Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Nona palestra

 

 

DIVISÃO DENTRO DA IGREJA

 

(Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

(resumo)

 

Santo Agostinho escreve: “Infelizmente existem monges falsos, como há falsos clérigos e falsos fiéis. Todos os três estados de vida, dos quais com frequência falei a vocês, todas as três categorias têm pessoas boas e pessoas más. Não se espantem com o fato de que também no convento existam réprobos: por enquanto, talvez em segredo, mas enfim será possível conhecê-los. Todavia, a vida santa dos verdadeiros irmãos não fica comprometida por causa daqueles que se vangloriam daquilo que não são”.

O mesmo Santo escreve: “Quantos maus existem também no seio da Igreja; bons e maus vivendo num único seio materno, até que finalmente um dia serão separados”.

Ele ainda diz: “Eis o seio materno da Igreja que sofre com o gemido das dores agudas, lancinantes. Povo bom e povo mau: todos os dois lutam num único ventre; um contra o outro lutam nas vísceras de uma única mãe. É o Cristo que se angustia e sofre para dar à luz...”

São João Crisóstomo escreve: “Também esta nau (a Igreja) encontra-se, muitas vezes, no meio de tempestades provenientes não apenas de fora, mas também de dentro”.

O mesmo Santo escreve: “Não quero mencionar os fatos de que alguns, só para conseguir o cargo de chefe da Igreja, cometeram até assassínios dentro das comunidades e devastaram cidades inteiras”.

O Papa Francisco escreve: Os Atos dos Apóstolos recordam-nos que os primeiros cristãos se distinguiam pelo fato de terem “um só coração e uma só alma” (At 4, 32); além disso, o apóstolo Paulo exortava as suas comunidades a não se esquecerem de que constituem “um só corpo” (1 Cor 12, 13). No entanto, a experiência revela-nos que se cometem muitos pecados contra a unidade. E não pensemos unicamente nos cismas, mas também nas faltas muito comuns cometidas nas nossas comunidades, nos pecados “paroquiais”, nos pecados que se cometem nas paróquias. Com efeito, às vezes as nossas paróquias, chamadas a serem lugares de partilha e de comunhão, são tristemente marcadas por invejas, ciúmes, antipatias... E as bisbilhotices estão ao alcance de todos. Quantas intrigas há nas paróquias! Isto não é bom. Por exemplo, quando alguém é eleito presidente de uma associação, tagarela-se contra ele. E se uma outra pessoa é eleita presidente da catequese, as outras mexericam contra ela. Mas esta não é a Igreja! Isto não se deve fazer, não devemos agir assim! É necessário pedir ao Senhor a graça de não agir deste modo. Isto acontece quando aspiramos aos primeiros lugares; quando nos pomos a nós mesmos no centro, com as nossas ambições pessoais e com os nossos modos de ver a realidade, quando julgamos o próximo; quando observamos os defeitos dos irmãos e não as suas qualidades; quando atribuímos maior importância ao que nos divide, do que àquilo que nos irmana... Diante de tudo isto, devemos fazer um sério exame de consciência. Numa comunidade cristã, a divisão é um dos pecados mais graves, porque a torna sinal não da obra de Deus, mas do Diabo, o qual é por definição aquele que separa, que arruína os relacionamentos, que insinua preconceitos... A divisão numa comunidade cristã, quer se trate de uma escola, de uma paróquia ou de uma agremiação, constitui um pecado gravíssimo, porque é obra do Diabo. Deus, ao contrário, quer que cresçamos na capacidade de nos aceitarmos, de perdoarmos e de nos amarmos uns aos outros, para nos assemelharmos cada vez mais Àquele que é comunhão e caridade. Eis no que consiste a santidade da Igreja: em reconhecer-se à imagem de Deus, repleta da sua misericórdia e graça. Peçamos sinceramente perdão por todas as vezes que constituímos ocasião de divisão ou de incompreensão no seio das nossas comunidades, conscientes de que não chegaremos à comunhão, a não ser através de uma conversão contínua. Em que consiste a conversão? Consiste em pedir ao Senhor a graça de não bisbilhotar, de não criticar, de não fazer mexericos, de amar a todos. É uma graça que o Senhor nos concede. É nisto que consiste a conversão do coração.

 

 

 

Ver outros retiros