Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Sexta palestra / Sexta conferencia

 

Português

 

O QUE PENSAR DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA?

 

(Explicação e orientação)

 

(Pe. Franz Hörl)

 

O movimento da “Renovação Carismática” (“RCC”) é controvertido.

No centro de suas práticas está o “batismo no Espírito pela imposição das mãos”, que conferiria “carismas” como o “dom de línguas”, o “dom de cura”. Os “carismáticos” celebram a Eucaristia em meio a cantos e danças ao de música “rock”.

Bispos e estudiosos tem apontado desvios doutrinários, criticado o interconfessionalismo do movimento e denunciado perigosas manifestações de histeria, semelhantes às que ocorrem por vezes em estádios de futebol (Veja: “Catolicismo” (Mensário com aprovação eclesiástica) número 296/298 de 1975).

 

1.º As origens da Renovação Carismática “RCC”.

 

A Renovação Carismática tem as suas origens na Igreja Católica?

NÃO! A Renovação Carismática surgiu em seitas protestantes do Pentecostalismo.

 

As seitas protestantes do Pentecostalismo possuem o Espírito Santo?

NÃO! O Pentecostalismo não possui o Espírito Santo; muito pelo contrário, é classificado pela Igreja uma forma de espiritismo que implica obsessão pelos demônios ou maus espíritos.

 

A Igreja Católica permite a seus fiéis práticas espíritas?

NÃO! A Igreja Católica condena o espiritismo e proíbe rigorosamente ao fiel católico qualquer prática ou participação do espiritismo, dizendo que certas manifestações de espiritismo devem ser atribuídas à intervenção de Satanás e avisando aos fiéis para não concederem ao espiritismo nenhum apoio, de espécie alguma, nem sequer de assistir de maneira alguma, por curiosidade às assembleias pentecostais (Concílio Plenário de Baltimore – EUA).

O Catecismo da Fé Católica ensina: Os membros de denominações protestantes são hereges, porque fazem questão de serem cristãos; rejeitam, porém, uma ou várias verdades reveladas por Deus. O católico comete pecado contra a fé participando em culto não católico, porque assim ele professa que tem fé numa religião de que se sabe que é errada. É errado, não somente participar, mas até tão somente estar presente em cultos protestantes, porque tais cultos pretendem honrar a Deus de uma maneira que Ele não quer. Se o próprio Deus instituiu a Igreja, Ele certamente deseja ser honrado dos modos desta Igreja (Em tradução do inglês; “My Catholic Faith” 1960, pág 203).

Observação: Escrevem os “carismáticos” no “Boletim Nacional” da “RCC”, n.º 2/1987, pág. 2 : “A Renovação do Espírito... surgiu da Igreja, encontra-se no coração da Igreja...”

Esta asserção contradiz aos fatos históricos e, portanto, é mentira!

 

2.º A “RCC” e a Igreja Católica.

 

A RCC é católica?

NÃO! De uma “raiz” protestante-pentecostalista-espírita é impossível nascer um “caule” católico: Em 1967, nos Estados Unidos da América, os fundadores da Renovação receberam o “Batismo do Espírito” da seita pentecostalista. Esta seita – como vimos – pratica uma forma de espiritismo e não possui senão o Espírito do “Pai da Mentira”.

 

A RCC é aprovada pela Santa Sé?

NÃO! Até hoje (1992, ano em que foi escrito esse folheto) não existe nenhum decreto que segundo aos cânones 312 e 314 do Código de Direito Eclesiástico aprovasse a Renovação Carismática como movimento católico!

A assistência de representantes da hierarquia eclesiástica a “Congressos Carismáticos” não significa, de modo algum, qualquer aprovação legal!

 

A Renovação Carismática quer renovar a Igreja Católica de verdade?

Não! A RCC julga a Igreja Católica “institucionalizada” como ultrapassada e morta. O que a “RCC” realmente quer é formar uma nova Igreja “viva”, não-institucionalizada, baseada não nos sacramentos, mas nos “carismas”.

A RCC produz “curto-circuito” na Igreja e opera com substitutos dos Sacramentos (Assim disse o Arcebispo de Portland, Oregan Mons. Robert J. Dwyer “Catolicismo”: Pentecostalism “Católico”: perplexidades, apreensões e suspeitas. Pág. 11s).

À arrogância dos “carismáticos” de julgar a Igreja católica “ultrapassada” e “morta”, carente da presença e ação do Espírito Santo, respondemos com o Papa Leão XIII: O Espírito Santo assiste à Igreja com a sua presença íntima, para que possa ininterruptamente fecundar sempre em maior abundância os germes da doutrina divina e produzir exuberantes frutos para a salvação dos povos. O Espírito Santo proporciona à Igreja uma vida e uma pujança eternas para a sua conservação e contínuo crescimento. Não é absolutamente admissível excogitar-se ou guardar uma segunda, mais ampla e fecunda, “aparição ou revelação do Espírito Divino”; a que atualmente se efetua na Igreja é deveras perfeita. Escrito em 1897. (Veja: Carta Encíclica sobre a Virtude do Espírito Santo; Edições Louva-a-Deus; Rio de Janeiro, pág. 11s).

 

3.º Os carismas ou “dons” especiais.

 

O homem pode provocar o Espírito Santo a dispor os seus carismas à qualquer hora?

NÃO! É presunção achar que o Espírito Santo disponha os seus dons extraordinários a qualquer pessoa e a qualquer hora.

 

O fiel católico tem direito de pedir carismas para experimentar sensivelmente a presença e ação do Espírito Santo?

NÃO! Pedir a experiência da ação do Espírito Santo é contrário à doutrina e a prática da Igreja, porque atrai muitas tentações e perigos.

Todos os santos ensinam a abnegação e não a satisfação dos sentidos!

 

Há o “dom de línguas” hoje em dia?

NÃO! A presença do Espírito Santo não se marca pelo dom de línguas, porque o Espírito Santo opera de modo invisível a santificação! Assim ensina o Ritual da Confirmação de 1975 da Igreja católica Apostólica Romana. Exatamente para a hora da administração do Sacramento da Crisma, que seria, pois, ocasião preeminente do Espírito Santo as pessoas “falar em línguas”, o Ritual diz: a vinda do Espírito Santo não se manifesta hoje pelo dom das línguas.

 

Quanto ao falar em línguas – um proferir confuso de tons impossíveis de identificar – é comumente sabido que pode ser um fenômeno natural, sobretudo de pessoas nervosas, facilmente excitáveis, exaltadas, alucinadas. É mencionado já nos primeiros escritos dos egípcios... Em numerosos casos de possessão, as pessoas possessas pelo diabo falam “em línguas”.

Não existe razão atribuir ao Espírito Santo o falar em línguas, sobretudo não diante de todo o ambiente do Pentecostalismo e da Renovação (Assim diz o Pe. Eugene Villeurbanne na sua obra em francês: “Iluminisme 67”, um faux Renouveau: Le Pentecotisme dit “Catholique”, 1974. Citado em alemão no artigo “Der Charismatische Auforuch” de Andreas Schönberger, na revista “Der Feis”, pág 118).

O dom das línguas não existe na vida dos santos, tampouco na história da mística católica; e, sobretudo, Jesus Cristo não falou em línguas!

Toda a tradição da Igreja desconhece a experiência sensível do Divino: diz o Papa Leão XIII: E porque as ditas vozes e moções se realizam na alma de modo absolutamente secreto, com muito acerto a Escritura sagrada as compara algumas vezes ao sopro da brisa; e o Doutor Angélico assemelha-as habilmente às pulsações do coração, cuja força toda se oculta inteiramente dentro do ser animado (“A Virtude do Espírito Santo”, pág. 17).

 

4.º Avaliação da “RCC”.

 

A Renovação Carismática que se diz católica está sendo comumente aceita na Igreja Católica!

NÃO! A abundante maioria dos católicos fiéis não aceita a RCC por causa de alienações, exageros, abusos, desvios que inerentes ao “sistema” – ou melhor – anti-sistema dos “carismáticos”; tais são por exemplo:

a) Insubmissão ou menosprezo da autoridade hierárquica da Igreja.

b) Exploração da emotividade do povo através de impactos provocados ou de exagerado sentimentalismo no modo de falar, gesticular, conduzir-se, cantar ou rezar. Tudo isso significa: Confundir fé com emoção!

c) Uso do “dom das línguas” para exaltação pessoal que não edifica a comunidade.

d)  Abuso do dom das curas.

e) Abuso do gesto da imposição das mãos que é reservado ao sacerdote em determinados atos litúrgicos.

f) Abuso de bênçãos por parte de leigos.

g) Participação de espíritas, protestantes, católicos no mesmo “grupo de oração”; etc., etc.

 

A RCC ajuda ao fiel católico a reavivar e praticar mais intensamente a fé católica?

NÃO! A RCC provinda do Protestantismo pentecostalista, baixa a vivência na Igreja ao nível do Protestantismo. A realidade é lamentavelmente que não poucos católicos se tornaram protestantes sob a influência da RCC.

Que culpa para os pastores responsáveis que apóiam ou mesmo só toleram a RCC no próprio território! Cada alma será deles cobrada!

 

Pode-se aconselhar aos fiéis católicos aceitar convites de participar em “grupos de oração” da RCC?

NÃO! A participação em tais grupos sincretistas (isto é, que misturam as “religiões”) significa expor-se ao perigo de perder a única verdadeira fé que é a Fé Católica e assim perder a salvação eternamente.

 

São Francisco de Sales, Bispo e Doutor da Igreja escreve: “Há almas que dizem ser guiadas unicamente pelo Espírito. E acham que tudo quanto lhes vem na mente sejam inspirações e moções do Espírito Santo que as pegue na mão e em tudo quanto elas querem fazer as conduza, em que estão muito enganadas”.

 

A alma jamais se há de atrever a querer admitir comunicações extraordinárias, mesmo mandadas por Deus. Porque daí resulta a perfeição da fé vai diminuindo; pois tudo que se experimenta sensivelmente, muito prejudica a fé, a qual ultrapassa todo o sentido. “As impressões sensíveis são impedimento para o espírito, quando não são recusadas; porque se detendo nelas não pode voar o mesmo espírito ao que é invisível... querendo admitir esses favores de Deus, a alma abre a porta ao demônio para enganá-la com outros semelhantes pois,  como disse o Apóstolo,pode o inimigo transformar-se em anjo da luz (2 Cor 11, 14) e sabe muito bem dissimular e disfarçar as suas sugestões com aparências de boas... Convém, pois, a alma repelir de olhos fechados essas representações, venham de onde vierem. Se assim não fizesse, daria tanta entrada as do demônio e a este tanta liberdade, que não somente teria visões diabólicas a par das divinas, mas aquelas iriam se multiplicando e estas cessando de tal maneira que viria tudo a ser do demônio e nada de Deus. Assim tem acontecido a muitas pessoas incutas e ignorantes” (São João da Cruz, Religioso e Doutor da Igreja, “Obras Completas”, Livro 2, Subida do Monte Carmelo, cap. 11: Ed. Vozes, 1984, pág. 219s).

 

 

 

 

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