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					DEUS 
					PROVA A FÉ DE ABRAÃO
					
					(Resumo) 
					  
					
					(Pe. Divino Antônio Lopes FP.) 
					  
					
					Gênesis 22, 1-19:
					“Depois desses acontecimentos, sucedeu que Deus pôs 
					Abraão à prova e lhe disse: ‘Abraão! Abraão!’ Ele respondeu: 
					‘Eis-me aqui!’ Deus disse: ‘Toma teu filho, teu único, que 
					amas, Isaac, e vai à terra de Moriá, e lá o oferecerás em 
					holocausto sobre uma montanha que eu te indicarei.’ Abraão 
					se levantou cedo, selou seu jumento e tomou consigo dois de 
					seus servos e seu filho Isaac. Ele rachou a lenha do 
					holocausto e se pôs a caminho para o lugar que Deus havia 
					indicado. No terceiro dia, Abraão, levantando os olhos, viu 
					de longe o lugar. Abraão disse a seus servos: ‘Permanecei 
					aqui com o jumento. Eu e o menino iremos até lá, adoraremos 
					e voltaremos a vós.’ Abraão tomou a lenha do holocausto e a 
					colocou sobre seu filho Isaac, tendo ele mesmo tomado nas 
					mãos o fogo e o cutelo, e foram-se os dois juntos. Isaac 
					dirigiu-se a seu pai Abraão e disse: ‘Meu pai!’ Ele 
					respondeu: ‘Sim, meu filho!’ — ‘Eis o fogo e a lenha,’ 
					retomou ele, ‘mas onde está o cordeiro para o holocausto?’ 
					Abraão respondeu: ‘É Deus quem proverá o cordeiro para o 
					holocausto, meu filho’, e foram-se os dois juntos. Quando 
					chegaram ao lugar que Deus lhe indicara, Abraão construiu o 
					altar, dispôs a lenha, depois amarrou seu filho e o colocou 
					sobre o altar, em cima da lenha. Abraão estendeu a mão e 
					apanhou o cutelo para imolar seu filho. Mas o anjo de Deus o 
					chamou do céu e disse: ‘Abraão! Abraão!’ Ele respondeu: 
					‘Eis-me aqui!’ O Anjo disse: ‘Não estendas a mão contra o 
					menino! Não lhe faças nenhum mal! Agora sei que temes a 
					Deus: tu não me recusaste teu filho, teu único.’ Abraão 
					ergueu os olhos e viu um cordeiro, preso pelos chifres num 
					arbusto; Abraão foi pegar o cordeiro e o ofereceu em 
					holocausto no lugar de seu filho. A este lugar Abraão deu o 
					nome de ‘Deus proverá’, de sorte que se diz hoje: ‘Sobre a 
					montanha, Deus proverá.’ O Anjo de Deus chamou uma segunda 
					vez a Abraão, do céu, dizendo: ‘Juro por mim mesmo, palavra 
					de Deus: porque me fizeste isso, porque não me recusaste teu 
					filho, teu único, eu te cumularei de bênçãos, eu te darei 
					uma posteridade tão numerosa quanto as estrelas do céu e 
					quanto a areia que está na praia do mar, e tua posteridade 
					conquistará a porta de seus inimigos. Por tua posteridade 
					serão abençoadas todas as nações da terra, porque tu me 
					obedeceste.’ Abraão voltou aos seus servos e juntos 
					puseram-se a caminho para Bersabéia. Abraão residiu em 
					Bersabéia”. 
					
					  
					
					Deus pôs Abraão à prova e lhe disse: 
					"Abraão! Abraão!" Ele respondeu: "Eis-me aqui!" 
					Deus disse: “Toma teu filho, teu único, que amas, Isaac, 
					e vai à terra de Moriá, e lá o oferecerá em holocausto sobre 
					uma montanha que eu te indicarei” (Gn 22, 2). 
					
					Abraão (hebr. 
					'abraham). Filho de Taré e antepassado dos israelitas. 
					Com muita probabilidade, o nome é uma variante dialetal do 
					nome original 'abram, que deve ser identificado com
					'abiram. 
					
					Isaac (hebr. 
					yiçhak, "ele ri", ao qual provavelmente, na origem foi 
					acrescentado um nome divino). Filho de Abraão e de Sara e 
					pai de Esaú e Jacó. 
					
					Moriá (hebr. 
					moriyyah, significado e etimologia incertos). Nome 
					geográfico; local do sacrifício de Isaac (Gn 22, 2). As 
					versões antigas não consideram Moriá como um nome próprio: 
					em sir., “terra dos amorreus”. 
					
					“Deus pôs Abraão à prova...” 
					(Gn 22, 1). 
					
					No livro de Judite diz: “Demos graças ao 
					Senhor nosso Deus, que nos submete a provações, como fez com 
					nossos pais. Lembrai-vos de tudo o que Deus fez a ABRAÃO, de 
					como provou Isaac, de tudo o que aconteceu a Jacó. Assim 
					como os provou pelo fogo, para lhes experimentar o coração, 
					assim também ele não se está vingando de nós. É antes para 
					advertência que o Senhor açoita os que dele se aproximam” 
					(Jt 8, 25-27). 
					
					Deus provou Abraão, pedindo que ele 
					oferecesse Isaac, SEU ÚNICO filho, em holocausto: 
					“Não é, pois, estranho, que a tradição judia atribuísse um 
					certo valor redentor à submissão de Isaac, e que os Santos 
					Padres viram aí prefigurada a Paixão de Cristo, o Filho 
					Único do Pai” (EUNSA), e: “A 
					ordem divina é cortante e, além disso, parece querer ferir o 
					patriarca no mais íntimo de seu coração ao recordar-lhe que 
					deve sacrificar a seu filho unigênito, a quem tanto ama. Era 
					o filho legítimo de sua verdadeira esposa, o único filho que 
					lhe restava depois da partida de Ismael, sem esperança 
					humana de ter outro, o filho que devia ser herdeiro de suas 
					promessas divinas. Não sabemos quais eram os pensamentos 
					íntimos do patriarca diante desta perspectiva; porém, sem 
					dúvida, que ele, que sabia que seu filho havia nascido em 
					condições excepcionais, pensaria que o onipotente Deus 
					dirigiria o modo de que as promessas se cumprissem” 
					(Pe. Alberto Colunga), e também: “Um 
					dia, para provar a fé e obediência de Abraão, Deus o chamou 
					e lhe disse: Abraão, toma Isaac, teu filho, e oferece-o a 
					mim em sacrifício sobre o monte que indicarei. Impossível 
					exprimir a dor de Abraão ao receber esse doloroso 
					imperativo. Pobre pai, deve matar, com as próprias mãos, o 
					filho a quem amava mais que a si mesmo” (Pe. Ângelo 
					Gattesco), e ainda: “Com esta ordem 
					incomum, Deus não queria propriamente de Abraão a morte de 
					seu filho Isaac (v. 12), mas a prontidão da vontade para 
					tamanho sacrifício. Ele pretendia: 1.° Provar a fé
					de Abraão, dando-lhe uma ordem aparentemente contrária à 
					promessa que lhe fizera de numerosa posteridade por meio de 
					Isaac (21, 22; cf. Hb 11, 17-20); 2.° Provar a sua 
					obediência e amor a Deus, se estivesse pronto a 
					sacrificar o que de mais caro possuía no mundo; 3.° 
					Condenar, com a contra-ordem imprevista do v. 12, os 
					sacrifícios humanos, muito em voga entre os cananeus” 
					(PIB), e também: “Perante esta ordem 
					desconcertante, Abraão ficou estarrecido. Contudo, não teve 
					qualquer intenção de se queixar ou desobedecer. Deus falara: 
					ele apenas devia obedecer e esperar contra toda a esperança” 
					(Pe. Augustin Berthe). 
					
					Deus é o Senhor absoluto da vida e da morte; 
					pode, pois prescrever a morte de justos e injustos; donde 
					segue que, obedecendo, Abraão não seria homicida, antes 
					seria merecedor de prêmio. 
					
					O Pe. João Colombo escreve: “Abraão 
					obedeceu a Deus ainda mesmo quando a ordem lhe repugnava à 
					natureza”. 
					
					Assim como Abraão foi provado por Deus, você 
					também poderá ser provado pelo Senhor. Quando isso 
					acontecer, imite o exemplo de Abraão: não resista,
					nem se impaciente nem desconfie de Nosso Senhor; 
					mas aceite tudo com fé: “Nós devemos crer em Deus ainda 
					mesmo quando as suas revelações são incompreensíveis à nossa 
					razão, e teremos disso um grande prêmio” (Pe. João 
					Colombo). 
					
					É muito fácil oferecer ao Senhor o que sobra 
					e o que não gostamos. Mostramos-Lhe o nosso amor oferecendo 
					aquilo que mais Lhe agrada e o que mais custa-nos: “O 
					Senhor ama os corações fortes e generosos” 
					(Bem-aventurada Elisabete da Trindade). 
					
					Nosso Senhor não pedirá que você TIRE 
					a VIDA do seu filho, do seu 
					pai, da sua mãe, dos seus irmãos... mas 
					sim, pedirá que você “ASSASSINE”  a sua 
					vontade própria, as desobediências, as 
					impurezas, as rebeldias, a ociosidade, 
					a inveja, a maledicência, a tibieza... 
					Quando o Senhor te colocar à prova, atenda-O prontamente. 
					
					Lembre-se de que Isaac era filho único de 
					Abraão, e seu pai o amava muito; mesmo assim, aceitou, por 
					obediência, oferecê-lo em holocausto. 
					
					O Senhor pedirá que você ELIMINE de 
					sua vida, NÃO ALGO PRECIOSO, mas sim, tudo aquilo que
					ATRAPALHA a sua UNIÃO com Ele. Seja dócil ao 
					Senhor e Ele lhe fará feliz: “... é preciso livrar-se do 
					gosto de todas as coisas criadas, pois a criatura atormenta 
					e o espírito de Deus gera alegria” (São João da Cruz, 
					Subida do Monte Carmelo, Capítulo VII, 4). 
					
					Em Gn 22, 3-5 diz: “Abraão se levantou 
					cedo, selou seu jumento e tomou consigo dois de seus servos 
					e seu filho Isaac. Ele rachou a lenha do holocausto e se pôs 
					a caminho para o lugar que Deus havia indicado. No terceiro 
					dia, Abraão, levantando os olhos, viu de longe o lugar. 
					Abraão disse a seus servos: ‘Permanecei aqui com o jumento. 
					Eu e o menino iremos até lá, adoraremos e voltaremos a vós”. 
					
					Abraão abaixou a cabeça e não disse uma 
					palavra áspera. 
					
					Por que você resmunga e se revolta quando o 
					Senhor lhe pede algo que te custa? Com certeza faltam fé e 
					generosidade em seu coração. 
					
					“Abraão se levantou cedo”. 
					Ele não ficou adiando o sacrifício que Deus lhe havia 
					pedido, mas se levantou cedo. 
					
					Ofereçamos também ao Senhor tudo aquilo que 
					Ele nos pede, sem jamais ficar adiando, principalmente 
					quando Ele nos pede algum sacrifício que custa-nos. 
					
					A fé, a obediência, a 
					docilidade e a generosidade de Abraão são totais:
					LEVANTOU cedo, SELOU o jumento e RACHOU 
					a lenha; não devia faltar nada para o holocausto. 
					
					Muitos oferecem algo a Deus, "torcendo" 
					para que surja algum imprevisto. Quanta falta de 
					generosidade! 
					
					O Pe. Alberto Colunga escreve: “Com a 
					maior naturalidade, o pai aceita a ordem divina, e se dispõe 
					a oferecer o seu filho em ‘sacrifício’ de holocausto, que 
					era o mais perfeito e aceitável à divindade, pois nele se 
					queima toda a vítima. Era por ele a expressão mais completa 
					do abandono do dom oferecido à divindade, excluindo todo 
					próprio proveito, como sucederá nos sacrifícios ‘pacíficos’”. 
					
					Em Gn 22, 6-8 diz: “Abraão tomou a lenha 
					do holocausto e a colocou sobre seu filho Isaac, tendo ele 
					mesmo tomado nas mãos o fogo e o cutelo, e foram-se os dois 
					juntos. Isaac dirigiu-se a seu pai Abraão e disse: ‘Meu 
					pai!’ Ele respondeu: ‘Sim, meu filho!’ – ‘Eis o fogo e a 
					lenha’, retornou ele, ‘mas onde está o cordeiro para o 
					holocausto?’ Abraão respondeu: ‘É Deus quem proverá o 
					cordeiro para o holocausto, meu filho’, e foram-se os dois 
					juntos”. 
					
					Não existe nesse trecho nenhuma palavra 
					áspera ou de desespero proferida por Abraão ou Isaac, nem 
					mesmo quando o pai colocou a lenha sobre o filho; mas sim, 
					muita união entre pai e filho: “... foram-se os dois 
					juntos... Meu pai... Sim, meu filho... meu filho... foram-se 
					os dois juntos”. 
					
					Que as crianças, adolescentes e jovens 
					aprendam de Isaac a ajudarem, com generosidade e 
					amor, o pai a carregar a "lenha", isto é, as 
					dificuldades que surgirem na família. 
					
					São muitos os que obedecem a Deus com o 
					coração fechado, rosto carrancudo e palavras ásperas. Jamais 
					devemos agir dessa forma, “pois 
					Deus ama a quem dá com alegria” (2 
					Cor 9, 7). A ninguém - muito menos a Deus nosso Senhor - 
					pode ser grata uma esmola ou um serviço feitos de má vontade 
					e com tristeza: “Se dás o pão 
					entristecendo-te, perdes o pão e a recompensa” 
					(Santo Agostinho, Enarrationes in Psalmos, 
					42, 8), e: “Pelo contrário, o Senhor entusiasma-se diante 
					da entrega alegre de quem dá e se dá por amor, com 
					espontaneidade, e não como quem realiza um favor custoso” 
					(São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n.° 140). 
					
					Orígenes escreve: “Abraão tomou a lenha do 
					sacrifício e colocou-a sobre os ombros de seu filho Isaac. 
					Tomou na mão o fogo e o cutelo, e foram juntos. Ora, Isaac, 
					carregando a lenha para o próprio holocausto, é uma figura 
					de Cristo carregando sua cruz. No entanto levar a lenha para 
					o holocausto é ofício de sacerdote. Torna-se então ele mesmo 
					a vítima e o sacerdote. O que se segue: e foram ambos 
					juntos refere-se a essa realidade, porque Abraão, como 
					sacrificador, leva o fogo e o cutelo; mas Isaac não vai 
					atrás e sim a seu lado, para que se veja que, juntamente com 
					ele, exerce igual sacerdócio. E depois? Disse Isaac a seu 
					pai Abraão: Pai! Neste momento, uma palavra assim parece 
					uma tentação. Como terá abalado o coração paterno esta 
					palavra do filho que ia ser imolado! Mesmo endurecido pela 
					fé, Abraão responde com voz branda: Que queres, filho? E 
					ele: Vejo o fogo e a lenha, mas onde está a ovelha para o 
					holocausto? Abraão respondeu: Deus providenciará uma ovelha 
					para o holocausto, meu filho. Impressiona-me a resposta 
					cuidadosa e prudente de Abraão. Não sei o que via em 
					espírito, pois responde olhando para o futuro e não para o 
					presente: Deus mesmo providenciará uma ovelha. Assim fala do 
					futuro ao filho que indaga pelo presente. O Senhor 
					providenciava para si um cordeiro em Cristo” (Das 
					Homilias sobre o Gênesis), e: “Isaac, levando às costas a 
					lenha para o sacrifício do qual devia ser vítima, é uma 
					figura de Cristo que leva a cruz ao Calvário” (PIB), e 
					também: “Isaac prefigura à vítima dominical, quando se 
					oferece para ser imolada por seu pai, mostrando-se paciente” 
					(São Cipriano, De bono patientiae X), e ainda: 
					“Com a maior naturalidade, e sem explicação 
					sobre o estado de ânimo do patriarca, o elohista nos 
					diz que o patriarca se pôs a caminho, levantando-se de 
					manhã, o que supõe que a ordem divina foi recebida em 
					sonhos durante a noite, segundo o costume no estilo 
					narrativo deste documento. O patriarca, pois, se pôs a 
					caminho, preparou a lenha, selou o jumento e, acompanhado de 
					dois servos e de seu filho, que será a vítima, se dirigiu 
					para o lugar indicado por Deus. Ali chegou ao terceiro 
					dia... Chegados ao pé do monte, o pai colocou a lenha sobre 
					os ombros do filho e começou a subir o monte, levando ele o 
					fogo e o cutelo. Caminhavam juntos pai e filho, este 
					tranquilo, e o pai com o coração oprimido pela dor. Num 
					momento, o filho quebra o silêncio, perguntando pela vítima 
					do sacrifício que vão oferecer, e o pai responde: Deus 
					proverá. Por delicadeza, o patriarca havia deixado longe 
					os seus dois servos, para que não fossem testemunhas de tão 
					terrível cena” (Pe. Alberto 
					Colunga). 
					
					Em Gn 22, 9-14 diz: “Quando chegaram ao 
					lugar que Deus lhes indicara, Abraão construiu o altar, 
					dispôs a lenha, depois amarrou seu filho e o colocou sobre o 
					altar, em cima da lenha. Abraão estendeu a mão e apanhou o 
					cutelo para imolar seu filho. Mas o anjo de Deus o chamou do 
					céu e disse: 'Abraão! Abraão! Ele respondeu: ‘Eis-me aqui!’ 
					O Anjo disse: ‘Não estendas a mão contra o menino! Não lhe 
					faças nenhum mal! Agora sei que temes a Deus: tu não me 
					recusaste teu filho, teu único’. Abraão ergueu os olhos e 
					viu um cordeiro, preso pelos chifres num arbusto; Abraão foi 
					pegar o cordeiro e o ofereceu em holocausto no lugar de seu 
					filho. A este lugar Abraão deu o nome de ‘Deus proverá’, de 
					sorte que se diz hoje: ‘Sobre a montanha, Deus prover’”. 
					
					Abraão permaneceu tranquilo e dócil depois 
					que o Anjo do Senhor lhe disse: “Não estendas a mão 
					contra o menino! Não lhe faças nenhum mal! Agora sei que 
					temes a Deus”. Nenhuma atitude rebelde ou palavra 
					grosseira saiu de sua boca. 
					
					Muitos são aqueles que blasfemam e se 
					revoltam contra Deus depois de uma provação. Esses não 
					"entesouram" para a eternidade. 
					
					Orígenes escreve: “Abraão estendeu a 
					mão para pegar a faca e imolar o filho. O anjo do Senhor 
					chamou-o do céu, dizendo: Abraão, Abraão. Respondeu ele: 
					Eis-me aqui. Tornou o anjo: Não toques no menino nem lhe 
					faças nenhum mal. Agora sei que temes a Deus. 
					Comparemos estas palavras com as do Apóstolo a respeito de 
					Deus: Ele não poupou seu Filho, mas entregou-o por todos 
					nós. Vede Deus rivalizando com os homens em magnífica 
					generosidade. Abraão, mortal, ofereceu a Deus o filho 
					mortal, que não morreria então. Deus entregou à morte por 
					todos o Filho imortal. Olhando Abraão para trás, viu um 
					carneiro preso pelos chifres entre os espinhos. Dissemos 
					acima, creio, que Isaac figurava Cristo e, no entanto, 
					também o carneiro parece figurar Cristo. É muito importante 
					ver como ambos se relacionam a Cristo: Isaac que não foi 
					morto e o carneiro que o foi. Cristo é o Verbo de Deus, mas 
					o Verbo se fez carne. Padece, portanto, Cristo, mas, 
					na carne; morre enquanto homem do qual o carneiro é figura; 
					já dizia João: Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados 
					do mundo. O Verbo, porém, permanece incorrupto, isto é, 
					Cristo segundo o espírito; a imagem deste é Isaac. Por isto 
					ele é vítima e também pontífice segundo o espírito. Pois 
					aquele que oferece a vítima ao Pai, segundo a carne, este 
					mesmo é oferecido no altar da cruz” (Das Homilias sobre 
					o Gênesis). 
					
					Também naquele carneiro viram alguns Padres 
					da Igreja uma representação antecipada de Jesus Cristo, 
					enquanto que, como Cristo, aquele cordeiro foi imolado para 
					salvar o homem. Neste sentido escreve Santo Ambrósio: “A 
					quem representa o carneiro, senão àquele de quem está 
					escrito: ‘Exaltou o vigor de seu povo?’ (Sl, 148, 14) (...) 
					Cristo: Ele é a quem viu Abraão naquele sacrifício, e sua 
					paixão o que contemplou. Assim, pois, o mesmo Senhor disse 
					dele: ‘Abraão quis ver meu dia, o viu e se alegrou’ (cfr. Jo 
					8, 56). Por isso disse a Escritura: ‘Abraão chamou aquele 
					lugar, o Senhor proverá’, para que hoje possa dizer: o 
					Senhor apareceu no monte, é dizer, que se apareceu a Abraão 
					revelando sua futura paixão em seu corpo, pela que redimiu o 
					mundo; e mostrando, ao mesmo tempo, o gênero de sua paixão 
					quando lhe disse ver o cordeiro preso pelos chifres. Aquela 
					sarça significa o patíbulo da cruz” (De Abraham 1, 8, 
					77-78). 
					
					Em Gn 22, 15-19 diz: “O Anjo de Deus 
					chamou uma segunda vez a Abraão, do céu, dizendo: ‘Juro por 
					mim mesmo, palavra de Deus: porque me fizeste isso, porque 
					não me recusaste teu filho, teu único, eu te cumularei de 
					bênçãos, eu te darei uma posteridade tão numerosa quanto as 
					estrelas do céu e quanto a areia que está na praia do mar, e 
					tua posteridade conquistará a porta de seus inimigos. Por 
					tua posteridade serão abençoadas todas as nações da terra, 
					porque tu me obedeceste’. Abraão voltou aos seus servos e 
					juntos puseram-se a caminho para Bersabéia. Abraão residiu 
					em Bersabéia”. 
					
					Feliz do católico que permanece fiel,
					obediente e generoso a Deus durante as 
					provações. Nosso Senhor prova, mas depois CUMULA de 
					bênçãos quem perseverou durante a provação: “Deus não 
					manda nenhum sofrimento sem pagá-lo imediatamente com algum 
					favor” (Santa Teresa de Jesus, XXXVI, Obras, II, Burgos 
					1915; Camino de perfeicción, c. 18, Obras, III; Libro de la 
					vida, c. 11, Obras, I, 77). 
					
					Não desanimemos com a escuridão das 
					"trovoadas" das provações, porque depois o sol brilhará 
					mais forte: “Saibam todos que 
					depois da tribulação se seguirá a graça” 
					(Dos Escritos de Santa Rosa de Lima, Virgem). 
					
					O Pe. Alberto Colunga escreve: “Quanto 
					agradou a Deus esta obediência do pai e do filho, nos mostra 
					a solenidade com que confirmou suas anteriores promessas 
					messiânicas: ‘Juro por mim mesmo, palavra de Deus: porque me 
					fizeste isso, porque não me recusaste teu filho, teu único, 
					eu te cumularei de bênçãos, eu te darei uma posteridade tão 
					numerosa quanto as estrelas do céu e quanto a areia que está 
					na praia do mar...’ É a primeira vez que na Bíblia se 
					menciona um juramento divino (‘O anjo de Deus’ é 
					provavelmente acréscimo de um redator preocupado de salvar a 
					transcendência divina). Em Hb 6, 13 diz que Deus, não 
					encontrando nada superior a Ele, jurou por si mesmo (sobre 
					esta fórmula de juramento: Ex 32, 13; Is 45, 23; Jr 22, 5; 
					Am 6, 8; 4, 2; Jr 44, 26). A numerosa posteridade de Abraão 
					conquistará a porta de seus inimigos. Submeterá seus 
					inimigos, cuja força de resistência está nas portas de suas 
					cidades muradas (cf. Gn 24, 60). ‘Por tua posteridade serão 
					abençoadas todas as nações da terra, porque tu me 
					obedeceste’; é dizer, todos os povos se considerarão 
					abençoados por influência do grande antepassado Abraão”, 
					e: “Juro-te por mim mesmo: o anjo fala em nome de 
					Deus, e Deus, ‘não podendo jurar por alguém maior do que Ele 
					mesmo, jura por si próprio’ (Hb 6, 13). - por não te 
					recusares, etc.: por teres estado disposto a 
					sacrificar-me. Possuir as portas de uma cidade 
					inimiga equivale a dizer: vencer, triunfar 
					sobre alguém. Julgar-se-ão felizes em participar dos bens 
					comunicados (a fé e a graça) ou prometidos (o prêmio eterno) 
					aos teus pósteros, os hebreus. Destarte a bênção dada a 
					Abraão descerá, propagando-se a todos que lhe imitarem a fé 
					e a virtude” (PIB). 
					
					Cumprida a sua missão: “Abraão voltou aos 
					seus servos e juntos puseram-se a caminho para Bersabéia. 
					Abraão residiu em Bersabéia”. 
					
					
					Bersabéia: 
					(hebr. be 'er sheda '). 
					Cidade do 
					Negueb. Literalmente, o nome significa “poço de sete”, 
					talvez derivando-se do grande número de fontes que se 
					encontram na região. 
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