OS DOIS CAMINHOS
(Mt
7, 13-14)
(Pe. Divino Antônio
Lopes FP.)
(resumo)
“Entrai pela
porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que
conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele.
Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à
Vida. E poucos são os que o encontram”.
“Entrai pela
porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que
conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele”
(Mt 7, 13).
A primeira palavra do versículo 13 é
“Entrai”. Este
verbo no Evangelho de São Mateus tem frequentemente como
termo o “Reino dos Céus”
ou as suas expressões equivalentes (a Vida, o banquete
nupcial, o gozo do Senhor, etc.). Podemos interpretar
que “entrai”
constitui um convite imperioso.
Nosso Senhor, nesse versículo 13, nos convida
a entrarmos pela porta estreita dizendo:
“Entrai pela porta estreita”,
isto é, levar uma vida de temperança e de mortificação,
porque esse é o caminho percorrido pelos que desejam
realmente alcançar a salvação eterna.
O Pe. Francisco Fernández Carvajal escreve:
“(O homem) busca o mais cômodo e
agradável, (aquilo) que agrada o corpo, e o mesmo foge do
sacrifício e da penitência. O homem tende a ir pelo caminho
mais largo e cômodo da vida. Prefere uma porta ampla que não
conduz ao céu: muitas vezes lança-se sem medida sobre as
coisas, sem regra nem temperança”.
Está claro que este caminho largo e espaçoso
conduz à perdição eterna, isto é, ao inferno, e Cristo Jesus
diz que são muitos os que entram por ele.
Quem faz parte desta multidão que percorre o
caminho largo e espaçoso? É muito simples! Basta prestar um
pouco de atenção e você descobrirá que não é um pequeno
grupo; e sim, uma multidão.
Faz parte desta grande multidão:
1. Os blasfemadores que, nos ônibus,
pelas ruas, em casa, nas oficinas, lançam contra Deus, Nossa
Senhora e os santos, palavras injuriosas e obscenas; isto é,
xingam o céu sem nenhum remorso; cantam músicas imorais com
o nome de Deus, contam piadas com o nome dos santos, etc; e
tudo com zombarias e gargalhadas. Lembre-se de que a
blasfêmia, por natureza, é sempre pecado mortal, porque
sempre supõe uma grave desonra a Deus.
2. Os que profanam o dia do Senhor,
isto é, o domingo: com bebedeiras, discursos malignos e
porcos, com bailes e luxúria de toda espécie... Esta é a
“liturgia” que o demônio faz celebrar no lugar da
liturgia verdadeira. O 3º mandamento da lei de Deus ordena:
“Guardar domingos e festas”.
3. As mulheres que usam roupas imorais,
verdadeiras tarrafas de satanás. A roupa imoral é a tarrafa
que o demônio usa para pescar as almas dos homens curiosos,
que olham para essas discípulas de Satanás com desejo. Santo
Antão escreve: “Basta um olhar
impuro para abrir as portas do inferno”. Está
claro que esses homens curiosos pecam. O mau exemplo da moda
imoral já arrastou e continua arrastando milhares de pessoas
de todas as idades para o abismo do mal, principalmente os
homens curiosos.
Existe no inferno um lugar preparado para as
mulheres que usam roupas imorais, isto é, para as mulheres
escandalosas. São João Eudes escreve:
“Certamente, uma mulher que veste
roupa imoral pode condenar-se. E pode condenar-se, pelo
pecado que comete ela mesma, quer por que causa a condenação
de outras pessoas”.
Em Mt 18, 6 diz: “Caso alguém escandalize um destes pequeninos que crêem em mim, melhor será
que lhe pendurem ao pescoço uma pesada mó e seja precipitado
nas profundezas do mar”. Está claro que as
mulheres que usam roupas imorais andam pelo caminho largo e
espaçoso que conduz ao inferno.
4. Os adúlteros. O Catecismo da Igreja
Católica no nº 2.380 diz: “Quando
dois parceiros, dos quais ao menos um é casado, estabelecem
entre si uma relação sexual… cometem adultério”.
O adúltero é injusto, traidor e irresponsável, e o mesmo
sepulta a sua família no túmulo da infidelidade. Existem
milhões de adúlteros percorrendo o caminho largo e espaçoso.
5. Os jovens namorados que cometem
fornicação. O Catecismo da Igreja Católica, no nº 2.353
diz: “A fornicação é a união
carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres”.
Faz parte também da multidão que anda pelo
caminho largo e espaçoso: as pessoas que apóiam o
homossexualismo ou que vivem mergulhados nesta aberração;
aqueles que colecionam revistas pornográficas, os que passam
horas e horas trancados em seus quartos olhando pornografia
na internet... esses estão caminhando para a perdição
eterna, para o inferno. Em Mt 7, 13 diz:
“E muitos são os que entram por esse
caminho”.
6. Os bêbados. Que bebem bebidas
alcoólicas, isto é, a urina de Satanás e que cometem
loucuras. Esses vivem a “cercar frangos” no meio do
caminho; agridem a família com tapas e palavras duras,
causam acidentes no trânsito, assassinam o próximo e
envergonham a família. A Palavra de Deus em 1 Cor 6, 10 diz
que “…os bêbados não herdarão o
Reino de Deus”. A Sagrada Congregação para a
Doutrina da Fé declara: “… o
homem peca mortalmente não só quando a sua ação procede de
menosprezo direto do amor de Deus e do próximo, mas também
quando, consciente e livremente elege um objeto gravemente
desordenado, seja qual for o motivo da sua escolha”.
7. O filho malcriado e ingrato que
grita com os pais, que responde com azedume os mesmos,
ameaça-os de agressão ou até mesmo os agride, e até lhes
tira a vida usando armas ou de tanto lhes causar desgosto.
Existe filho tão horroroso e duro de coração que só para de
maltratar os pais depois que os vê dentro de um caixão. Em
Ex 20, 12 diz: “Honra teu pai e
tua mãe”; em Eclo 3, 8 diz também:
“Em atos e palavras respeita teu
pai, a fim de que venha sobre ti sua bênção”, e
no mesmo livro 3, 12 diz ainda:
“Filho, cuida de teu pai na velhice…” Existe
filho que não vê a hora dos pais envelhecerem para
colocá-los no asilo. Penso que uma “coisa” desta nem
merece sepultura quando morrer; deveria ser comida para os
urubus. Esse tipo de gente caminha para o inferno. Em Eclo
3, 16 diz: “É como um
blasfemador, aquele que despreza seu pai, e um amaldiçoado
pelo Senhor aquele que irrita a sua mãe”. O
Catecismo da Igreja Católica no nº 2.218 diz:
“O quarto mandamento lembra os
filhos adultos suas responsabilidades para com os pais.
Enquanto puderem, devem dar-lhes ajuda material e moral nos
anos da velhice e durante o tempo de doença, de solidão ou
de angústia”.
8. Aquela pessoa que foge da cruz e que
busca uma vida fácil, cômoda e preguiçosa... que
busca uma vida sem compromisso e um cristianismo sem cruz...
que foge de qualquer sacrifício e que não se preocupa nem
com a própria salvação. São João da Cruz escreve:
“Ame muito o sacrifício e tenha-o em
conta de pouco para cair em graça ao Esposo, que por sua
causa não hesitou em morrer”.
9. O assassino. Lembre-se de que só
Deus dá a vida; só Deus pode tomá-la. Cada alma é individual
e pessoalmente criada por Deus, e só Deus tem o direito de
decidir quando o seu tempo de permanência na terra terminou.
O Catecismo da Igreja Católica no nº 2. 268 diz:
“O assassino e os que cooperam
voluntariamente com o assassinato cometem um pecado que
clama ao céu por vingança”.
Sobre o crime do aborto, a Igreja Católica
diz o seguinte para as mães assassinas e para os
“açougueiros”, isto é, para os cooperadores do crime:
“A vida humana deve ser respeitada e
protegida de maneira absoluta a partir do momento da
concepção… O aborto direto, quer dizer, querido como um fim
ou como um meio, é gravemente contrário à lei moral… A
cooperação formal para um aborto constitui uma falta grave”
(Catecismo da Igreja Católica, nº 2.270 e 2.271).
Está claro que o assassino percorre o caminho
largo e espaçoso que conduz ao inferno.
10. O Caluniador.
Existem pessoas que não rezam com o coração,
por isso, não mudam de vida e também vivem desocupadas;
assim, soltam suas línguas assassinas e caluniadores,
verdadeiras serpentes venenosas, contra a honra do próximo
com a intenção de destruí-la. O Catecismo da Igreja Católica
no nº 2.479 diz: “Maledicência e
calúnia destroem a reputação e a honra do próximo”.
A calúnia é um pecado gravíssimo. O Pe. Leo
Trese escreve: “A calúnia é um
dos piores pecados contra o oitavo mandamento, porque
combina um pecado contra a verdade (mentir) com um pecado
contra a justiça (ferir o bom nome alheio) e a caridade
(falhar no amor devido ao próximo). A calúnia fere o próximo
onde mais dói: na sua reputação (fama)”.
Lembre-se de que o desejo do caluniador é de
destruir o próximo usando a língua como arma, como está no
Salmo 52, 4: “Tua língua é
navalha afiada, autora de fraudes”.
O Pe. Orlando Gambi escreve:
“Não é só um demônio, mas é todo o
inferno que aplaude o caluniador”, e o mesmo diz:
“A calúnia é a mais perigosa arma
da inveja”.
Está claro que o caluniador percorre o
caminho largo e espaçoso.
Neste versículo 13 do capítulo 7 de São
Mateus diz que o caminho largo e espaçoso conduz à perdição,
isto é, ao inferno, e muitos são os que entram por ele.
A Palavra de Deus é verdadeira. Ele, o Deus
verdadeiro, não engana ninguém e também não mente. Basta dar
uma olhada dentro da sua própria casa para descobrir muitos
seguidores do caminho largo e espaçoso que conduz ao
inferno. Olha também o bairro ou a fazenda onde você mora, e
verá uma multidão de pessoas percorrendo o caminho largo e
espaçoso; ou então, olhe para de você... quem sabe você
esteja também percorrendo esse caminho que conduz ao
inferno.
Como já foi falado, milhares preferem uma
vida fácil sem sacrifício... sem cruz; preferem percorrer o
caminho que conduz ao inferno.
Com certeza, quando esses preguiçosos
estiverem mergulhados no fogo do inferno dirão, como escreve
Santo Afonso Maria de Ligório:
“Se me tivesse mortificado para não olhar aquele objeto, se
tivesse vencido o respeito humano ou tal amizade, não me
teria condenado”. Mas será tarde! Quem percorrer
o caminho largo e espaçoso e nele morrer será condenado ao
inferno.
“Estreita, porém,
é a porta e apertado o caminho que conduz à Vida. E poucos
são os que o encontram” (Mt 7, 14).
Para se salvar é preciso entrar pela porta
estreita e percorrer o caminho apertado. O Pe. Francisco
Fernández Carvajal escreve:
“Percorrer o caminho de uma vida cristã generosa, sincera e
dura, é custoso, mas a sua meta é a Vida ou Salvação eterna”;
e o Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena também escreve:
“Oferece Jesus a abundância da vida,
mas pede a generosidade da adesão, a totalidade do amor e,
portanto, da renúncia. Ele (Jesus) quer tudo: o coração, a
vontade, os afetos mais caros, a casa, os haveres e até a
vida… a todos pede Jesus estarem sempre prontos a sacrificar
qualquer afeto, qualquer coisa, e até a própria vida quando
necessário, para serem totalmente fiéis em ouvir e seguir o
Senhor”.
Para entrar no céu é preciso percorrer o
caminho apertado da temperança, da penitência, da renúncia e
do desapego, como escreve o Cônego Duarte Leopoldo:
“Jesus não oculta a severidade e
rigidez dos preceitos evangélicos, mas aponta, para a
recompensa final – o céu por toda a eternidade. Além disso,
para suavizar o que de penoso encontra a natureza na prática
da Religião, temos a graça que Deus não recusa a ninguém”,
e Santo Tomás de Aquino também diz:
“Para salvar-se, basta querer”,
e o Pe. Francisco Fernández Carvajal escreve ainda:
“A temperança é necessária nesta
vida para podermos entrar no céu. Pede-se aos cristãos que
estejam desprendidos dos bens que possuem e usam, que evitem
a preocupação desmedida… quanto ao necessário, que usem dele com austeridade, que é sinal de retidão de
intenção”.
Precisamos viver como pessoas que possuem uma
profunda fé em Deus e na vida eterna; não podemos nos
agarrar e seguir aquilo que passa, porque com certeza nos
condenaríamos; precisamos sim, vivermos atentos e
percorrermos o caminho estreito. Em Lc 21, 34 diz:
“Cuidado para que vossos corações
não fiquem pesados pela devassidão, pela embriaguez, pelas
preocupações da vida, e não se abata repentinamente sobre
vós aquele Dia”.
É preciso lembrar com frequência de que o
caminho apertado conduz à vida Eterna, isto é, ao céu; por
isso, não podemos vacilar nem perder tempo... entremos por
ele e estaremos seguros. Façamos em todos os momentos a
vontade de Deus, vivamos bem e santamente cada minuto, isto
é, o momento presente; lutemos para não apegarmos às coisas
caducas deste mundo; rezemos fervorosamente e vivamos sempre
unidos a Deus, abracemos com generosidade e amor as
provações que aparecerem, etc; e assim, estaremos
percorrendo o caminho apertado. Não tratemos o nosso corpo
com regalias e mimos, pelo contrário, o mortifiquemos,
porque a sobriedade facilita o trato com Deus, como escreve
São Pedro de Alcântara: “Com o
corpo pesado e enfartado de alimento, a alma está muito mal
aparelhada para voar para o alto”.
O caminho que Jesus Cristo nos indica é
alegre, mas, ao mesmo tempo, é caminho de cruz, do
sacrifício, de temperança e de mortificação; mas é o caminho
que nos conduz ao céu, é realmente um caminho difícil de ser
percorrido, mas é um caminho seguro; por isso, andemos
apressadamente por ele e não saiamos jamais do mesmo, e
receberemos o Céu, a Felicidade Eterna por recompensa; não
olhemos tanto para os obstáculos, e sim, para a recompensa
eterna, como escreve São José Calazans:
“Para ganhar o céu, todo sofrimento
é pouco”, e em Rm 8, 18 diz:
“Os sofrimentos do tempo presente
não tem proporção com a glória que deverá se revelar em nós”,
e Santo Afonso Maria de Ligório escreve:
“Seria uma grande vantagem sofrer a vida inteira todos os tormentos
sofridos pelos mártires, só para gozarmos um momento do céu”,
e em 2 Cor 4, 17 diz também: “As
nossas tribulações do momento são leves e nos preparam um
peso de glória eterna”.
É possível se salvar fora do caminho
estreito? Não é possível. E para dar essa resposta basta
citar as palavras de Jesus Cristo. Em São Lucas 13, 22-24
diz: “Jesus atravessava cidades e
povoados, ensinando e encaminhando-se para Jerusalém. E
alguém lhe perguntou: ‘Senhor, é pequeno o número dos que se
salvam?’ Ele respondeu: ‘Esforçai-vos por entrar pela porta
estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e
não conseguirão’”. E em Mt 7, 14 diz:
“E poucos são os que o encontram”,
isto é, poucos são os que encontram o caminho estreito.
Cristo Jesus aponta o caminho estreito como
um caminho seguro para o céu... realmente, o caminho
estreito é seguro e sólido.
Muitos são desejosos de entrarem no céu, mas
quando lhes apresentam a porta estreita e o caminho
apertado, isto é, a vida de renúncia, penitência,
temperança, oração, vivência dos mandamentos, etc., agem com
desprezo e revolta e dizem que não são fanáticos e que
preferem continuar como estão. Mundo está cheio desse tipo
de gente que ama a Deus da boca para fora... são os
católicos de rótulos e de fachada... são os piores inimigos
da religião.
Queres se salvar? Entre então pela porta
estreita e percorra o caminho apertado; somente assim
entrarás no céu. Não se entra no céu com avião, ônibus,
trem, carro, etc., mas sim, pela porta estreita e pelo
caminho apertado.
Comentando Mt 7, 14:
“Quão apertada é a porta e quão
estreito é o caminho, que conduz à vida; e poucos são os que
acertam com ele”, São João da Cruz diz:
“… o caminho é bem estreito e muito
mais do que podeis pensar. Ponderemos ainda que o Senhor
primeiramente diz ser apertada, para nos mostrar que a alma
desejosa de entrar por esta porta de Cristo – que é o começo
do caminho – deve antes de tudo reduzir-se e despojar a
vontade em todas as coisas sensíveis e temporais, amando a
Deus acima de todas elas”. Está claro que para
entrar pela porta estreita é preciso amar a Deus acima de
todas as coisas sensíveis e temporais. Aquele que possui a
alma apegada às coisas da terra, com certeza não cabe na
porta estreita, porque o coração está cheio, isto é,
“gordo” das coisas passageiras; por isso, esvazia-o
delas enquanto é tempo.
São João da Cruz diz:
“E quando é dito que tão poucas
almas acertam com ele, (isto é, com o caminho estreito),
devemos notar a causa: é que também poucas cabem e querem
entrar nesta suma desnudes e vazio do espírito”.
Está claro que são poucos os que desejam verdadeiramente se
desapegarem das coisas do mundo; são poucos os que aceitam
tirar do coração tudo aquilo que desagrada a Deus; e assim,
vivem estacionados às margens da vida espiritual.
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