A calúnia
(Pe. Divino Antônio Lopes FP.)
I Ponto
Que é a calúnia?
Caluniar
é atribuir falsamente a
alguém defeito que não tem ou falta que não cometeu.
A calúnia
sempre encerra uma mentira, uma ofensa à
caridade e uma injustiça; portanto,
é sempre pecado quer seja dirigida contra o indivíduo, quer
contra a Religião, a Igreja, o Papado, o clero... A
gravidade deste pecado infere-se (concluir, deduzir)
da importância do mal atribuído ao próximo (cfr. Mons.
Cauly, Curso de Instrução Religiosa).
Torna-se culpado de
calúnia “aquele que, por
palavras contrárias à verdade, prejudica a reputação dos
outros e dá ocasião a falsos juízos a respeito deles”
(Catecismo da Igreja Católica).
O Pe. Leo J.
Trese escreve:
“A calúnia é um dos
piores pecados contra o oitavo mandamento, porque combina um
pecado contra a verdade (mentir) com um pecado contra
a justiça (ferir o bom nome alheio) e a caridade
(falhar no amor devido ao próximo)”
(A fé explicada).
A calúnia
“consiste
em imputar (atribuir) a outrem defeitos ou pecados
que não tem ou não cometeu”
(Ricardo Sada e
Alfonso Monroy, Curso de Teologia Moral).
II Ponto
A calúnia destrói a reputação e
a honra do próximo
O Catecismo da Igreja
Católica, n.º 2479, ensina que a calúnia
destrói a reputação (fama, renome) e a honra do
próximo (boas qualidades humanas):
“Ora, a honra é o testemunho social
prestado à dignidade humana. Todos gozam de um direito
natural à honra do próprio nome, à sua reputação e ao seu
respeito. Dessa forma... a calúnia fere as virtudes da
justiça e da caridade”.
O Pe. Leo J.
Trese ensina:
“A calúnia fere o
próximo onde mais dói: na sua reputação. Se roubamos
dinheiro a um homem, este pode irar-se ou entristecer-se,
mas, normalmente, acabará por refazer-se dessa perda. Quando
manchamos o seu bom nome, roubamos-lhe algo que todo o
trabalho do mundo não lhe poderá devolver. É fácil ver,
pois, que o pecado de calúnia é mortal se com ele
prejudicamos seriamente a honra do próximo, ainda que seja
na consideração de uma só pessoa e mesmo que esse próximo
não tenha notícia do mal que lhe causamos”
(A fé explicada).
III Ponto
Dever de reparação
O Catecismo da Igreja
Católica ensina: “Toda falta
cometida contra a justiça e a verdade impõe o dever de
reparação, mesmo que seu autor tenha sido perdoado. Quando
se torna impossível reparar um erro publicamente, deve-se
fazê-lo em segredo; se aquele que sofreu o prejuízo não pode
ser diretamente indenizado, deve-se dar-lhe satisfação
moralmente, em nome da caridade. Esse dever de reparação se
refere também às faltas cometidas contra a reputação de
outrem. Essa reparação, moral e às vezes material, será
avaliada na proporção do dano causado e obriga em
consciência” (2487).
O Monsenhor Cauly escreve:
“Deve-se reparar esta falta
restabelecendo a verdade junto daqueles a quem foi feita a
calúnia e compensando todo o prejuízo que dela resultou”
(Curso de Instrução Religiosa).
Ricardo Sada e Alfonso Monroy
ensinam:
“Aquele que injustamente lesa a fama
do próximo tem obrigação de a reparar quanto antes, e deve
reparar também os prejuízos originados nessa difamação... Se
se trata de calúnia, não há outra solução senão desdizer-se,
mesmo que esta confissão tire boa fama do caluniador”
(Curso de Teologia Moral).
IV Ponto
Direito de defender a boa fama
São Francisco de Sales
escreve: “... é necessário
defender-se tranquilamente a reputação das ofensas
recebidas” (Filotéia, Parte III, 7).
Santa Cunegundes
“... defendeu a sua honra diante de
seus servos, uma vez que o caso estava se agravando a ponto
de destruir o seu matrimônio” (Dom Servílio
Conti, O Santo do dia).
O Bem-aventurado
João Batista Scalabrini disse:
“Não calarei’, ao
ser aconselhado pelo Cardeal Jacobini de guardar silêncio
diante das calúnias”
(Redovino Rizzardo, Vida de
João Batista Scalabrini).
São Tomás de Cantalupo:
“O arcebispo de Cantuária, não
conseguindo dobrar a retidão de Tomás, caluniou-o e o
excomungou. Tomás então recorreu a Roma apelando ao Papa
Martinho IV. Papa e cardeais reconheceram de fato a
inocência do bispo Tomás” (Dom Servílio
Conti, O Santo do dia).
Jesus Cristo se
defendeu:
“Durante o
julgamento de Cristo diante do Sinédrio, um servo do Sumo
Sacerdote deu uma bofetada no Senhor, que tinha respondido a
uma pergunta de Caifás. E Jesus defendeu-se, dizendo: ‘Se
falei mal, mostra-me em quê; mas, se falei bem, por que me
bates?’ (Jo 18, 23). Jesus deu-nos o exemplo de como se deve
defender a boa fama quando injustamente nos atacam”
(Ricardo Sada e
Alfonso Monroy, Curso de Teologia Moral).
Susana se
defendeu e pediu justiça:
“Ó Deus eterno, que
conheces as coisas ocultas, que sabes todas as coisas antes
de sua origem, tu sabes que é falso o testemunho que
levantaram contra mim”
(Dn 13, 42-43).
São Paulo
Apóstolo se defendeu:
“Irmãos e pais,
escutai a minha defesa, que tenho agora a vos apresentar”
(At 22, 1),
e:
“Ciente de que há muitos anos és o juiz desta nação, de bom
ânimo passo a defender a minha causa”
(At 24, 10-11),
e também:
“Quando este
compareceu, os judeus que haviam descido de Jerusalém o
rodearam, aduzindo muitas e graves acusações, as quais,
porém, não podiam provar. Paulo, defendendo-se, dizia: ‘Não
cometi falta alguma contra a Lei dos judeus, nem contra o
templo, nem contra César”
(At 25, 7-8),
e ainda:
“Dirigindo-se a Paulo, disse Agripa: ‘Tens permissão de
falar em teu favor’. Então, estendendo a mão, começou Paulo
a sua defesa: ‘Considero-me feliz, ó rei Agripa, por poder
hoje, diante de ti, defender-me de todas as coisas de que
pelos judeus sou acusado. Tanto mais porque estão ao
corrente de todos os costumes e controvérsias dos judeus,
razão também pela qual te peço que me escutes com paciência”
(At 26, 1-3).
V Ponto
Pecamos quando escutamos com
agrado a calúnia
O oitavo mandamento proíbe
não apenas pecados de palavra e de mente, mas também de
ouvido. Pecamos quando escutamos com agrado a calúnia e a
difamação, ainda que não digamos uma só palavra. Esse mesmo
silêncio fomenta que se difundam murmurações maliciosas. Se
o nosso gosto em escutar se deve a mera curiosidade, o
pecado é venial. Mas se a atenção que prestamos for devido
ao ódio à pessoa difamada, o pecado será mortal. Se se ataca
a fama de alguém na nossa presença, temos o dever de cortar
a conversa, ou, pelo menos, de mostrar pela nossa atitude
que o tema não nos interessa (cfr. Pe. Leo J. Trese, A fé
explicada).
VI Ponto
Pensamentos sobre a calúnia
A – Pe. Orlando Gambi
(Paz e bem)
1. “Há lugares que são chamados ‘boca de lixo’. Que nome dar à boca do
caluniador?!”
2.
“Proferir uma calúnia certamente é
um mal. Divulgá-la é diabólico!”
3.
“A calúnia faz o mal andar a galope!”
4.
“Quem calunia revela um ódio incrível!”
5.
“A calúnia é o modo mais vil de perseguir!”
6.
“O caluniador não quer apenas o mal dos outros. Quer a
morte!”
7.
“Quem quer subir caluniando, certamente descerá caindo!”
8.
“O sono do caluniador, em geral, é mais pesadelo do que
descanso!”
9.
“Se o pai da mentira é o demônio, que demônio há de ser o
pai da calúnia?!”
10.
“Ninguém deve dar explicação ao caluniador. Não é isso que
ele quer!”
11.
“Não é só um demônio, mas é todo o inferno que aplaude o
caluniador!”
12.
“A calúnia quando vai, não volta sem matar!”
B – Pe. Francisco Faus
(A língua)
1. “A calúnia morde num membro são – num aspecto da conduta do próximo
que é sadio – e instila-lhe veneno mortífero”.
2.
“Caluniar é falar mal dos outros, mas acrescentando à critica a
mentira”.
3.
“Toda calúnia é uma infâmia e traz, mais vincada ainda que a
maledicência, a marca da injustiça”.
4.
“Infelizmente, caluniar transformou-se num ‘esporte social’, que com
demasiada frequência se pratica nas conversas privadas e nos
meios de comunicação”.
VII Ponto
É uma caridade descobrir o lobo
São Francisco de Sales escreve:
“Enfim, censurando algum defeito, devemos poupar a pessoa
tanto quanto podemos. É verdade que se pode falar
abertamente dos pecadores públicos reconhecidos como tais,
mas deve ser em espírito de caridade e compaixão e não com
arrogância ou presunção por um certo prazer que se ache
nisso; este último sentimento denotaria um coração baixo e
vil. Excetuo somente os inimigos de Deus e da Igreja, porque
a estes devemos combater quanto pudermos, como sãos os
chefes de heresias, cismas, etc. É uma caridade descobrir o
lobo que se esconde entre as ovelhas, em qualquer parte onde
o encontramos” (Filotéia).
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