CONDIÇÕES PARA
SEGUIR A JESUS
(Lc 9, 23-26)
(Pe. Divino Antônio
Lopes FP.)
(resumo)
“Dizia ele a
todos: ‘Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo,
tome a sua cruz cada dia e siga-me. Pois aquele que quiser
salvar a sua vida vai perdê-la, mas o que perder a sua vida
por causa de mim, esse a salvará. Com efeito, que aproveita
ao homem ganhar o mundo inteiro, se ele se perder ou
arruinar a si mesmo? Pois quem se envergonhar de mim e de
minhas palavras, o Filho do Homem dele se envergonhará,
quando vier em sua glória e na do Pai e dos santos anjos”.
Em Lc 9, 23 diz:
“Dizia ele a todos: ‘Se alguém quer
vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia
e siga-me”.
Cristo Jesus é
sincero e claro. Ele não promete vida fácil, vida de “poltronice”,
caminho largo para ninguém; mas diz a todos:
"Se alguém quer vir após mim,
renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me".
Mente aquele
católico que afirma seguir a Cristo, mas diz estar
dispensado de percorrer o caminho da cruz. Nosso Senhor
exige que todos aqueles que O seguem carreguem a cruz
diariamente:
“Cristo repete-o a cada um de nós, ao ouvido,
intimamente: a Cruz de cada dia. Não só em tempo de
perseguição ou quando se apresenta a possibilidade do
martírio, mas em todas as situações, em todas as atividades,
em todos os pensamentos, em todas as palavras, neguemos
aquilo que antes éramos e confessemos o que agora somos,
visto que renascemos em Cristo”
(São Jerônimo, Epístola 121, 3), e:
“Vedes? A cruz de cada dia... nenhum dia sem Cruz: nenhum
dia que não carreguemos com a Cruz do Senhor, em que não
aceitemos o Seu jugo”
(São Josemaría Escrivá, Cristo que passa, 58 e 176),
e também:
“É muito certo que aquele que ama os
prazeres, que busca as suas comodidades, que foge das
ocasiões de sofrer, que se inquieta, que murmura, que
repreende e se impacienta porque a coisa mais insignificante
não corre segundo a sua vontade e o seu desejo, tal pessoa,
de cristão só tem o nome; somente serve para desonrar a sua
religião, pois Jesus Cristo disse: aquele que quiser vir
após Mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias
da vida e siga-Me”
(São João Maria Vianney, Sermões escolhidos,
Quarta-Feira de Cinzas).
A Cruz não só deve
estar presente na vida de cada cristão, mas também em todas
as encruzilhadas do mundo, como escreve São Josemaría
Escrivá:
“Que formosas essas cruzes no cimo dos
montes, no alto dos grandes monumentos, no pináculo das
catedrais!... Mas também é preciso inserir a Cruz nas
entranhas do mundo. Jesus quer ser levantado ao alto, aí: no
ruído das fábricas e das oficinas, no silêncio das
bibliotecas, no fragor das ruas, na quietude dos campos, na
intimidade das famílias, nas assembleias, nos estádios...
Onde quer que um cristão gaste a sua vida honradamente, aí
deve colocar, com o seu amor, a Cruz de Cristo, que atrai a
Si todas as coisas”
(São Josemaria Escrivá, Via Sacra, XI, n° 3).
A cruz é pesada,
mas é preciso carregá-la todos os dias:
“Parece dura e
pesada a ordem do Senhor: quem quiser segui-lo tem de
renunciar a si mesmo. Mas não é duro nem pesado o que
ordena, pois ele próprio nos ajuda a cumprir seu preceito”
(Santo Agostinho,
Sermões).
“Se alguém quer
vir após mim”.
O Pe. Alexandrino
Monteiro escreve:
“Se alguém quer vir após mim’ – é o mesmo que
dizer: – se alguém quer se salvar, se alguém quer ter parte
comigo na glória eterna... é uma proposta que o Filho de
Deus fez a todos os homens. O segui-lo ou não, deixa à nossa
vontade, porque não quer forçar ninguém a entrar no céu”.
“... renuncie a
si mesmo”.
O Pe. Alexandrino
Monteiro comenta:
“Renuncie a si mesmo’ – Negar-se a si mesmo o
que é? É dizer ‘não’ aos gostos e inclinações terrenas do
nosso coração. Negar-se a si mesmo é não guiar-se alguém
pelos conselhos de sua natureza depravada, mas pelos ditames
da razão alumiada com a luz da fé. Negar-se a si mesmo é não
dar ouvido às vozes que do interior se levantam, pedindo
prazeres e deleites sensuais e satisfação completa de todos
os apetites desordenados”,
e:
“Ó Senhor, ser vosso discípulo significa ser todo vosso,
pertencer-vos plenamente, estar perfeitamente unido a vós,
formar convosco uma só coisa. Não vivemos mais, porém,
viverdes vós em nós significa a união perfeita convosco. Ó
meu Deus, como devo desejar ser vosso discípulo! Eis a maior
glória que posso dar-vos!... Ó Senhor, ajudai-me a fazer o
que para isso é necessário... Renegar a mim mesmo para
servir-vos; que significa? Significa esquecer-me, fazer
abstração de mim, já não me ocupar comigo... como se não
existisse. Então, não mais terei interesses nem
conveniências, nem gostos, nem vontades, nem nada mais! Já
não existo, não cuido de mim... Esqueço-me completamente.
Mas, ó Senhor, se já não busco meu bem, então nada mais
buscarei absolutamente? Este coração, esta inteligência
vazios de si, continuarão assim vazios?... Não! Nem por um
instante sequer! Se me esvazio de mim é para ser invadido
por vós, Deus meu! Se me esqueço, é para só pensar em vós"
(Bem-aventurado Charles de Foucauld, Meditazioni sul
vangelo, Op. sp., p. 231).
“... tome a sua
cruz”.
Santo Agostinho
comenta:
“Que significa: Tome a sua cruz? Quer dizer:
suporte tudo o que custa e então me siga. Na verdade, quem
começar a seguir meus exemplos e preceitos, encontrará
muitos que o critiquem, que o impeçam, que tentem
dissuadi-lo, mesmo entre os que parecem discípulos de
Cristo. Andavam com Cristo os que proibiam os cegos de
clamar por ele. Tu, portanto, no meio de ameaças, de
carinhos ou proibições, sejam quais forem, se quiseres
seguir a Cristo, transforma tudo em cruz: suporta, carrega e
não sucumbas!”
(Sermões), e:
“Tome a sua cruz’: –
eis a condição sem a qual não se pode seguir a Cristo. A
cruz não falta a ninguém: é tomá-la e seguir com ela a Jesus
até à morte. Cruz é tudo que nos contraria ou torna a vida
difícil. São as dores do corpo, tédio e agonia da alma,
reveses da fortuna, estragos do tempo, prejuízos do inimigo,
tudo, enfim, que nos aflige, tudo que nos arranca lágrimas e
aperta o coração. Estas cruzes hei de recebê-las com ânimo
generoso, abraçá-las com regozijo, pois são mimos com que
Deus me visita. ‘Toma a sua cruz’ – nos diz a todos Jesus
Cristo – porque o discípulo não é mais que seu mestre, nem o
servo mais que seu senhor; porque se foi necessário que
Jesus a carregasse para entrar na sua glória, muito mais nos
é necessário a nós levá-la para podermos entrar numa glória,
que só o combate nos fará nossa”
(Pe. Alexandrino Monteiro).
Está claro que não
basta carregar a cruz por um dia, uma semana, um mês, um
ano... mas é preciso carregá-la com amor e paciência todos
os dias. Não olhemos para o tamanho da cruz, e sim, para a
recompensa que receberemos de Nosso Senhor.
“... e siga-me”.
Santo Agostinho
comenta:
“Esta palavra não deve ser ouvida como
dirigida apenas às virgens e não às esposas; nem só para as
viúvas e não para as casadas; nem só para os monges e não
para os maridos; nem só para os clérigos e não para os
leigos. Pois toda a Igreja, todo o corpo, todos os seus
membros, diferentes e distribuídos segundo suas próprias
tarefas, devem seguir o Cristo. Siga-o toda a Igreja que é
uma só, siga-o a pomba, siga-o a esposa, redimida e dotada
pelo sangue do Esposo. Nela encontra lugar tanto a
integridade das virgens como a castidade das viúvas e o
pudor dos casais. Estes membros, que nela encontram seu
lugar, sigam o Cristo, cada um segundo a sua vocação,
posição ou medida. Renunciem a si mesmos, isto é, não se
vangloriem; tomem a sua cruz, quer dizer, suportem no mundo,
por amor de Cristo, tudo o que lançarem contra eles. Amem o
único que não ilude, o único que não é enganado nem engana;
amem-no, porque é verdade aquilo que promete. Como suas
promessas tardam, a fé vacila. Mas sê constante,
perseverante, paciente, suporta a demora, e terás tomado a
cruz”
(Sermões), e:
“Seguir a Cristo é
acompanhá-lo por onde quer que Ele vá, ou seja para o Tabor
ou para o Calvário... Seguir a Cristo é ser cristão; o que
segue a Cristo é de Cristo; o que segue o mundo é do mundo;
porém, seguir a Cristo é seguir a verdade, seguir o mundo é
seguir o erro! Em seguir a Cristo está a felicidade”
(Pe. Alexandrino Monteiro), e também:
“Eis a obrigação de todos os fiéis: tomar a própria cruz e
seguir a Cristo até morrer com ele e, portanto, com ele e
nele ressuscitar... Escolher a vida é seguir a Jesus,
renegando a si mesmo e levando a cruz”
(Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).
Católico, não pise
na cruz, pelo contrário, carregue-a com paciência:
“Não
existe coisa mais agradável a Deus do que sofrer com
paciência e paz todas as cruzes por ele enviadas”
(Santo Afonso Maria de Ligório), e:
“Todas as chagas do redentor são outras tantas palavras que
nos ensinam como devemos sofrer por ele. Esta é a sabedoria
dos santos, sofrer constantemente por Jesus; assim ficaremos
logo santos”
(São Francisco de Sales), e também:
“Todos os
santos foram mártires ou pela espada ou pela paciência. Nós
podemos ser mártires sem a espada, se guardarmos a
paciência”
(São Gregório Magno).
Em Lc 9, 24 diz:
“Pois aquele que quiser salvar a
sua vida vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa
de mim, esse a salvará”.
O católico não
pode passar por alto estas palavras de Jesus Cristo. Deve
arriscar-se, jogar a vida presente em troca de conseguir a
eterna:
“Que pouco é uma vida para oferecê-la a
Deus!...”
(São Josemaría Escrivá, Caminho, n° 420).
A exigência do
Senhor inclui renunciar a própria vontade para identificá-la
com a de Deus, não aconteça que, como comenta São João da
Cruz, tenhamos a sorte de muitos
“que queriam que
Deus quisesse o que eles querem, e entristecem-se de querer
o que Deus quer, e têm repugnância em acomodar a sua vontade
à de Deus. Disto vem que muitas vezes, no que não acham a
sua vontade e gosto, pensam não ser da vontade de Deus e,
pelo contrário, quando se satisfazem, crêem que Deus Se
satisfaz, medindo também a Deus por si, e não a si mesmos
por Deus”
(Noite Escura, liv. I, cap. 7, n° 3).
Em Lc 9, 25 diz:
“Com efeito, que aproveita ao homem
ganhar o mundo inteiro, se ele se perder ou arruinar a si
mesmo?”
Edições Theologica
comenta:
“O fim do homem não é ganhar os bens
temporais deste mundo, que são apenas meios ou instrumentos;
o fim último do homem é o próprio Deus, que é possuído como
antecipação aqui da terra pela graça, e plenamente e para
sempre na Glória. Jesus indica qual é o caminho para
conseguir esse fim: negar-se a si mesmo (isto é, tudo o que
é comodidade, egoísmo, apego aos bens temporais) e levar a
cruz. Porque nenhum bem terreno, que é caduco, é comparável
à salvação eterna da alma”,
e:
“... o menor bem da graça é superior a todo o bem do
universo”
(Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, I-II, q. 113,
a. 9).
Em Lc 9, 26 diz:
“Pois quem se envergonhar de mim e
de minhas palavras, o Filho do Homem dele se envergonhará,
quando vier em sua glória e na do Pai e dos santos anjos”.
O católico nunca
deve se envergonhar de Nosso Senhor e de suas palavras.
Hoje,
infelizmente, milhares de católicos deixam de fazer o bem
preocupados com o que dirão deles:
“Que dirão os
homens? Eis o fantasma que intimida muitos cristãos e os
retrai da igreja, da frequência dos sacramentos e do
exercício da virtude. Que dirão de mim os meus companheiros?
Aqui está um laço, com que o demônio prende a muitos jovens,
impedindo-os de caminhar livremente na virtude com perigo de
sua salvação”
(Pe. Alexandrino Monteiro).
Católico, já
percebeu como os mundanos servem ao mundo e a Satanás
abertamente? Usam todos os tipos de roupas, músicas e
maquiagem, e não sentem vergonha de serem ridículos. Por que
você se sente envergonhado de servir a Cristo Jesus, o
Senhor que morreu numa cruz para te salvar?
Sirva a Nosso
Senhor abertamente:
“Deixar de fazer o
bem por temor de um – que dirão os homens? – é declarar-se
covarde, é ser vencido antes de entrar em campo com o
inimigo. E, contudo, quantos não se rendem a este tirano que
mais existe na fantasia que na realidade? Os maiores
potentados da terra, os espíritos mais cultos e as
inteligências mais lúcidas do nosso tempo lhe rendem
vassalagem!”
(Pe. Alexandrino
Monteiro).
O que dirão a
Nosso Senhor na hora do julgamento aqueles católicos que
deixaram de servi-Lo por respeito humano?
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