SANTA MISSA
NO RITO ROMANO TRADICIONAL
(Pe. Franz Hörl)
DA DESACRALIZAÇÃO DA LITURGIA À PERDA DE
SANTIDADE
O nosso divino Salvador falou-nos do Reino de
Deus que é necessário conquistar com todas as forças do
entendimento, da vontade e do coração. Dá-se tudo pela
“Pérola preciosa”, pelo “Tesouro escondido”.
A Fé, recebida pela Igreja no santo Batismo,
abre a porta para uma vida nova, no Espírito Santo: Cristo
em nos, e nós nEle. Esta existência sobrenatural encontra a
sua expressão e a sua força vital na Liturgia sagrada, pois
a Liturgia é o lugar privilegiado do encontro do homem com
Deus. Portanto, o cuidado, a atenção, a piedade e a
dedicação que se tem ao celebrar a santa Missa ou ao
assisti-la, é fundamental para conservar a Fé que nos salva,
para perseverar na Esperança da vida futura e para praticar
a verdadeira Caridade. – Destruído o fundamento, todo o
resto do edifício está destinado à ruína.
Na celebração da assim chamada “Missa Nova de
Paulo VI”, introduzida obrigatoriamente em 1970, a própria
Santa Sé tem reclamado uma longa lista de erros, desvios e
abusos (cf. o documento “Redemptionis Sacramentum”). O papa
Bento XVI pensava na necessidade de uma reforma da “Reforma”
litúrgica pós-conciliar, através de “mudanças radicais”
(Cardeal Ranjith).
Irreconciliável com a prática bimilenar da
Igreja é, pois a celebração “versus populum”, o uso
exclusivo da língua vernácula, a manipulação do santíssimo
Sacramento por leigos, a permanência feminina no
presbitério, a recepção da santa Comunhão de pé e a
escandalosa comunhão na mão.
A Fraternidade São Pio X tem acusado os
seguintes defeitos inerentes à Missa Nova:
“Ao contrário dos ensinamentos do Concílio de
Trento e ainda da carta encíclica “Mediator Dei” de Pio XII
(+1958):
· exagerou-se
o papel dos fiéis na participação da Missa,
· e
diminuiu-se, indevidamente, o papel do sacerdote,
rebaixando-o a simples “Presidente” da assembléia;
· aumentou-se,
exageradamente, o espaço da Liturgia da Palavra,
· e
reduziu-se o espaço da Liturgia do Sacrifício;
· realçou-se
o aspecto profano de Ceia,
· em
detrimento do respeito e da fé na “Presença real” através da
Consagração;
· aboliu-se
a língua sagrada do Latim,
· e
multiplicaram-se os ritos ao infinito,
· profanando-os
com acréscimos mundanos e pagãos,
· e
divulgaram-se traduções erradas, em detrimento da fé e da
piedade verdadeiras dos fiéis”.
“A Missa Nova debilita a afirmação do Reino
de Cristo pela cruz. O seu próprio rito atenua e obscurece a
natureza sacrifical e propiciatória do Sacrifício
eucarístico. Ela está penetrada de um espírito ecumênico e
protestante, democrático e humanista. Ela ilustra também a
nova concepção do “sacerdócio comum” dos batizados,
escondendo o sacerdócio sacramental do padre”.
Compreende-se que a causa principal da perda
progressiva de católicos que abandonam a Igreja, é tal
liturgia ruinosa que não leva o homem “ao encontro com
Deus”, mas deixa o homem onde está.
A reforma pós-conciliar aboliu a magnífica
Liturgia tradicional que comunicava uma experiência de uma
atmosfera sobrenatural de SACRALIDADE. O encontro com a
santa Missa no Rito Romano tradicional, levando-o a sério,
não fica sem conseqüências. A edificação no acontecimento
litúrgico não pode ficar superficial ou puramente estética,
mas leva a verdade reconhecida a ser aplicada na própria
vida.
Podia parecer, à primeira vista, que certos
graves escândalos da Reforma litúrgica fossem falhas
pessoais, mas, sucessivamente, ficava claro que foram
induzidos por decisões erradas do próprio Concílio. Em
questões fundamentais a Igreja mudou de direção: de um lado,
a Igreja se secularizou, progressivamente, adaptando-se a
posições de um mudo sem Deus ou até contra Ele; pelo outro
lado, na doutrina e no modo exterior de aparecer,
aproximou-se mais e mais ao Protestantismo na sua faceta
mais liberal.
À Igreja falta, hoje, o dom da discrição dos
espíritos; ela abraça os inimigos até que lhe falte o ar.
Filantropia e humanitarismo, muitas vezes, não são senão
falta de bom senso e fraqueza. A impressão que a Igreja dá é
a de ser fraca demais para encarar um conflito. Ela dá a
razão a todos, abençoa e aprova também o contraditório.
Discute-se de tantas coisas inúteis, mas do necessário não
se fala, é silenciado, ou até, quiçá, nem percebido. O
“paciente” adoeceu gravemente, com perigo de vida, mas os
médicos dizem que é um resfriado, um pequeno transtorno...
Para pessoas clarividentes que procuram viver
em fidelidade à Fé, torna-se uma obrigação de caridade
orientar os outros. O cânon 229 do Direito eclesiástico diz
expressamente que o apostolado é tarefa também dos leigos; e
o cânon 212 reconhece que o cuidado pela Fé pode incluir
também a crítica à direção dos superiores.
As pessoas cobram da Igreja uma indispensável
modernização e liberalização, caso contrário, não iriam
continuar nela. Mas, pelo outro lado, quando a Igreja faz
isso, agora, com mais razão, não querem ficar na Igreja,
porque perdeu o seu perfil. A solução seria uma
espiritualidade acentuada, um compromisso e uma bem
entendida missão.
Quando se exige que a Igreja devesse somente
servir, reconhecer a sua culpa e considerar-se como
provisória, estando a caminho. Tudo isso já encontramos no
Protestantismo que só foi perdendo com essas atitudes. A
sociologia (Andréas Püttmann) provou que foi um dos erros
antropológicos e teológicos mais graves dos revolucionários
dentro da Igreja, ter tirado da celebração litúrgica todo
tipo do mal-falado “triunfalismo”.
A Missa Nova é produto do espírito
contemporâneo do racionalismo e do historicismo.
Aproximando-se ao Protestantismo, acentuou-se a Liturgia da
Palavra, e marginalizou-se a adoração e a glorificação de
Deus. Em muitos fiéis, a consciência que eles têm da
celebração eucarística é a de uma “ceia” e não mais a de
sacrifício como atualização de todo o mistério de salvação.
O desejo de retornar à Igreja primitiva,
muitas vezes proclamado pelos revolucionários, é um erro
dogmático, tal como se as fontes fluíssem tanto mais puras
quanto mais próximas às origens. O Espírito Santo vive
sempre na Igreja, para introduzi-la em toda a verdade”. A
Igreja verdadeira como Corpo Místico de Cristo não é uma
petrificação, mas um organismo vivo, uma árvore viçosa,
sempre florescendo e produzindo frutos. Pio XII, em 1947,
advertiu: “O estudo da antiguidade é muito útil, mas não é a
única norma”. Lutero tinha raiva do Cânon Romano, porque
nele o sacerdote fala em nome de Cristo e expressa o caráter
sacrifical da Missa.
A II Oração Eucarística, chamada Cânon de
Hipólito, o mais usado na Missa Nova, porque é o mais curto
e rápido, substituiu, de fato e na prática, o Cânon Romano,
e na sua versão moderna e manipulada, silencia completamente
a natureza de sacrifício da santa Missa. A atualização do
sacrifício da cruz no Golgota, na santa Missa, não é somente
o sacrifício de Cristo, mas, ao mesmo tempo, é o verdadeiro
sacrifício da Sua Igreja, oferecido pelas mãos do sacerdote
ordenado e autorizado.
Na Reforma litúrgica não se interessava pela
pureza do dogma e da doutrina, mas quiseram apresentar as
coisas de modo a agradar aos outros no sentido de um falso
ecumenismo: “Aqui não se tem uma reforma, mas uma
destruição” (Cardeal Oddi). “Na Missa
de Paulo VI, o sacrifício transformou-se em algo que pode
ser chamado de “ceia”. A atratividade teológica da Missa
Tridentina contrasta com a falta de exatidão teológica da
Missa do Vaticano II” (Cardeal Stickler).
“A intenção de Paulo VI relativa à Missa, foi
a de renovar a liturgia católica de tal forma que ela
coincidisse quase com a liturgia protestante. Paulo VI fez
tudo quanto possível, para – em contrário do Concílio de
Trento – aproximar a Missa católica à Ceia protestante”
(Jean Guitton).
Para os progressistas, porém, a Missa
Tradicional é perigosa e inaceitável. Justamente porque ela
é integralmente católica, enquanto que a Missa Nova
representa uma eclesiologia nova (= doutrina sobre a
Igreja). “Na Igreja católica, na maneira de celebrar a Missa
aconteceu uma revolução” (Cardeal Cordeiro).
Ou como observou alguém: “O Concílio esperava
da Liturgia um impulso missionário. Isso não houve. Da
Liturgia esperava-se uma renovação da piedade. Não dá para
ver muita coisa, neste sentido. Embora que se fale muito da
importância da Missa, vemos, assustados, a corrida sacrílega
para a Comunhão. “O Santo aos santos!” - o diácono exclamava
antes da Comunhão, na Igreja primitiva. Agora os preparados
e também os não-preparados acorrem à Mesa do Senhor. E
também a “morte” abrupta da confissão pessoal indica a
diminuição da seriedade ética. Libertinagem e ativismo
eclesiástico parecem não se excluir mais. Quem priva os
fiéis o mais que possível de experimentar o Sagrado no culto
da liturgia, não estranhe que se perca também o esforço pela
santidade”.
O sagrado, a sacralidade e a santidade estão
relacionados entre si. Se, no culto, não se manifesta
sensivelmente a sacralidade, que tem como fonte e origem a
presença do Sagrado, não se desenvolve o impulso de
santidade. A psicologia prova que o surgimento de emoções
depende da possibilidade de se expressar física e
materialmente. Daí, a fé na Presença real de Cristo na
liturgia eucarística condiciona formas de expressões
adequadas de sacralidade (p.ex. genuflexão, silêncio de
oração, uso de incenso), que "impulsionam para sua aplicação
heróica na vida” (Cardeal Ranjith).
Consequentemente, de uma Liturgia desacralizada, despida de
toda experiência do sagrado não nasce nenhum impulso de
santificação.
RITUALIDADE E SACRALIDADE
1 – O RITO
a) Garantia de unidade no tempo e no
espaço
No contexto da Liturgia, o Rito significa a
ordem da oração oficial da Igreja, pela qual as formas
exteriores do culto, textos e cerimônias estão fixadas em
normas obrigatórias.
A Missa tradicional baseia-se num rito
detalhadamente regulamentado que não deixa espaço para uma
vontade criativa e arbitrária, para garantir a validade
objetiva do acontecimento litúrgico. “Alias, deve-se
comentar que a “criatividade” de liturgias inventadas
move-se num círculo necessariamente pobre, em comparação com
as riquezas da liturgia organicamente crescidas durante
séculos e ate milênios; infelizmente, isso percebem os
fabricadores de tais liturgias muito depois dos
participantes” (Cardeal Ratzinger).
Rituais remontam no passado, transmitem
formas simbólicas sagradas como “costumes”, expressam
constância, repetem tradições comprovadas e nos ligam com a
própria fé e com a comunidade dos fiéis através de séculos,
e ligam não só no tempo com o passado, como também ligam
espaços e lugares, povos e línguas no presente.
Sempre há um livro (da Missa) no altar; é a
experiência feliz do católico: não importa, onde estou, em
que país, que igreja ou capela visito, em todo o lugar se
fala a mesma língua; em todo o lugar, num determinado dia,
comemora-se o mesmo Santo, recita-se as mesmas orações. Em
todo o lugar você está em casa.
O rito clássico da Liturgia, com a sua
rigorosa uniformidade e exclusão de arbitrariedades,
possibilita justamente isso. Em todo o lugar, o católico
sente-se em casa, celebra-se a mesma fé. O rito garante que
celebremos aquilo “que em todo o lugar, que sempre e de
todos foi crido, porque isto é verdadeiro e propriamente
católico” (Vicente de Lerins).
b) Do sentido do indisponível
O Rito, sendo uma forma feita e dada, lembra
que a liturgia só pode ser a entrada em algo que já existe e
que a santa Missa não é senão a atualização do sacrifício de
Cristo no Gólgota. O Rito, em primeiro lugar, querendo ser a
renovação do sacrifício da Cruz já realizado, não pode abrir
espaço para formas livres a modificações criativas e
contínuas. Um Rito, pois, formado em séculos, superou os
vestígios do subjetivo, inventado e criado. Quem se submeter
a tal ordem, experimentará entrar num ambiente, onde se
torna possível o encontro com o mistério de Deus. O rito
cria o espaço objetivo, tirado da manipulação do homem, e,
justamente por isso, possibilita uma experiência do
indisponível que é a presença divina.
Toda e qualquer manipulação do rito destrói
este espaço que deve ser percebido como intocável, para
encontrar aquilo que finalmente não vem do homem, mas de
Deus. Ritos que a Igreja ordenou com boa razão – porque ela
tem a autoridade para isso do próprio Cristo – e que há
muito tempo estão em uso, não podem ser abolidos sem que
haja algum dano para as almas. Já Pio X recusou a exigência
modernista que queria submeter a liturgia à mentalidade
humana e adaptá-la continuamente às formas de expressão,
segundo as leis de evolução.
O Rito tradicional da Missa sempre resistiu à
tentação de adaptar-se a uma exigência racional que quer
fazer do homem moderno o critério e a norma da liturgia.
Mudanças permanentes seriam a conseqüência, sem que houvesse
para isso um critério confiável.
Na liturgia nova, facilita-se as coisas, sob
o pretexto, de ir ao encontro dos fiéis. Não se quis
fazer-se o trabalho de abri-los para a Palavra autêntica de
Deus, na Tradição autêntica. Assim, cada vez mais, a
liturgia torna-se expressão dos participantes, tais quais
são e não assim como Deus os quer ter: transformados no
Filho, pelo ato litúrgico. Deste modo, liturgia torna-se uma
simples confirmação da humanidade, tal qual ela é, sem
correção e sem transformação.
Antigamente, quando alguém disse que a Missa
não lhe traria nada, o padre insistiu dizendo que a Missa é
um mistério profundo, em cujo espírito a pessoa deveria
procurar penetrar pela oração, pelo estudo, com paciência e
humildade. Mas agora se considera realmente necessário mudar
a Missa para torná-la apta de falar a um grande auditório.
Assim se negociou uma mudança crucial da mais profunda
importância.
A liturgia tradicional segue um princípio
diferente. Ela não procura adaptar-se aos homens, mas
pretende que o homem se insira nela. Ela não pega a língua
do uso cotidiano do homem, mas faz o homem aprender a sua
própria língua acima dos tempos. Ela não transporta o mundo
do homem hodierno para dentro do culto, mas quer levar o
homem ao seu mundo da fé. A Igreja não é um negócio
cuja gerência pode ficar contente, se os seus clientes
expressam satisfação. Sentir-se confortável com a situação
atual da liturgia é um sinal que erramos o sentido
verdadeiro do culto católico, na sua sacralidade, na sua
diferença, no seu poder sobrenatural. Diante do Cristo
crucificado, nós temos a necessidade de, exatamente, não
sermos confirmados na nossa existência ordinária de cada
dia, numa elevação fácil de um culto que consiste em
palavras e sons rapidamente adaptados. Paradoxalmente, não
precisamos que a liturgia seja intrusivamente relevante para
os “papeis” profanos que a sociedade de um mundo caído
constrói para nos. Precisamos da liturgia que nos afaste do
nosso “eu” ordinário do dia a dia, para capacitar-nos a
encontrar uma nova identidade nas vozes que nos falam de
adoração, purificação e da interminável transcendência da
paz além de todo o entendimento da “Cidade de Deus’”.
2 – AS RUBRICAS
a) Garantias contra arbitrariedades
No Missal Romano antigo não há, praticamente,
alternativas de escolha. Segue o princípio: “A grandeza
da liturgia tem como fundamento a sua indisposição”
(Cardeal Ratzinger). As assim chamadas
“rubricas”, impressas em vermelho no Missal, são indicações
de que maneira devem ser recitadas as orações e realizadas
as ações sagradas. Há uma precisa ordem de como tratar o
sagrado. As indicações vermelhas no Missal preservam o
celebrante de ficar perdido diante de uma esmagadora
variedade de alternativas possíveis e de um caos de
invenções e de criatividades permanentemente exigidas.
A objetividade, próprio do Rito clássico,
deve-se também à obrigatoriedade do celebrante aos textos
litúrgicos, sem a possibilidade de improvisações. O
celebrante é submetido à ordem de oração, não feito por ele
mesmo, mas pela tradição. Deve-se
entender e sentir que o culto é dádiva, dado pela Igreja, e
não fabricado pelos homens atuais.
b) Passagem do individual para o objetivo
Todos os regulamentos detalhados, que não
toleram aberrações ou arbitrariedades subjetivas, têm um
único sentido: quando o sacerdote age no altar “in persona
Christi”, quando, em nome de Cristo, pronunciando as
palavras da Consagração, Lhe empresta a sua voz, é sumamente
apropriado que tudo quanto é pessoal, individual, subjetivo
se reduza ao mínimo para ajeitar-se completamente à ação do
Pontífice que é Cristo. O afastamento do individual serve à
transparência da ação de Deus.
“No altar, o sacerdote, não tem rosto, e os
braços que elevam o Senhor não têm enfeite nem poeira, pois
quem Deus manda falar, manda ficar em silêncio, e quem o Seu
espírito inflama, apaga-se a si mesmo” (Gertrude von
Le Fort).
À primeira vista, o rito rigoroso pode dar a
impressão de legalista; mas a finalidade é justamente isso:
silenciando as palavras próprias, ouve-se a palavra de Deus;
apagando as invenções pessoais, dá-se espaço e tempo à
intervenção divina.
O regulamento minucioso das rubricas garante,
ao mesmo tempo, a dignidade da realização litúrgica,
tornando-se, em grande medida, independente da maneira
pessoal do celebrante. Assim as rubricas asseguram que o
celebrante – em vez de dominar a celebração, seja pela suas
habilidades, seja pelas suas faltas de jeito individuais –
submete a sua personalidade à celebração.
Alguém comentou o seguinte: “Cada uma das
suas palavras, cada gesto era meticulosamente regulamentado.
É por isso, pela observação das rubricas, que uma Missa mal
celebrada era quase impossível. Como exceção pode ter tido
celebrações apressadas. Não obstante, as rubricas
asseguraram que, normalmente, cada celebração era atenta,
piedosa e digna. O fato que uma boa parte da Missa era
rezada em voz baixa contribuía bastante à situação de
edificação. Antes do Concílio, teria sido muito fora do
comum ouvir um fiel observar que a Missa teria sido tediosa
ou vivaz. A Missa era a Missa, e basta”.
Sendo que, na Missa, realiza-se a ação mais
nobre possível a um ser humano, a saber, a de oferecer o
sacrifício do Filho de Deus a Deus, as rubricas, finalmente,
querem proteger o bem mais precioso que a Igreja possui, de
deformações, banalizações e subjetivações. Pelo fato que a
Igreja obrigava o celebrante “sob pecado” de observar
fielmente as prescrições litúrgicas, se manifesta a
consciência da necessidade de proteger a preciosidade da
liturgia através de normas eclesiásticas indisponíveis à
manipulação individual.
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