JUDAS ISCARIOTES
(Pe. Divino Antônio
Lopes FP.)
(resumo)
1. Judas
Iscariotes foi CHAMADO por Jesus Cristo para ser Apóstolo.
“Depois subiu à
montanha, e chamou a si o que ele queria…”
(Mc 3, 13), e:
“Não vos
escolhi, eu, aos Doze?” (Jo 6, 70).
Será que Judas já seria um homem corrompido
quando recebeu a sua vocação? Será que o mesmo teria seguido
o Senhor movido apenas pela ambição e pela cobiça? Essa
hipótese é inconciliável com o Evangelho, que recolhe
expressamente estas palavras de Cristo:
“Não foste vós que me escolhestes,
mas eu que vos escolhi” (Jo 15, 16).
Ou seja, Judas não se tornou Apóstolo por vontade própria,
mas pela vontade de Jesus Cristo.
Teria Jesus Cristo feito de Judas seu
Apóstolo e seu amigo... ter-lhe-ia confiado a pérola
preciosa do Evangelho... tê-lo-ia feito sentar-se à sua
mesa, se, desde o princípio, não passasse de um mau-caráter
vulgar?
2. A FÉ e o AFETO
de Judas Iscariotes por Jesus eram, no começo, nobres e
dignos.
Também Judas percorreu intrepidamente os
difíceis caminhos apostólicos sem alforje nem pão nem
dinheiro (cf. Mc 6, 8).
3. Por incrível que possa parecer,
Judas Iscariotes fez MILAGRES,
EXPULSOU demônios e PREGOU o Evangelho.
Muitos enfermos foram curados
por Judas Iscariotes… expulsou muitos
demônios… muitos conheceram a Jesus através de suas
pregações: “Chamou a si
os Doze e começou a enviá-los dois a dois… Partindo, eles
pregavam… expulsavam muitos demônios, e curavam muitos
enfermos…” (Mc 6, 7. 12-13).
4. Jesus Cristo
depositava em Judas a mesma CONFIANÇA que no resto dos
Apóstolos?
Sim!
“Depois subiu à montanha, e chamou
a si o que ele queria…” (Mc 3, 13).
Confiava tanto que o enviou como pregador:
“… para enviá-los a pregar”
(Mc 3, 14). Mas o chamado e
a confiança do Senhor não “apagaram” o livre arbítrio
de Judas Iscariotes.
5.
O caráter de Judas certamente apresentava,
desde o início, algumas manchas.
Será que existia uma frieza nas relações
entre Judas e os outros Apóstolos? Judas Iscariotes era da
Judéia… os outros eram da Galiléia:
“Não são, acaso, galileus todos
esses que estão falando?” (At 2, 7).
Como é triste e insuportável a convivência com pessoas
desconfiadas, calculistas e cobiçosas. Os oriundos da Judéia
eram assim. Judas era sombrio… obscuro… misterioso…
“tresmalhado”… possuía algumas “manchas”
escondidas… muito parecido com milhares de santarrões de
hoje. Os outros Apóstolos eram fracos e não escondiam as
suas fraquezas: Pedro era inconstante… Tiago era ambicioso…
João era intolerante… Tomé era pessimista… mas possuíam algo
que Judas não possuía: eram fiéis ao Senhor:
“Nenhum deles pereceu, a não ser o
filho da perdição” (Jo 17, 12).
6.
Judas Iscariotes caiu pouco a pouco.
Judas Iscariotes caiu paulatinamente… pouco a
pouco… a terrível traição aconteceu depois de várias
traiçõezinhas. Ninguém se torna traidor de Cristo de uma
vez para a outra. Infeliz do católico que faz vistas grossas
diante das pequenas traições.
7.
Judas nasceu traidor?
Não! Ele foi escolhido por Jesus Cristo para
ser luz… para produzir muitos frutos:
“Não fostes vós que me escolhestes,
mas eu que vos escolhi e vos designei para irdes e
produzirdes fruto” (Jo 15, 16).
Ele foi chamado por Jesus… se tornou Apóstolo pela vontade
do Senhor.
8.
É possível alguém se perder na companhia de
Jesus Cristo?
Sim! É possível. Aconteceu com Judas
Iscariotes: “No entanto, um de
vós é um diabo! Falava de Judas…” (Jo 6,
70-71). O que dizer de uma pessoa que fala de
Cristo, mas que vive totalmente o contrário de sua doutrina?
“Este povo
me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim”
(Mt 15, 8). É assombroso,
mas é possível.
O traidor, Judas, vivia com Jesus Cristo, mas
não O buscava… ambicioso que era, buscava sempre o seu
próprio proveito. Hoje, infelizmente, milhões de pessoas
usam do Nome de Jesus para o próprio proveito: dinheiro,
fama e vida cômoda: “… pois
procuram atender os seus próprios interesses e não os de
Jesus Cristo”(Fl 2, 21).
Judas caminhava com Jesus Cristo, mas não
fixava os olhos n’Ele… o seu coração não pulsava de amor
pelo Rei dos reis… mas pelos tesouros terrenos:
“Pois onde está o vosso tesouro, aí
estará também o vosso coração” (Lc 12, 34).
9.
Judas Iscariotes desiludiu-se com Jesus
Cristo?
Sim. Ele esperava que Jesus fosse um
libertador revolucionário; mas o Senhor veio para salvar as
almas imortais.
Entre Jesus Cristo e Judas
Iscariotes existiam pequenas “rachaduras”; mas
abriu-se um terrível e profundo abismo entre eles, quando o
Senhor disse abertamente sobre o traidor:
“Não fui eu que vos escolhi a vós
Doze? No entanto, um de vós é um demônio. Falava de Judas,
filho de Simão Iscariotes, porque era este que o havia de
entregar, não obstante ser um dos Doze” (Jo
6, 70-71).
10.
Judas criticava o bem que era feito para o
Senhor.
Judas Iscariotes era cobiçoso… “olho
grande”… Ele critica abertamente como Maria de Betânia
gasta o seu perfume com Jesus Cristo:
“Por que não se
vendeu este unguento por trezentos denários e não se deu aos
pobres?”
(Jo 12, 5). Estaria ele
preocupado com os pobres? Não! Era ladrão e queria o
dinheiro para si: “Dizia isto
não por amor aos pobres, mas porque era ladrão e, trazendo a
bolsa, furtava o que se lançava nela” (Jo
12, 6). E você católico… critica quando
alguém oferece o melhor para Nosso Senhor?
11.
Judas traiu o Mestre.
Judas: lobo inquieto! Enquanto os Apóstolos
estavam retirados no mais profundo silêncio, esse lobo
percorria as casas dos príncipes da Sinagoga para negociar a
entrega d’Aquele que o havia chamado a ser seu Apóstolo…
luz… santo: “Então um dos Doze,
chamado Judas Iscariotes, foi até os chefes dos sacerdotes e
disse: ‘O que me dareis se eu o entregar?’”
(Mt 26, 14-15).
Judas Iscariotes desprezou a Luz Eterna e
mergulhou nas trevas… O corvo infernal, Satanás, se
assenhoreou dele: “Satanás
entrou em Judas…”
(Lc 22, 3).
Judas deixou de ser Apóstolo de Nosso Senhor
para ser discípulo de Satanás… a sua falsidade é irritante…
caminhou para o Getsêmani com a mentira na boca, com a
falsidade no rosto e com a hipocrisia no coração. Hoje,
infelizmente, milhões de pessoas batizadas e crismadas na
Igreja Católica desprezam a Jesus Cristo para seguir a Judas
Iscariotes.
O beijo de Judas é um beijo de ódio.
Aproxima-se com atrevimento e abraça a quem abandona… beija
a quem entrega… saúda com ironia a quem silenciosamente
mata!
Judas amava a Jesus Cristo? Tinha-O
verdadeiramente por Mestre? Se O amava e O tinha por Mestre,
por que tantas armas, tantos soldados e tantas espadas? Ele
odiava a Jesus, por que então uma saudação tão amigável? Por
que o beijo? Por que um abraço? Essa falsidade, fingimento e
hipocrisia de Judas Iscariotes “estremeciam” o
Coração do Salvador: “Jesus
sentiu mais esta falsidade de Judas do que todos os demais
ultrajes da Sagrada Paixão”
(São Leão Magno).
Judas não queria que deixassem Jesus Cristo
fugir, não por amor, mas por ódio… a serpente queria dar o
bote certeiro sobre o Cordeiro:
“Prendei-o e levai-o bem guardado” (Mc 14,
44). Façamos o contrário, busquemos a Cristo
com fervor e O prendamos em nosso coração… conservemo-Lo na
prisão do nosso coração.
O traidor caminhava à frente dos inimigos do
Senhor… levava os inimigos para prender a Jesus Cristo:
“À frente estava o chamado Judas…”
(Lc 22, 47). Levemos também milhares
de pessoas para Jesus Cristo, não para traí-lO, mas para que
sejam prisioneiras do seu Santíssimo Coração.
12.
Judas Iscariotes se desesperou.
Judas Iscariotes
jogou tudo fora… perdeu-se por sua culpa e não porque Deus o
determinasse a isso… perdeu-se por sua própria vontade. São
Pedro voltou:
“Pedro então lembrou-se da palavra que o
Senhor lhe dissera… E saindo para fora, chorou amargamente”
(Lc 22, 61-62)
… Judas se desembestou:
“Ele, atirando as
moedas no Templo, retirou-se e foi enforcar-se”
(Mt 27, 5).
São Pedro pecou… Judas pecou… São Pedro
confiou na misericórdia de Jesus e voltou… Judas
suicidou-se. Nem suas entranhas “suportaram” a sua
traição: “… caindo de cabeça
para baixo, arrebentou pelo meio, derramando-se todas as
suas entranhas” (At 1, 18).
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