PERSEVERANÇA DEPOIS DA PÁSCOA
(Cl 3, 1-2)
(Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
(resumo)
Se, pois,
ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde
Cristo está sentado à direita de Deus. Pensai nas coisas do
alto, e não nas da terra.
O que dizer de uma senhora que coloca a sua
casa em ordem, somente quando está para receber uma visita?
Pode muito bem intitulá-la de porcalhona.
Que nome se dá ao diretor de um colégio que
organiza as salas e o uniforme dos alunos, só quando o
inspetor marca uma visita?
Esse pode muito bem ser chamado de inepto
(incapaz).
E o que dizer de um católico, batizado e
crismado, que se preparou muito bem para a Páscoa; mas que
durante a oitava já está mergulhado no túmulo do mundo,
embalando em seus braços o monstro do pecado mortal?
Esse deve ser chamado de volúvel, infiel e
leviano.
Como é triste ver milhares de pessoas
ascenderem velas a Satanás, ao mundo e à carne, logo no
início da oitava da Páscoa. Esses participaram das
cerimônias, mas não encontraram a Face de Nosso Senhor, por
isso, vivem (superficialmente) como se Cristo não
houvesse ressuscitado.
Quando falta a perseverança, é impossível
caminhar com Cristo ressuscitado:
“Fazer uma boa confissão na Páscoa,
fazer ótimos propósitos, é bastante fácil; difícil, porém, é
perseverar no bem” (Pe. João Colombo).
Perseverar no esforço
“consiste em lutar e sofrer até o
fim, sem sucumbir ao cansaço, ao desalento ou à moleza”
(Ad Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e
Mística, 1093).
Não adianta encher cadernos com preciosos
propósitos, se tudo não passa de fogo de palha. O Senhor
ressuscitado quer que perseveremos no caminho da luz, que
passemos por cima de todos os obstáculos, que deixemos tudo
para trás e O sigamos até o fim:
“Muitos começam bem, mas poucos são os que perseveram... Nos
cristãos não se procura o princípio, mas o fim. O Senhor não
exige somente o começo da boa vida, quer também seu bom
termo; o fim é que alcançará a recompensa”
(São Jerônimo).
Existem muitos católicos
“ressuscitados”, que não passam de católicos
“mumificados”; porque voltam, após a Páscoa, a
residirem nos túmulos escuros dos vícios.
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
não volte a seguir mais as máximas do mundo, porque elas
sepultarão a sua alma imortal na lama do pecado:
“Adúlteros, não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade
com Deus? Assim, todo aquele que quer ser amigo do mundo
torna-se inimigo de Deus”
(Tg 4, 4), e:
“Não ameis o mundo
nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele
o amor do Pai”
(1Jo 2, 15).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
corte a amizade com aquelas pessoas que te convidam com
frequência para percorrer o caminho da imoralidade:
“Certas
amizades loucas entre pessoas de diverso sexo, e sem
intenção de casamento, não podem merecer o nome de amizade
nem de amor, pela sua incomparável leviandade e imperfeição.
São abortos ou, melhor ainda, fantasmas da amizade”
(São Francisco de Sales, Introdução à Vida Devota,
capítulo XVIII), e:
“Não vos deixeis
iludir: ‘As más companhias corrompem os bons costumes”
(1 Cor 15, 33).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
deixe de contar piadas com duplo sentido e de falar
palavrões, porque essas bocas sujas podem ser comparadas a
túmulos cheios de podridão:
“Não saia dos vossos
lábios nenhuma palavra inconveniente, mas na hora oportuna,
a que for boa para edificação, que comunique graça aos que a
ouvirem”
(Ef 4, 29).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
jogue fora, ou melhor, coloque no fogo todas as suas roupas
imorais; elas são tarrafas que o demônio usa para pescar os
homens curiosos. Esvazie o seu guarda-roupa dessas modas
pagãs:
“Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do
Espírito Santo, que está em vós e que recebestes de Deus?...
e que, portanto, não pertenceis a vós mesmos? Alguém pagou
alto preço pelo vosso resgate; glorificai, portanto, a Deus
em vosso corpo”
(1 Cor 6, 19-20), e:
“... os pais devem
vigiar a fim de que certas modas e certas atitudes imorais
não violem a integridade da casa”
(Sexualidade Humana: Verdade e Significado, 56).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
não volte a participar mais do carnaval e dos bailes, isso
ofende muito a Deus:
“Numa palavra, é uma
loucura fazer da noite dia e do dia noite, e trocar os
exercícios de piedade por vãos prazeres. Todo baile está
cheio de vaidade e emulação e a vaidade é uma disposição
muito favorável às paixões desregradas e aos amores
perigosos e desonestos, que são as consequências ordinárias
dessas reuniões”
(São Francisco de
Sales, Introdução à Vida Devota, capítulo XXXIII),
e:
“No tempo do carnaval, Santa Maria Madalena de Pazzi passava
as noites inteiras diante do Santíssimo Sacramento,
oferecendo a Deus o Sangue de Jesus Cristo pelos pobres
pecadores”
(Santo Afonso Maria de Ligório, Meditações).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
abandone de uma vez por todas a bebida alcoólica; ela é a
urina de Satanás:
“Não vos iludais... nem os bêbados...
herdarão o Reino de Deus”
(1 Cor 6, 10).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
viva humildemente, aceitando com alegria as correções
fraternas, sem jamais se azedar:
“A pessoa santa é
humilde, quando é repreendida, arrepende-se da falta que
fez. Ao contrário, quem é orgulhoso fica magoado quando é
corrigido. Fica magoado por ver descoberto o seu defeito e
por isso responde e indigna-se com quem o adverte”
(São João
Crisóstomo: In Mathaeum, hom. 68 (al. 69), n° 1-2, MG 58 de
341 a 344).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
fuja da vida fácil e da “poltronice” e entre pelo
caminho apertado, carregando a cruz com paciência e por amor
a Deus:
“...não existe coisa mais agradável a Deus do
que sofrer com paciência e paz todas as cruzes por ele
enviadas”
(Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a
Jesus Cristo, capítulo V), e:
“O sinal mais certo para saber se
uma pessoas ama a Jesus Cristo é, não tanto o sofrer, mas o
querer sofrer por amor dele”
(Santo Afonso Maria de Ligório, A
Prática do amor a Jesus Cristo, capítulo V).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
deixe de perder tempo com as coisas vazias da terra, e
reserve alguns horários por dia para a oração e meditação:
“Quem reza se salva, quem não reza se condena”
(Santo Afonso Maria de Ligório, A Oração), e:
“Quem não medita,
não julga com severidade a si mesmo, porque não se conhece.
A oração controla nossos afetos e dirige nossos atos para
Deus”
(São Bernardo de Claraval, De consideratione ad
Eugenium III, I. I, c. 2, n° 3 ML 182-730; idem, 1, 1, c. 7.
ML 182-737).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
viva nesse mundo sem se apegar às coisas passageiras; elas
são grandes obstáculos para o progresso espiritual:
“Desapeguemos o coração de todas as criaturas. Quem está
agarrado a alguma coisa da terra, ainda que mínima, nunca
poderá voar e unir-se todo a Deus”
(Santo Afonso Maria de Ligório, Resumo das Virtudes),
e:
“Quanto afeto pomos nas criaturas, tanto tiramos a Deus”
(Bacci, Vita, 1. 2, c, n° 4: São Felipe Néri).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
busque fervorosamente a santidade de vida, porque sem ela,
ninguém verá o Senhor:
“Porquanto, é esta a
vontade de Deus: a vossa santificação”(1
Ts 4, 3), e:
“Pois Deus não nos
chamou para a impureza, mas sim para a santidade”
(1 Ts 4, 7).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
não busque apoio nas criaturas, mas recorra a Deus quando
surgirem insistentes tentações:
“Oxalá todos os
homens recorressem a Deus, quando são tentados a ofendê-lo;
certamente nenhum o ofenderia”
(Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a
Jesus Cristo, capítulo XVII).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
participe piedosamente da Santa Missa e confesse com
frequência:
“A Eucaristia é, na verdade, a alma da
piedade e o centro da religião cristã...”
(São Francisco de Sales, Introdução à Vida devota,
capítulo XIV), e:
“Confessa-te com
humildade e devoção todos os oito dias e, se for possível,
sempre que comungares, conquanto tua consciência não te
acuse de algum pecado mortal”
(São Francisco de Sales, Introdução à Vida devota,
capítulo XIX).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
trabalhe fervorosamente para tornar Cristo Jesus conhecido:
“Ai
de mim, se eu não anunciar o evangelho”
(1 Cor 9, 16).
“Se, pois,
ressuscitastes com Cristo”,
se
esforce para amá-lO sobre todas as coisas, porque esse é o
caminho mais curto para a santidade:
“A perfeição
consiste em amar a Deus de todo o coração”
(Camus, Esprit de
S. François de Sales, p. I, c. 25).
Não nos acomodemos
nem deitemos pelo caminho empoeirado do mundo, mas
perseveremos com fé e valentia no caminho da perfeição.
Cristo
ressuscitou! Não olhemos para o Senhor como se fosse um
mito, mas sim, como o Deus que ressuscitou e que nos convida
a segui-lO diariamente sem nos determos nas coisas
passageiras desse mundo.
Cristo
ressuscitou! Jamais voltará ao túmulo!
Ressuscite você
também espiritualmente e persevere no caminho do bem. Jamais
volte ao túmulo do pecado.
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