Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Segunda palestra

 

 

A figueira estéril e seca

(Mt 21, 18-22)

 

(Resumo)

 

Em Mt 21, 18 diz: “De manhã, ao voltar para a cidade, teve fome”.

 

Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Nosso Senhor sentia fome, sede, cansaço, sono, dor e outros: “A natureza que Ele recebeu de Maria era uma natureza humana, e o corpo do Senhor era uma corpo verdadeiro... um corpo idêntico ao nosso” (Santo Atanásio), e: “Deus veio ao mundo num corpo humano” (São Pedro Crisólogo), e também: “E é bom levar em conta que Jesus não aparentava simplesmente comer, beber, dormir e sofrer. Quando comia, era porque realmente tinha fome; quando dormia, era porque realmente estava fatigado; quando sofria, sentia realmente dor” (Pe. Leo J. Trese).

 

Em Mt 21, 19 diz: “E vendo uma figueira à beira do caminho, foi até ela, mas nada encontrou, senão folhas. E disse à figueira: ‘Nunca mais produzas fruto!’ E a figueira secou no mesmo instante”.

 

Nosso Senhor viu uma figueira à beira do caminho e se aproximou dela para colher figos, mas encontrou somente folhas. Ele ficou feliz? Não! Fez vistas grossas? Também não! Ficou indiferente? Não! “Perdoou” a figueira? Também não! Em Mc 11, 13 diz “que não era tempo de figos”. E disse à figueira: “Nunca mais produzas fruto!” E a figueira secou no mesmo instante.

Jesus sabia bem que não era tempo de figos e que a figueira não tinha frutos, mas quis ensinar aos seus discípulos, por um episódio que nunca esqueceriam, como Deus viera ao povo judeu com fome de encontrar frutos de santidade e de boas obras, mas não achara senão práticas exteriores sem vida, folhagem sem valor. Os Apóstolos aprenderam ainda naquela ocasião que qualquer tempo deve ser bom para dar frutos.

Infeliz do católico que só possui “folhas”, isto é, aparência. Deus exige que o católico seja uma “figueira” viva, cheia de bons frutos... frutos de santidade, das boas obras, que seja um católico praticante.

É muito perigoso o católico ficar à espera de circunstâncias especiais para se santificar, dizendo: Quando eu tiver muito dinheiro, então vou trabalhar para Deus; quando eu tiver muita saúde, vou ser missionário; quando eu me aposentar, vou dedicar mais para o apostolado; quando ficar viúvo ou viúva, terei mais tempo. Não podemos pensar assim, porque Deus aproxima-se de nós em busca de boas obras, tanto na doença como no trabalho normal, tanto em situações em que se acumulam muitos afazeres como quando tudo está tranquilo, tanto nos momentos de cansaço como em dias de férias, no fracasso ou na ruína econômica... Devemos encontrar a Deus em todas as circunstâncias, porque Ele nos dá as graças convenientes em qualquer circunstância. São Beda escreve: “Deves tu também guardar-te de ser árvore estéril, para poderes oferecer a Jesus, que se fez pobre, o fruto de que necessita”. Jesus Cristo pede para cada católico frutos de santidade e apostolado  agora, neste exato momento, neste dia.

Jesus Cristo amaldiçoou a figueira porque encontrou nela somente folhas, aparência de fecundidade. A Igreja Católica está cheia de católicos de aparência... de figueiras somente com folhas, mas sem frutos. A vida interior do católico, se for verdadeira, faz-se acompanhar de frutos... de obras externas que beneficiam os outros. De Deus não se zomba (Gl 6,7). Deus não espera sempre: “Deus espera com paciência, mas não espera sempre. Pois, se o Senhor sempre nos tolerasse, ninguém se condenaria” (Santo Afonso Maria de Ligório).

Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “O Senhor amaldiçoou aquela figueira que achou sem frutos, posto que não fosse estação própria. Com este fato quis Jesus Cristo dar-nos a entender que o homem, em todo tempo, sem excetuar a mocidade, deve produzir frutos de boas obras, senão será amaldiçoado e nunca mais dará frutos no futuro. Nunca coma alguém fruto de ti. Assim falou o Redentor àquela árvore, e do mesmo modo amaldiçoa a quem ele chama e lhe resiste”.

 

Em Mt 21, 20-22 diz: “Os discípulos, vendo isso, diziam, espantados: ‘Como assim, a figueira secou de repente?’ Jesus respondeu: ‘Em verdade vos digo: se tiverdes fé, sem duvidar, fareis não só o que fiz com a figueira, mas até mesmo se disserdes a esta montanha: ‘Ergue-te e lança-te ao mar’, isso acontecerá. E tudo o que pedirdes com fé, em oração, vós o recebereis”.

 

A maldição da figueira é uma parábola em ação: Jesus Cristo realiza um gesto chamativo para que entre pelos olhos dos Apóstolos uma verdade: o poder da fé. Os Apóstolos não se maravilham de que Jesus tenha amaldiçoado a figueira, mas de que tenha secado imediatamente.

É um exemplo da onipotência divina, que é preciso estender a todos os tempos e a todos os casos. Jesus explica as maravilhas da fé. Quem tem fé tudo pode: fará coisas mais difíceis ainda, como o mudar de lugar uma montanha. E o Salvador faz uma aplicação concreta desse espírito de fé: a oração tudo alcança. Além de manifestar o poder da oração a Deus, Jesus dá-nos uma lição sobre a fecundidade autêntica e a aparente na vida espiritual.

São Pio X escreve: “A fé é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual nós, apoiados na autoridade do mesmo Deus, acreditamos que é verdade tudo o que Ele revelou e por meio da Santa Igreja nos propõe para crer”.

São Josemaría Escrivá escreve: “Aproveita o tempo. Não te esqueças da figueira amaldiçoada. Já fazia alguma coisa: dar folhas igual a você”.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

 

 

Palestras

1ª Palestra

2ª Palestra

 

 

 

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