Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Primeira palestra

 

 

A FÉ

(Resumo)

 

(Pe. Divino Antônio Lopes FP.)

 

1.º PONTO

Que é a fé?

 

A é uma VIRTUDE SOBRENATURAL pela qual acreditamos firmemente, por autoridade da Palavra de Deus, em todas as verdades que Ele nos revelou ou que a Igreja nos ensina por parte d’Ele.

A fé é chamada VIRTUDE por ser, com efeito, uma inclinação, um hábito da alma, que leva ao bem; SOBRENATURAL porque não se pode adquirir nem praticar com as únicas forças humanas, senão que é formada em nós pela graça e tende para um bem não terrestre e natural, e sim, espiritual e eterno.

Esta disposição, - como a da Esperança e da caridade, - se nos comunica no batismo. Pela , cremos firmemente, isto é, sem dúvida alguma, em todas as verdades reveladas por Deus e ensinadas pela Igreja, e se a cremos, é pela autoridade da Palavra de Deus, isto é, nós nos firmamos na verdade de Deus que não pode iludir-se nem enganar-nos. O testemunho que dá o homem pode falhar; o de Deus, porém, é infalível, e nisto funda-se a certidão absoluta da fé dos cristãos.

A é uma VIRTUDE TEOLOGAL que inclina a nossa inteligência, sob o influxo da vontade e da graça, a dar firme assentimento às verdades reveladas (Sagrada Escritura e Tradição), por causa da autoridade de Deus.

Chama-se TEOLOGAL porque têm a Deus por objeto imediato e principal e nos é infundida por Ele.

A tem a Deus por objeto imediato porque pela nós cremos em Deus e cremos em tudo o que Ele revelou.

 

2.º PONTO

Deveres para com a fé

 

São sete:

a. Todo ser humano tem obrigação de estudar o “problema” de Deus: Ele existe ou não existe? Pode ser reconhecido pelos homens ou não? Se Deus existe, está claro que toda a existência do homem deve convergir (dirigir) para Ele... se não existe, a vida humana tem outro significado. Assim como ninguém deve viajar sem bússola sob pena de ser perder, ninguém deve viver sem opinião formada, mas com sinceridade e lucidez a respeito de Deus.

b. Ao fiel católico toca o dever de procurar conhecer melhor as verdades de sua fé. A boa formação doutrinária é, para todos, elemento de grande importância, pois favorece a vida de oração e a união com Deus. É doloroso verificar que muitos fiéis católicos têm cultura profana ou profissional de alto valor, mas não ultrapassam o nível de cultura religiosa da sua primeira Comunhão. Aos pais compete instruir os filhos na fé desde os primeiros anos; quem só começa aos três anos, já começa tarde.

c. Fazer atos explícitos ou implícitos de fé. É preciso exercitar a fé para que ela não se atrofie e morra. Todo bom cristão faz diariamente numerosos atos implícitos de fé, pois ele deve ter a intenção de viver todos os momentos do seu dia na presença de Deus e de fazer tudo por amor a Deus. A oração é o melhor e mais rico exercício da fé.

d. Transmitir as verdades da fé. Quem ama e valoriza a fé, concebe espontaneamente o desejo de que outros se beneficiem da mesma. Daí a ação evangelizadora e missionária da Igreja e, por conseguinte, de todo fiel católico.

e. Confessar a fé. O dever de confessar a fé incumbe a todo fiel católico desde que a honra de Deus e o bem do próximo o exijam. Nunca será lícito renegar a fé, mesmo que isto custe ao cristão o sacrifício de sua própria vida.

f. Proteger a fé. O dever de proteger a fé impõe-se especialmente em tempos turbulentos. A fé em nossos dias sofre múltiplas agressões por parte dos meios de comunicação social (filmes, jornais, revistas...). É para desejar que os católicos não assistam passivamente a tais investidas, mas manifestem seu desagrado às pessoas responsáveis. Os católicos não devem colaborar com órgãos da imprensa e com instituições que disseminam doutrinas contrárias à fé católica.

g. Fidelidade ao Magistério da Igreja. Deus não nos fala por canais particulares ou secretos, mas pela Igreja que Ele fundou e à qual Ele assiste para que transmita integralmente as verdades da fé. O Magistério vivo da Igreja é o ofício de interpretar, autenticamente, a Palavra de Deus escrita (Sagrada Escritura) ou transmitida (Sagrada Tradição), exercido em nome de Jesus Cristo, pelo Papa e pelos Bispos em união com ele.

 

3.º PONTO

Será a fé necessária à salvação?

 

A fé é absolutamente necessária para a salvação eterna. O Espírito Santo afirma: “Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11, 6), e: “Ao Deus que se revela deve-se a obediência da fé” (Rm 16, 26).

O hábito da fé, para todos os homens, e o ato de fé interno, para todos os adultos, são necessários, enquanto necessidade de meio, para a salvação.

Estamos, portanto, obrigados a crer de um modo geral em tudo aquilo que Deus revelou. Além disso, é necessário crer explicitamente nas três verdades fundamentais da nossa fé:

- Unidade e Trindade de Deus.

- Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

- Providência de Deus em relação à remuneração dos bons e ao castigo dos maus.

Os fiéis católicos estão obrigados a conhecer e a crer firmemente nos quatro pontos da fé:

- Os artigos substanciais do símbolo apostólico.

- Os mandamentos do Decálogo e os preceitos da Igreja.

- O mandamento de orar e o Pai-Nosso.

- A doutrina elementar dos Sacramentos.

A ignorância destas verdades constitui culpa grave e aqueles que culpavelmente negligenciam instruir-se nelas não podem receber a absolvição.

Segundo ensina o Concílio de Trento, a fé é o fundamento e a raiz da justificação. Sem a fé  não se pode obter o perdão e chegar à glória eterna.

 

4.º PONTO

Principais pecados contra a fé

 

São quatro as faltas que se podem cometer contra a fé:

1.  A incredulidade.

Distinguem-se a incredulidade não culpada, a incredulidade por negligência e a incredulidade propriamente dita.

A incredulidade não culpada é a ausência de fé explícita numa pessoa que ainda não teve a oportunidade de optar pró ou contra a fé.

A incredulidade por negligência é a ausência de fé em alguém que negligenciou voluntariamente informar-se a respeito da religião, ou, se o procurou, não procurou tanto quanto devia. Tal atitude é culpada na proporção da negligência ocorrente.

A incredulidade propriamente dita é a recusa formal de crer; é a oposição consciente à fé reconhecida como adesão à Palavra de Deus. É pecado contra o Espírito Santo, pois é o não, dito diretamente a Deus.

2. Heresia e Apostasia.

Incide em heresia formal, ou heresia propriamente dita, o católico que nega uma ou mais verdades da fé, propostas pela Igreja como artigos da fé católica. Quando o católico recusa todas as verdades da fé, incorre em apostasia.

3. Indiferença religiosa.

Pode ser prática ou teórica.

A indiferença prática é o desinteresse pelas verdades da fé, pela salvação dos homens e pela dilatação do Reino de Deus. É atitude contrária à vitalidade da fé, mas não é o abandono da fé. Se leva a violar graves deveres da religião, constitui pecado grave.

A indiferença teórica consiste na afirmação de que todas as religiões são igualmente verídicas e salvíficas ou que a fé não tem valor fundamental para a Ética e a salvação eterna.

4. Dúvida.

A dúvida contra a fé só é pecado quando inspirada por desprezo ou má vontade. Equivale praticamente à incredulidade ou à heresia.

5. O respeito humano.

É uma covardia, e consiste em se envergonhar da fé, em não ousar parecer cristão por medo da crítica ou dos juízos do mundo.

 

 

 

 

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