DIVISÃO DENTRO DA IGREJA
(Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
(resumo)
Santo Agostinho
escreve: “Infelizmente existem
monges falsos, como há falsos clérigos e falsos fiéis. Todos
os três estados de vida, dos quais com frequência falei a
vocês, todas as três categorias têm pessoas boas e pessoas
más. Não se espantem com o fato de que também no convento
existam réprobos: por enquanto, talvez em segredo, mas enfim
será possível conhecê-los. Todavia, a vida santa dos
verdadeiros irmãos não fica comprometida por causa daqueles
que se vangloriam daquilo que não são”.
O mesmo Santo escreve:
“Quantos maus existem também no seio
da Igreja; bons e maus vivendo num único seio materno, até
que finalmente um dia serão separados”.
Ele ainda diz:
“Eis o seio materno
da Igreja que sofre com o gemido das dores agudas,
lancinantes. Povo bom e povo mau: todos os dois lutam num
único ventre; um contra o outro lutam nas vísceras de uma
única mãe. É o Cristo que se angustia e sofre para dar à
luz...”
São João Crisóstomo
escreve:
“Também esta nau (a
Igreja) encontra-se, muitas vezes, no meio de tempestades
provenientes não apenas de fora, mas também de dentro”.
O mesmo Santo escreve:
“Não quero mencionar os fatos de que
alguns, só para conseguir o cargo de chefe da Igreja,
cometeram até assassínios dentro das comunidades e
devastaram cidades inteiras”.
O Papa Francisco
escreve: Os Atos dos Apóstolos
recordam-nos que os primeiros cristãos se distinguiam pelo
fato de terem “um só coração e uma só alma” (At 4, 32); além
disso, o apóstolo Paulo exortava as suas comunidades a não
se esquecerem de que constituem “um só corpo” (1 Cor 12,
13). No entanto, a experiência revela-nos que se cometem
muitos pecados contra a unidade. E não pensemos unicamente
nos cismas, mas também nas faltas muito comuns cometidas nas
nossas comunidades, nos pecados “paroquiais”, nos pecados
que se cometem nas paróquias. Com efeito, às vezes as nossas
paróquias, chamadas a serem lugares de partilha e de
comunhão, são tristemente marcadas por invejas, ciúmes,
antipatias... E as bisbilhotices estão ao alcance de todos.
Quantas intrigas há nas paróquias! Isto não é bom. Por
exemplo, quando alguém é eleito presidente de uma
associação, tagarela-se contra ele. E se uma outra pessoa é
eleita presidente da catequese, as outras mexericam contra
ela. Mas esta não é a Igreja! Isto não se deve fazer, não
devemos agir assim! É necessário pedir ao Senhor a graça de
não agir deste modo. Isto acontece quando aspiramos aos
primeiros lugares; quando nos pomos a nós mesmos no centro,
com as nossas ambições pessoais e com os nossos modos de ver
a realidade, quando julgamos o próximo; quando observamos os
defeitos dos irmãos e não as suas qualidades; quando
atribuímos maior importância ao que nos divide, do que
àquilo que nos irmana... Diante de tudo isto, devemos fazer
um sério exame de consciência. Numa comunidade cristã, a
divisão é um dos pecados mais graves, porque a torna sinal
não da obra de Deus, mas do Diabo, o qual é por definição
aquele que separa, que arruína os relacionamentos, que
insinua preconceitos... A divisão numa comunidade cristã,
quer se trate de uma escola, de uma paróquia ou de uma
agremiação, constitui um pecado gravíssimo, porque é obra do
Diabo. Deus, ao contrário, quer que cresçamos na capacidade
de nos aceitarmos, de perdoarmos e de nos amarmos uns aos
outros, para nos assemelharmos cada vez mais Àquele que é
comunhão e caridade. Eis no que consiste a santidade da
Igreja: em reconhecer-se à imagem de Deus, repleta da sua
misericórdia e graça. Peçamos sinceramente perdão por todas
as vezes que constituímos ocasião de divisão ou de
incompreensão no seio das nossas comunidades, conscientes de
que não chegaremos à comunhão, a não ser através de uma
conversão contínua. Em que consiste a conversão? Consiste em
pedir ao Senhor a graça de não bisbilhotar, de não criticar,
de não fazer mexericos, de amar a todos. É uma graça que o
Senhor nos concede. É nisto que consiste a conversão do
coração.
|