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					CIRCUM-INCESSÃO, RELAÇÕES E MISSÕES DAS 
					PESSOAS DIVINAS 
					  
					
					(Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) 
					  
					
					(resumo) 
					  
					
					1.º CIRCUM-INCESSÃO 
					  
					
					Onde está uma das pessoas divinas estão 
					as outras duas. 
					
					Quando concebemos uma ideia, esta fixa-se na 
					nossa inteligência; quando amamos alguém, esse amor reside 
					na nossa vontade. Onde se encontra, por conseguinte, a nossa 
					ideia ou amor, aí está a nossa alma, e vice-versa. De modo 
					semelhante, o VERBO, que procede da inteligência do 
					PAI, permanece no PAI, e o ESPÍRITO SANTO, que procede do 
					PAI e do FILHO, permanece no PAI e no FILHO; por 
					conseguinte, onde está uma pessoa divina, 
					estão as outras duas. A esta propriedade se chama 
					CIRCUM-INCESSÃO. 
					
					A doutrina da TRADIÇÃO sobre 
					este ponto exprime-a assim o Concílio de Florença: 
					“Por causa desta unidade (de 
					natureza), o Pai está todo no Filho e todo no Espírito 
					Santo. O Filho todo no Pai e todo no Espírito Santo. O 
					Espírito Santo, todo no Pai e todo no Filho”. 
					
					Por este motivo da CIRCUM-INCESSÃO, 
					declarava Jesus Cristo aos Apóstolos na Última Ceia: 
					“Eu estou no Pai e o Pai está em 
					mim” (Jo 14, 10), e: 
					“Quem me viu, viu o Pai”
					(Jo 14, 9). 
					  
					
					2.º RELAÇÕES 
					  
					
					1. As relações distinguem as pessoas 
					divinas entre si. 
					
					PAI 
					e FILHO, ESPÍRITO 
					ESPIRADO e ESPIRADOR são termos 
					correlativos; indicam uma RELAÇÃO de origem. O
					FILHO procede do PAI; o 
					PAI é, portanto, a origem do FILHO. O
					ESPÍRITO SANTO ESPIRADO procede de quem o 
					espira; o ESPIRADOR dá origem ao 
					ESPIRADO. Existe, pois, no PAI, a 
					PATERNIDADE; no FILHO a 
					FILIAÇÃO; no PAI e no FILHO, 
					a ESPIRAÇÃO ATIVA; no ESPÍRITO SANTO, 
					o ser ESPIRADO ou a ESPIRAÇÃO PASSIVA. 
					São estas as RELAÇÕES que distinguem as 
					PESSOAS DIVINAS. Se a pessoa é 
					GERADA, temos o FILHO; se é 
					ESPIRADA, o ESPÍRITO SANTO; se é 
					GERADORA, o PAI. 
					
					2. Tudo o que não constituem relação de 
					origem é comum às três pessoas. 
					
					A essência, o poder, a santidade, tudo quanto 
					se inclui no ser de Deus, é idêntico e de igual perfeição 
					nas três pessoas divinas: 
					“As três pessoas são um só Deus, e não três 
					deuses, porque é só uma a substância das três, a essência, a 
					natureza, a divindade, a imensidade e a eternidade; e é um 
					tudo o que não envolve oposição de relação” 
					(Concílio de Florença, Decreto para os Jacobitas. D. 
					703). 
					  
					
					3.º AS MISSÕES DAS PESSOAS DIVINAS 
					  
					
					1. Quais as pessoas divinas enviadas. 
					
					“Quem não honra o 
					Filho não honra o Pai que o enviou”
					(Jo 5, 23), e: 
					“O Espírito Santo consolador que o 
					Pai enviará em meu nome vos ensinará todas as coisas”
					(Jo 14, 26), e também: 
					“Se eu não for o Consolador não virá 
					a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei” (Jo 
					16, 7). 
					
					Deduz-se do primeiro texto, que o PAI 
					ENVIA o FILHO; do segundo e terceiro, 
					que o PAI e o FILHO ENVIAM o 
					ESPÍRITO SANTO, assim como o FILHO PROCEDE 
					do PAI, e o ESPÍRITO SANTO PROCEDE 
					do PAI e do FILHO. 
					
					Nunca se diz na Sagrada Escritura 
					que o PAI seja ENVIADO, ou que o
					ESPÍRITO SANTO ENVIE o FILHO. Na 
					ação de uma pessoa ENVIAR a outra, emprega-se 
					a mesma linguagem usada nas PROCESSÕES. Por 
					conseguinte, SER ENVIADO e PROCEDER 
					são termos intimamente relacionados. DEUS PAI ENVIA 
					o FILHO, porque este procede d’Ele; o 
					PAI e o FILHO ENVIAM o ESPÍRITO 
					SANTO, porque PROCEDE de AMBOS. 
					
					Não é, contudo, a mesma coisa SER 
					ENVIADO e PROCEDER. O VERBO 
					eterno PROCEDE necessariamente do PAI 
					e do FILHO; mas, tanto o VERBO 
					como o ESPÍRITO SANTO poderiam não ter sido 
					enviados ao mundo, se Deus assim o dispusesse, ou se o mundo 
					não existisse. PROCEDER é uma realidade 
					interna; SER ENVIADO constitui uma 
					manifestação externa. 
					
					2. A quem e como são enviadas as 
					pessoas divinas. 
					
					Encontrando-se as PESSOAS DIVINAS 
					em toda a parte, não podem ser ENVIADAS de um 
					lugar a outro. Por conseguinte, são ENVIADAS 
					somente enquanto recebem a missão de realizar algum efeito 
					num lugar determinado. O FILHO FOI ENVIADO 
					pelo PAI aos homens, assumindo a natureza 
					humana: EM MISSÃO VISÍVEL, portanto. As 
					três pessoas realizaram a Encarnação, mas só uma encarnou ou 
					assumiu a natureza humana 
					(Jesus Cristo viveu no seio de Maria e dela nasceu. Estando 
					necessariamente o Pai e o Espírito Santo onde se encontra 
					Jesus, estiveram, pois, igualmente no seio da Virgem 
					Santíssima. Contudo, Maria só é Mãe do Verbo, e não do Pai 
					ou do Espírito Santo, porque só o Verbo se fez homem nas 
					suas entranhas. Encontramo-nos na presença de um mistério 
					tão incompreensível como o da Santíssima Trindade, e que é 
					objeto da nossa fé, porque faz parte da doutrina revelada, 
					ensinada pela Igreja Católica Apostólica Romana). 
					
					O ESPÍRITO SANTO É ENVIADO aos 
					homens INVISIVELMENTE para santificá-los. Em 
					cada homem justo está, não só o ESPÍRITO SANTO, 
					mas toda a SANTÍSSIMA TRINDADE. Contudo, 
					diz-se que a santificação é obra do ESPÍRITO SANTO, 
					porque a santidade é própria da vontade, e como o 
					ESPÍRITO SANTO procede da vontade, a Ele se 
					ATRIBUI a santificação dos homens ainda que esta, na 
					realidade, se deva às TRÊS PESSOAS DIVINAS. 
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