leva a dar-se todo, desde agora e de modo habitual, a seus 
					filhos adotivos, habitando em seus corações: 
					“Se alguém me 
					ama, guardará minha palavra e o meu Pai o amará e a ele 
					viremos e nele estabeleceremos morada”
					(Jo 14, 23). Habita, pois, em nós como
					PAI AMANTÍSSIMO e DEDICADÍSSIMO. 
					
					Mas dá-nos também a título de AMIGO. 
					A amizade acrescenta às relações de pai e de filho uma certa
					IGUALDADE, uma certa INTIMIDADE, 
					uma RECIPROCIDADE que implica as mais doces 
					comunicações. Ora, são precisamente relações deste gênero 
					que a graça estabelece entre Deus e nós. Deus vive em 
					nós como um AMIGO ÍNTIMO. 
					
					Mas Deus não fica em nós OCIOSO;
					opera em nossa alma como o mais poderoso dos 
					COLABORADORES. Como sabe perfeitamente que de nós 
					mesmos não podemos cultivar esta vida sobrenatural em nós 
					depositada, supre a nossa impotência, colaborando conosco 
					pela GRAÇA ATUAL (socorro momentâneo que 
					Deus nos dá para nos estimular e ajudar-nos a evitar o mal e 
					a fazer o bem). 
					
					Necessitamos de LUZ, para 
					perceber as verdades da fé, que doravante nos guiarão os 
					passos? É ELE o PAI das 
					LUZES, que nos virá iluminar a inteligência 
					acerca do nosso último fim e dos meios para o alcançar; é 
					ELE que nos sugerirá bons pensamentos 
					inspiradores de boas ações. Precisamos de FORÇA 
					para querer sinceramente orientar a vida para o nosso fim, 
					para o querer enérgico e constantemente? É ELE 
					que nos dará esse concurso sobrenatural que nos permite 
					formar e cumprir as nossas resoluções. Se se trata de 
					COMBATER ou DISCIPLINAR as nossas 
					PAIXÕES, de VENCER as 
					TENTAÇÕES que por vezes nos importunam, é ELE 
					ainda que nos dará FORÇA de lhes resistir e 
					tirar delas proveito para nos fortalecermos na virtude. 
					Quando, fatigados de praticar o bem, nos sentimos tentados 
					ao DESALENTO e aos DESFALECIMENTOS,
					ELE se aproximará de nós, para nos 
					SUSTENTAR e ASSEGURAR a 
					PERSEVERANÇA. 
					
					Jamais estaremos sós, ainda quando, privados 
					de consolação, nos julgarmos desamparados: a graça de Deus 
					estará sempre conosco, contanto que consintamos em trabalhar 
					com ela: “Mas pela graça de Deus 
					sou o que sou: e sua graça em mim dispensada não foi 
					estéril. Ao contrário, trabalhei mais do que todos eles; não 
					eu, mas a graça de Deus que está comigo” 
					(1 Cor 15, 10). Apoiados neste poderoso 
					COLABORADOR seremos INVENCÍVEIS, 
					pois que tudo podemos naquele que nos conforta: 
					“Tudo posso naquele que me 
					fortalece” (Fl 4, 13). 
					
					Este COLABORADOR é ao mesmo 
					tempo SANTIFICADOR: vindo habitar a nossa 
					alma, transforma-a num TEMPLO SANTO, ornado de 
					todas as virtudes. O Deus que vem a nós pela graça, não é o 
					Deus da natureza, senão o Deus VIVO, a 
					SANTÍSSIMA TRINDADE, fonte infinita de vida divina,
					que nada mais ardentemente deseja do que fazer-nos 
					participar da sua santidade. 
					
					A nossa alma torna-se, pois, TEMPLO 
					do DEUS VIVO,  recinto sagrado, reservado a 
					Deus, trono de misericórdia onde ELE se 
					compraz em distribuir os seus favores celestes, e que adorna 
					de todas as virtudes. 
					
					É evidente que a presença em nós do 
					DEUS TRÊS VEZES SANTO não pode deixar de ser 
					SANTIFICADORA, e que a ADORÁVEL TRINDADE, 
					vivendo operando em nós, é sem dúvida o PRINCÍPIO 
					da nossa santificação, a FONTE da nossa vida 
					interior. E é também a sua CAUSA EXEMPLAR, 
					pois que, filhos de Deus por adoção, devemos  imitar o nosso
					PAI. 
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