Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Nona palestra

 

 

VIGIAR PARA NÃO SER SURPREENDIDO

(Lc 21, 34-36)

 

(Pe. Divino Antônio Lopes FP.)

 

(resumo)

 

“Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados pela devassidão, pela embriaguez, pelas preocupações da vida, e não se abata repentinamente sobre vós aquele Dia, como um laço; pois ele sobrevirá a todos os habitantes da face de toda a terra. Ficai acordados, portanto, orando em todo momento, para terdes a força de escapar de tudo o que deve acontecer e de ficar de pé diante do Filho do Homem”.

 

Nesse discurso, o Senhor exorta à vigilância como atitude necessária para todos os cristãos. Devemos estar vigilantes porque não sabemos nem o dia nem a hora em que o Senhor virá pedir-nos contas. Por isso, importa viver em todos os momentos pendentes da vontade divina, fazendo em cada instante o que temos de fazer. Há que viver de tal modo que, venha quando vier a morte, sempre nos encontre preparados. Para aqueles que vivem assim, a morte repentina nunca é uma surpresa. A estes diz São Paulo: “Vós, irmãos, não viveis em trevas para que aquele dia vos arrebate como um ladrão” (1Ts 5, 4). Vivamos, pois, em contínua vigilância. Consiste a vigilância na luta constante para não nos apegarmos às coisas deste mundo (a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida; cfr 1 Jo 2, 16), e na prática assídua da oração que nos faz estar unidos a Deus. Se vivermos deste modo, aquele dia será para nós um dia de gozo e não de terror, porque a nossa vigilância terá como resultado, com a ajuda de Deus, que as nossas almas estejam prontas, em graça, para receber o Senhor. Assim o nosso encontro com Cristo não será um juízo condenatório, mas um abraço definitivo com que Jesus nos introduzirá na casa do Pai: “Não brilha na tua alma o desejo de que teu Pai-Deus fique contente quando te tiver de julgar?” (São Josemaría Escrivá).

Pretende a Igreja suscitar nos corações o desejo e a necessidade da salvação, o anelo para com o Salvador. Em vez de deixar-nos submergir e abater pelas vicissitudes terrenas, cumpre dominá-las e vivê-las em vista da vinda do Senhor: “Velai sobre vós mesmos, que os vossos corações não se tornem pesados com devassidões, embriaguez e solicitudes da vida, para que aquele dia não vos apanhe de improviso” (Lc 21, 34). Cumpre, portanto, “vigiar continuamente na oração” (Lc 21, 36) e valer-se do tempo para progredir no amor de Deus e do próximo. Eis o desejo e a exortação de São Paulo: “Irmãos, o Senhor vos faça crescer e avantajar na caridade mútua e para com todos... que Ele torne firmes e irrepreensíveis os vossos corações na santidade... para a vinda de Nosso Senhor Jesus” (1 Ts 3, 12-13). Aquela justiça e aquela santidade que o Salvador veio trazer à terra devem germinar e crescer no coração do cristão e, dali, estender-se pelo mundo.

“Ficai acordados, portanto, orando em todo momento, para terdes a força de escapar de tudo o que deve acontecer e de ficar de pé diante do Filho do Homem”.

Com estas palavras o Senhor quer dar-te a entender que a obra da tua salvação eterna não terá que depender nem totalmente de ti e nem totalmente d’Ele. Não totalmente de ti, e por isso diz: “reza”; não totalmente d’Ele, e por isso diz: “sê vigilante”. Deves, portanto, realizar por tua parte tudo quanto te é possível: reflexivo, prudente, forte contra as tentações e constantemente vigilante sobre ti mesmo. E depois, como se com tudo isto nada tivesses feito, deves rezar, recorrer a Deus, suplicando-Lhe com toda humildade que te proteja com sua santíssima graça. Esta é a verdadeira regra para salvar-te.

Ora, isso não é suficiente fazê-lo de quando em quando, ou apenas começar a fazê-lo: é preciso fazê-lo em todo momento: sempre. Há quem julgue que basta vigiar e rezar apenas quando as tentações se tornam presentes. Não é assim. Olha só como agem os cães fiéis: vigiam sobre o próprio rebanho mesmo quando não há perigo de lobos e de ladrões. Por quê? Para que não apareçam. O mesmo deves fazer relativamente à tua alma: vigiar e rezar mesmo quando não sofres tentações, para que não apareçam: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26, 41).

Quando não te encontras vigilante sobre ti mesmo, quando abandonas a oração, quando começas a não preocupar-te com a tentação e deixas de invocar a Deus durante o dia, já te encontras sob o influxo da tentação que provém de ti mesmo; já, assim, jogas fora a arma, tornando-te incapaz de defender-te.

Quais serão os frutos desta solicitude? “Evitar todos esses males que devem suceder” e “aparecer com confiança diante do Filho do homem”; desse modo será possível livrar-se de um péssimo destino e ir ao encontro de um destino feliz. Somente com relação aos justos diz-se que se encontrarão fortes e seguros diante do grande tribunal: “De pé, porém, estará o justo, em segurança” (Sb 5, 1), graças ao testemunho de sua boa consciência. A respeito dos ímpios diz-se que cairão, sem a mínima esperança de poder levantar-se: “Os ímpios não se sustentarão no dia do juízo” (Sl 1, 5).

 

 

 

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