Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Terceira palestra

 

 

O NOME DE CATÓLICA

 

(Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

(resumo)

 

O Catecismo Romano ensina: “O terceiro caráter da Igreja é chamar-se CATÓLICA, quer dizer, UNIVERSAL”.

O Catecismo da Igreja Católica diz: “A palavra ‘católico’ significa ‘universal’ no sentido de ‘segundo a totalidade’ ou ‘segundo a integralidade’. A Igreja é católica em duplo sentido. Ela é católica porque nela Cristo está presente. Onde está Cristo Jesus, está a Igreja Católica. Nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça, o que implica que ela recebe dele a plenitude dos meios de salvação que ele quis: confissão de fé correta e completa, vida sacramental integral fundamental ordenado na sucessão apostólica. Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes e o será sempre, até o dia da Parusia. Ela é católica porque é enviada em missão por  Cristo à universalidade do gênero humano”.

Nossa Igreja é CATÓLICA. Isto significa que ela se encontra em todo o mundo. É UNIVERSAL. Por ordem de Jesus Cristo a Igreja deve acolher todos os homens de todas as línguas da terra. Jesus disse aos Apóstolos: Ide e ensinai a todas as gentes... eu estarei convosco até o fim dos séculos.

 

CATÓLICA: PARA DIFERENCIÁ-LA DAS IGREJINHAS

 

DOIS EXEMPLOS:

1. Os arianos pretendiam ser a verdadeira Igreja de Jesus Cristo. Santo Hilário objetava-lhes: “Chegastes tarde demais! Nascestes muito tarde para pretenderdes ser a Igreja de Cristo”. (O arianismo nasceu por volta do ano 319).

2. Contra um falso profeta do seu tempo, São Jerônimo dizia: “Como pretendes tu, após 400 anos, instruir-nos, como se nada soubéssemos? Sem tua doutrina, o mundo foi cristão até hoje. Breve e claramente eis aqui minha opinião: Cumpre permanecer naquela Igreja fundada pelos Apóstolos e que continua até nossos dias. E nem podem esses falsos profetas fazer alarde querendo demonstrar suas teorias com a Sagrada Escritura. Pois até Satanás fez conclusões baseando-se nos Livros Sagrados. Ademais não se trata simplesmente da leitura da Sagrada Escritura, mas de sua interpretação”. (São Jerônimo morreu no ano 420).

Aconteceu, porém que, tão logo a Igreja Católica começou a propagar-se, começaram a aparecer os hereges, seguindo doutrinas diversas daquela que tinha sido recebida dos Apóstolos, mas tomando o nome de cristãos, pois também criam em Cristo e d’Ele se diziam discípulos. Era preciso, portanto, um novo nome para designar a verdadeira Igreja, distinguindo-a dos hereges. E desde tempos antiquíssimos, desde os tempos dos Apóstolos, a Igreja começou a ser designada como IGREJA CATÓLICA, isto é, UNIVERSAL, a Igreja que está espalhada por toda a parte, para diferenciá-la dos hereges, pertencentes às igrejinhas isoladas que existiam aqui e acolá.

Assim é que já Santo Inácio de Antioquia, que foi contemporâneo dos Apóstolos, pois nasceu mais ou menos no ano 35 da era cristã e, segundo Eusébio de Cesaréia no seu Chrónicon, foi bispo de Antioquia, entre os anos 70 e 107, já Santo Inácio nos fala abertamente da IGREJA CATÓLICA, na sua Epístola aos Esmirnenses: “Onde comparecer o Bispo, aí esteja a multidão, do mesmo modo que, onde estiver Jesus Cristo, aí está a IGREJA CATÓLICA” (Epístola aos Esmirnenses c 8, 2).

Outro contemporâneo dos Apóstolos foi São Policarpo, bispo de Esmirna, que nasceu no ano 69 e foi discípulo de São João Evangelista. Quando São Policarpo recebeu a palma do martírio, a Igreja de Esmirna escreveu uma carta que é assim endereçada: “A Igreja de Deus que peregrina em Esmirna à Igreja de Deus que peregrina em Filomélio e a todas as paróquias da IGREJA SANTA E CATÓLICA em todo o mundo”. Nessa mesma Epístola se fala de uma oração feita por São Policarpo, na qual ele “fez menção de todos quantos em sua vida tiveram trato com ele, pequenos e grandes, ilustres e humildes, e especialmente de toda a IGREJA CATÓLICA, espalhada por toda a terra” (c. 8).

O Fragmento Muratoriano que é uma lista feita no segundo século, dos livros do Cânon do Novo Testamento fala em livros apócrifos que “não podem ser recebidos na IGREJA CATÓLICA”.

São Clemente de Alexandria (também do século segundo) responde à objeção dos infiéis que perguntam: “como se pode crer, se há tanta divergência de heresias, e assim a própria verdade nos distrai e fatiga, pois outros estabelecem outros dogmas?” Depois de mostrar vários sinais pelos quais se distingue das heresias a verdadeira Igreja, assim conclui São Clemente: “Não só pela essência, mas também pela opinião, pelo princípio pela excelência, só há uma Igreja antiga e é a IGREJA CATÓLICA. Das heresias, umas se chamam pelo nome de um homem, como as que são  chamadas por Valentino, Marcião e Basílides; outras, pelo lugar donde vieram, como os Peráticos; outras do povo, como a heresia dos Frígios; outras, de alguma operação, como os Encratistas; outras, de seus próprios ensino, como os Docetas e Hematistas” (Stromata 1.7. c. 15). O mesmo argumento podemos formular hoje. Há uma só Igreja que vem do princípio: é a IGREJA CATÓLICA. As seitas protestantes, umas são chamadas pelos nomes dos homens que as fundaram, ou cujas opiniões seguem, como: Luteranos (de Lutero), Calvinistas (de Calvino), Zuinglianos (de Zuínglio), etc.

No século III, Firmiliano, bispo de Capadócia, diz assim: “Há uma só esposa de Cristo que é a IGREJA CATÓLICA” (Ep. De Firmiliano nº 14).

Na história do martírio de São Piônio (morto em 251) se lê que Polemon o interroga:

— Como és chamado?

— Cristão.

— De que igreja?

— Católica (Ruinart. Acta martyrum pág. 122 nº 9).

São Frutuoso, martirizado no ano 259, diz: “É necessário que eu tenha em mente a IGREJA CATÓLICA, difundida desde o Oriente até o Ocidente” (Ruinart. Acta martyrum pág 192 nº 3).

Lactâncio, convertido ao cristianismo no ano 300, diz: “Só a IGREJA CATÓLICA é que conserva o verdadeiro culto. Esta é a fonte da verdade; do qual se alguém sair, está privado da esperança de vida e salvação eterna” (Livro 4º cap. III).

São Paciano de Barcelona (morto no ano 392) escreve na sua epístola a Simprônio: “Como, depois dos Apóstolos, apareceram as heresias e com nomes diversos procuram cindir e dilacerar em partes aquela que é a rainha, a pomba de Deus, não exigia um sobrenome o povo apostólico, para que se distinguisse a unidade do povo que não se corrompeu pelo erro?... Portanto, entrando por acaso hoje numa cidade populosa e encontrando marcionistas, apolinarianos, catafrígios, novacianos e outros deste gênero, que se chamam cristãos, com que sobrenome eu reconheceria a congregação de meu povo, se não se chamasse CATÓLICA? (Epísola a Simprônio nº 3). E mais adiante, na mesma epístola: “Cristão é o meu nome; CATÓLICO, o sobrenome” (idem nº 4).

São Cirilo de Jerusalém (do mesmo século IV) assim instruiu os catecúmenos: “Se algum dia peregrinares pelas cidades, não indagues simplesmente onde está a casa do Senhor, porque também as outras seitas de ímpios e as heresias querem coonestar (parecer honesto) com o nome de casa do Senhor, as suas espeluncas; nem perguntes simplesmente onde está a igreja, mas onde está a IGREJA CATÓLICA; este é o NOME PRÓPRIO desta SANTA MÃE de todos nós, que é também a ESPOSA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO” (Instrução Catequética c. 18; nº 26).

Santo Agostinho (do séc V) dizia: “Deve ser seguida por nós aquela religião cristã, a comunhão daquela Igreja que é a CATÓLICA, e CATÓLICA, é chamada não só pelos seus, mas também por todos os seus inimigos” (Verdadeira religião c 7; nº 12).

E quando o Concílio de Constantinopla, no ano de 381, colocou, no seu Símbolo estas palavras: “Cremos na Igreja Una, Santa, CATÓLICA e Apostólica”, isto não constituía novidade alguma, pois já desde tempo antiquíssimo, se vinha recitando no Credo ou Símbolo dos Apóstolos: creio na Santa Igreja CATÓLICA.

Vemos, portanto, na história do Cristianismo, o contraste evidente entre aquela igreja que veio desde o princípio e logo se espalhou por toda a parte (Ide, pois, e ensinais todas as gentes – Mt 28, 19) e que desde o começo foi chamada CATÓLICA, segundo o que acabamos de demonstrar, e as heresias que foram aparecendo no decorrer dos séculos, discordando deste ou daquele ponto, inventadas por um homem qualquer, mas todas levadas de vencida pela Igreja, pois ou desapareceram por completo ou ficaram reduzidas em número de adeptos que logo mergulharam no esquecimento.

 

 

 

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