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					APARIÇÃO AOS DISCÍPULOS 
					(Lc 
					20, 19-29) 
					  
					
					(Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) 
					  
					
					(resumo) 
					  
					
					À tarde desse mesmo dia, o primeiro da 
					semana, estando fechadas as portas onde se achavam os 
					discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio e, pondo-se no 
					meio deles, lhes disse: “A paz esteja convosco!” Tendo dito 
					isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, 
					ficaram cheios de alegria por verem o Senhor. Ele lhes disse 
					de novo: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, 
					também eu vos envio”. Dizendo isso, soprou sobre eles e lhes 
					disse: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes 
					os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais 
					retiverdes ser-lhes-ão retidos”. Um dos Doze, Tomé, chamado 
					Dídimo, não estava com eles, quando veio Jesus. Os outros 
					discípulos, então, lhe disseram: “Vimos o Senhor!” Mas ele 
					lhes disse: “Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e 
					se não puser meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu 
					lado, não crerei”. Oito dias depois, achavam-se os 
					discípulos, de novo, dentro de casa, e Tomé com eles. Jesus 
					veio, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e 
					disse: “A paz esteja convosco!” Disse depois a Tomé: “Põe 
					teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no 
					meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!” Respondeu-lhe 
					Tomé: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe disse: “Porque 
					viste, creste. Felizes os que não viram e creram!” 
					  
					
					Em Jo 20, 19-20 
					diz:
					“À tarde desse mesmo dia, o 
					primeiro da semana, estando fechadas as portas onde se 
					achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio e, 
					pondo-se no meio deles, lhes disse: ‘A paz esteja convosco!’ 
					Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os 
					discípulos, então, ficaram cheios de alegria por verem o 
					Senhor”. 
					
					Chegada é já 
					também a tarde da Páscoa. As portas estão fechadas, a mesa 
					preparada, e os apóstolos estão temerosos e recolhidos em 
					uma casa, com medo dos judeus. 
					
					Jesus aparece aos 
					apóstolos na própria tarde do Domingo em que ressuscitou. 
					Apresenta-se no meio deles sem necessidade de abrir as 
					portas. 
					
					O Senhor 
					ressuscitado pondo-se no meio deles, lhes disse: 
					“A paz 
					esteja convosco!’ Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o 
					lado”. 
					
					Os apóstolos 
					estavam cheios de medo, e o Senhor com o Seu Coração Manso 
					não lhes censurou por tê-lO abandonado durante a Paixão, mas 
					desejou-lhes a paz. 
					
					Quando formos 
					infiéis ao Senhor, não viremos as costas para Ele nem 
					tranquemos o coração; pelo contrário, arrependamos de todas 
					as infidelidades e peçamos humildemente a paz que vem do Seu 
					Amoroso Coração. 
					
					O Senhor desejou 
					paz aos apóstolos, e 
					“mostrou-lhes
					as 
					mãos e o lado”. 
					
					Está claro que só 
					é possível adquirir a verdadeira paz através da renúncia e 
					da mortificação. Aquele que procura a paz longe do caminho 
					da cruz, encontrará somente tristeza e decepção. 
					
					Cristo Jesus é a 
					Fonte da verdadeira paz; vive na ilusão aquele que tenta 
					encontrá-la longe d’Ele: 
					“Dai-me, pois, a 
					paz, Senhor! Para poder dá-la aos outros, primeiro a tenha 
					eu; que a possua eu, primeiro! Arda em mim o fogo, para que 
					o possa acender nos outros...”
					(Santo Agostinho, 
					Sermão 357). 
					
					Antes de Nosso 
					Senhor entrar na sala, os apóstolos estavam com medo; agora 
					que o Senhor está com eles, os mesmos se alegraram: 
					“Os 
					discípulos, então, ficaram cheios de alegria por verem o 
					Senhor”
					(Jo 20, 20). 
					
					Eles não ficaram 
					só alegres, mas sim, cheios de alegria por verem o Senhor. 
					
					Alegremo-nos nós 
					também por possuir o Senhor na nossa alma imortal. Enchamos 
					o nosso coração da mais pura felicidade, porque possuir 
					Deus, vale mais do que possuir todas as riquezas do mundo:
					
					“Quem só quer Deus, é rico de todos os bens”
					(Santo Afonso Maria 
					de Ligório). 
					
					Quem possui Cristo 
					no coração vive alegre, pois não se apega às coisas caducas 
					desse mundo e não coloca o coração naquilo que passa; a sua 
					única preocupação é estar com Nosso Senhor, Alegria 
					Infinita: 
					“Contigo, nada mais me agrada na terra... 
					Quanto a mim, estar junto de Deus é o meu bem!”
					(Sl 73, 25. 28). 
					
					Se Jesus Cristo 
					está conosco, por que temer as criaturas? Vivamos unidos ao 
					Senhor que cuida de nós e coloquemos n’Ele toda a confiança. 
					
					Em Jo 20, 21 diz:
					“Ele lhes disse de novo: ‘A paz 
					esteja convosco! Como o Pai me enviou, também e vos envio”. 
					
					O Papa Leão XIII 
					escreve: 
					“Que quis e que procurou ao fundar e 
					conservar a Igreja? Isto: transmitir a mesma missão e o 
					mesmo mandato que tinha recebido do Pai para que Ela os 
					continue. Isto é claramente o que Se tinha proposto fazer e 
					isto é o que fez: ‘Como o Pai Me enviou assim Eu vos envio’ 
					(Jo 20, 21). ‘Como Tu me enviaste ao mundo, assim os enviei 
					Eu ao mundo’ (Jo 17, 18) (...). Momentos antes de retornar 
					ao Céu envia os Apóstolos com o mesmo poder com que o Pai O 
					tinha enviado; ordenou-lhes que estendessem e semeassem por 
					todo o mundo a Sua doutrina (cfr Mt 28, 18). Todos os que 
					obedecem aos Apóstolos salvar-se-ão; os que não lhes 
					obedecem perecerão (cfr Mc 16, 16) (...). Por isso manda 
					aceitar religiosamente e guardar santamente a doutrina dos 
					Apóstolos como Sua: ‘Quem vos ouve a vós, ouve-Me a Mim; 
					quem vos despreza a vós, despreza-Me a Mim’ (Lc 10, 16). Em 
					conclusão, os Apóstolos são enviados por Jesus Cristo da 
					mesma forma que Ele foi enviado pelo Pai”
					(Satis cognitum). Nesta missão os 
					Bispos são sucessores dos Apóstolos: 
					“Cristo, através dos 
					mesmos Apóstolos, tornou participantes da sua consagração e 
					missão os sucessores deles, os Bispos, cujo cargo 
					ministerial, em grau subordinado, foi confiado aos 
					presbíteros, para que, constituídos na Ordem do 
					presbiterado, fossem cooperadores da Ordem do episcopado 
					para o desempenho perfeito da missão apostólica confiada por 
					Cristo”
					(Presbyterorum ordinis, n° 2). 
					
					Em Jo 20, 22-23 
					diz:
					“Dizendo isso, soprou sobre eles e 
					lhes disse: ‘Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem 
					perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos 
					quais retiverdes ser-lhes-ão retidos”. 
					
					A Igreja 
					compreendeu sempre – e assim o definiu – que Jesus Cristo 
					com estas palavras conferiu aos apóstolos o poder de perdoar 
					os pecados, poder que se exerce no sacramento da Penitência. 
					
					O Concílio de 
					Trento diz: 
					“O Senhor, principalmente então, instituiu o 
					sacramento da Penitência, quando, ressuscitado de entre os 
					mortos, soprou sobre os Seus discípulos dizendo: ‘Recebei o 
					Espírito Santo...’ Por este fato tão insigne e por tão 
					claras palavras, o sentir comum de todos os Padres entendeu 
					sempre que foi comunicado aos apóstolos e aos seus legítimos 
					sucessores o poder de perdoar e reter os pecados para 
					reconciliar os fiéis em pecado depois do batismo”
					(De Paenitentia, cap. 1). 
					
					Feliz do católico 
					que se aproxima com frequência do Sacramento da Penitência:
					
					“Para progredir mais rapidamente no caminho da virtude, 
					recomendamos vivamente o pio uso, introduzido pela Igreja 
					sob a inspiração do Espírito Santo, da confissão frequente, 
					que aumenta o conhecimento próprio, desenvolve a humildade 
					cristã, desarraiga os maus costumes, combate a negligência e 
					tibieza espiritual, purifica a consciência, fortifica a 
					vontade, presta-se à direção espiritual, e por virtude do 
					mesmo sacramento aumenta a graça”
					(Pio XII, Mystici Corporis). 
					
					Em Jo 20, 24-28 
					diz:
					“Um dos doze, Tomé, chamado Dídimo, 
					não estava com eles, quando veio Jesus. Os outros 
					discípulos, então, lhe disseram: ‘Vimos o Senhor!’ Mas ele 
					lhes disse: ‘Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e 
					se não puser meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu 
					lado, não crerei’. Oito dias depois, achavam-se os 
					discípulos, de novo, dentro de casa, e Tomé com eles. Jesus 
					veio, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e 
					disse: ‘A paz esteja convosco!’ Disse depois a Tomé: ‘Põe 
					teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no 
					meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!’ Respondeu-lhe 
					Tomé: ‘Meu Senhor e meu Deus!” 
					
					A dúvida do 
					apóstolo Tomé leva o Senhor a dar-lhe uma prova especial da 
					realidade do Seu corpo ressuscitado. Assim confirma, ao 
					mesmo tempo, a fé daqueles que mais tarde haviam de crer 
					n’Ele: 
					“Será que pensais que aconteceu por pura 
					casualidade que estivesse ausente então aquele discípulo 
					escolhido, que ao voltar ouvisse relatar a aparição, e que 
					ao ouvir duvidasse, duvidando palpasse e palpando cresse? 
					Não foi por casualidade, mas por disposição de Deus. A 
					divina clemência atuou de modo admirável para que tocando o 
					discípulo duvidador as feridas da carne no seu Mestre, 
					sarasse em nós as feridas da incredulidade (...). Assim o 
					discípulo, duvidando e palpando, converteu-se em testemunha 
					da verdadeira ressurreição”
					(São 
					Gregório Magno, In Evangelia homiliae, 26, 7). 
					
					A resposta de Tomé 
					não é uma simples exclamação, 
					“é uma afirmação: um 
					maravilhoso ato de fé na Divindade de Jesus Cristo: ‘Meu 
					Senhor e meu Deus!’ Estas palavras constituem uma 
					jaculatória que repetiram com frequência os cristãos, 
					especialmente como ato de fé na presença real de Jesus 
					Cristo na Santíssima Eucaristia”
					(Edições Theologica). 
					
					Em Jo 20, 29 diz:
					“Jesus lhe disse: Porque viste, 
					creste. Felizes os que não viram e creram!” 
					
					São Gregório Magno 
					explica estas palavras:
					“São Paulo ao dizer que a fé é o fundamento das coisas 
					que se esperam e uma convicção das que não se vêem (Hb 11, 
					1), torna evidente que a fé versa sobre as coisas que não se 
					vêem, pois as que se vêem já não são objeto da fé, mas da 
					experiência. Ora bem, por que é dito a Tomé quando viu e 
					tocou: Porque viste, acreditaste? Porque uma coisa é o que 
					se viu e outra o que se creu. É certo que o homem mortal não 
					pode ver a divindade; portanto, ele viu o Homem e 
					reconheceu-O como Deus, dizendo: ‘Meu Senhor e meu Deus’. Em 
					conclusão, vendo creu, porque contemplando atentamente este 
					homem verdadeiro exclamou que era Deus, a quem não podia 
					ver” (In 
					Evangelia homiliae, 27, 8). 
					
					Tomé, como todos 
					os homens, necessitou da graça de Deus para crer, mas, além 
					disso, recebeu uma prova singular; teria sido mais meritório 
					a sua fé se tivesse aceitado o testemunho dos apóstolos. As 
					verdades reveladas transmitem-se normalmente pela palavra, 
					pelo testemunho de outros homens que, enviados por Cristo e 
					assistidos pelo Espírito Santo, pregam o depósito da fé 
					(cfr. Mc 16, 15-16). 
					“Por conseguinte a 
					fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo”
					(Rm 10, 17). 
					A pregação, pois, do Evangelho, 
					tem as garantias suficientes de credibilidade, e o homem ao 
					aceitá-lo 
					“oferece a Deus a homenagem total da sua 
					inteligência e da sua vontade presente, voluntário 
					assentimento à Sua revelação”
					(Dei Verbum, n° 5). 
					
					São Gregório Magno 
					escreve: 
					“Alegra-nos muito o que se segue: 
					‘Bem-aventurados os que sem ter visto creram’. Sentença na 
					qual, sem dúvida, estamos assinalados nós, que confessamos 
					com a alma o que não vimos na carne. Alude-se a nós, desde 
					que vivamos de acordo com a fé; porque só crê de verdade 
					aquele que pratica o que crê”
					(In Evangelia homiliae, 26, 9). 
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