DESGRAÇA PARA AS
CIDADES ÀS MARGENS DO LAGO (Mt 11, 20-24)
(Pe. Divino Antônio
Lopes FP.)
(resumo)
“Então começou a
verberar as cidades onde havia feito a maior parte dos seus
milagres, por não se terem arrependido: ‘Ai de ti, Corazim!
Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e em Sidônia tivessem
sido realizados os milagres que em vós se realizaram, há
muito se teriam arrependido, vestindo-se de cilício e
cobrindo- se de cinza. Mas eu vos digo: No Dia do Julgamento
haverá menos rigor para Tiro e Sidônia do que para vós. E
tu, Cafarnaum, por acaso te elevarás até o céu?
Antes, até o inferno descerás. Porque se em Sodoma
tivessem sido realizados os milagres que em ti se
realizaram, ela teria permanecido até hoje. Mas eu vos digo
que no Dia do Julgamento haverá menos rigor para a terra de
Sodoma do que para vós”.
Mt 11, 20:
“Então começou a verberar as cidades onde
havia feito a maior parte dos seus milagres, por não se
terem arrependido”.
O versículo 20 diz que Jesus Cristo começou a
verberar, isto é, a censurar com aspereza as cidades às
margens do lago, porque nestas cidades Ele havia feito a
maior parte de seus milagres e elas continuaram indiferentes
e não se arrependeram.
Jesus Cristo, Nosso Senhor, esteve por várias
vezes nesse lago, como está em Jo 6, 1:
“Depois disso, passou Jesus para a
outra margem do mar da Galiléia ou de Tiberíades”,
em Lc 5, 1 diz também: “Certa vez
em que a multidão se comprimia ao redor dele para ouvir a
palavra de Deus, à margem do lago de Genesaré”, e
em Jo 21,1 diz ainda: “Depois
disso, Jesus manifestou-se novamente aos discípulos, às
margens do mar de Tiberíades”. Está claro que
Jesus Cristo pregou a Boa Nova às margens do lago de
Genezaré; principalmente em Corazin ou Corozain, Betsaida e
Cafarnaum. Nesse versículo 20 fala que Jesus Cristo censurou
com aspereza essas três cidades por causa da incredulidade
delas.
A cidade de Corazin ou Corozain, é uma das
cidades amaldiçoadas por Jesus Cristo por causa de sua
incredulidade. O local identifica-se com o atual Khirbet
Kerazeh, a cerca de 3 km a noroeste de Cafarnaum.
Encontram-se ai as ruínas de uma sinagoga de basalto preto,
construída no III ou IV século depois de Cristo. Nesse
versículo que está sendo comentado diz que Corazin ou
Corozain é uma dessas cidades onde Nosso Senhor fez a maior
parte de seus milagres.
Outra cidade amaldiçoada por Cristo Jesus
chama-se Batsaida. É terra de São Pedro, Santo André e São
Filipe: “Filipe era de Betsaida,
a cidade de André e de Pedro” (Jo 1, 44).
É também local da cura de um cego:
“E chegaram a Betsaida.
Trouxeram-lhe então um cego, rogando que ele o tocasse”
(Mc 8, 22).
Hoje, geralmente se aceita que o local de
Betsaida seja o do atual Et Tell, situado a cerca de 3 km ao
norte do mar da Galiléia e a leste do Rio Jordão e de
Khirbet El Araj, ao longo da margem do lago, ao sul de Et
Tell.
Flávio Josefo diz que o tetrarca Filipe
fundou nesse local a sua capital, denominando-a Júlia para
homenagear o nome da filha de Augusto. Hoje, pensa-se que
Khirbet El Araj na margem do lago, seja o local da antiga
aldeia de pescadores e que El Tell seja o local da nova
cidade mandada construir por Filipe.
O nome da terceira cidade amaldiçoada por
Jesus Cristo é Cafarnaum.
Cafarnaum, cidade da Galiléia, identificada
com a atual Tell Hum, na margem norte do mar da Galiléia, a
Oeste do Rio Jordão. O local se encontra a cerca de 35 km de
Nazaré.
Cafarnaum é o centro da atividade de Jesus na
Galiléia. Em Mt 4, 13 afirma que Jesus havia estabelecido a
sua residência em Cafarnaum: “…
e, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum, à beira-mar”,
e em Mt 9, 1, Cafarnaum é chamada “a
sua cidade”: “E
entrando em um barco, ele atravessou e foi para a sua
cidade”.
Jesus Cristo deu início ao seu ministério
público ensinando na sinagoga de Cafarnaum aos sábados:
“Entraram em Cafarnaum e, logo no
sábado, foram à sinagoga. E ali ele ensinava”
(Mc 1, 21). Foi em Cafarnaum que
ocorreu a cura do criado do centurião (Mt 8, 5-13).
Foi também em Cafarnaum que ocorreu a cura do paralítico
(Mc 2, 1-12).
Cafarnaum é uma dessas cidades onde Jesus
Cristo fez a maior parte de seus milagres.
Mt 11, 21:
“Ai de ti, Corazim!
Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e em Sidônia tivessem
sido realizados os milagres que em vós se realizaram, há
muito se teriam arrependido, vestindo-se de cilício e
cobrindo- se de cinza”.
Corozain e Betsaida eram duas cidades
florescentes, situadas na margem norte do lago de Genezaré,
não longe de Cafarnaum. Durante o Seu ministério público,
Jesus pregou com frequência nestas cidades e realizou ali
muitos milagres. Nesse versículo 21 do capítulo 11 do
Evangelho de São Mateus, Jesus Cristo verbera, censura com
aspereza as cidades de Corozain e de Betsaida por causa da
incredulidade das mesmas: “Ai de
ti, Corozain! Ai de ti Betsaida!”
O tom de santa e queixosa indignação nas palavras do
Senhor mostra a gravidade da incredulidade dessas cidades.
Como já foi comentado no versículo 20, Ele havia feito a
maior parte de seus milagres nessas cidades.
Hoje, existem muitas “Corozains” e “Betsaidas”
dentro da Igreja Católica. São aquelas pessoas que ouvem a
Palavra de Deus durante a homilia ou sermão na Santa Missa,
ou então em uma palestra, etc., e ao invés de seguirem o que
a Sagrada Escritura ordena, preferem seguir as máximas do
mundo; recebem água cristalina, mas preferem a lama
oferecida pelo mundo inimigo de Deus. Para essas pessoas
incrédulas São Tiago escreve:
“Tornai-vos praticantes da Palavra e não simples ouvintes,
enganando-vos a vós mesmos!” (1, 22),
e em Mt 7, 26 diz também: “… todo
aquele que ouve essas minhas palavras, mas não as pratica,
será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa
sobre a areia”.
O católico não pode seguir o péssimo exemplo
dessas duas cidades, Corozain e Betsaida, que receberam
tanto de Nosso Senhor, e mesmo assim, preferiram cruzar os
braços e viverem na incredulidade. O Bem-aventurado João
Paulo II escreve: “… o cristão
não deve trair, não deve entusiasmar-se com palavras vãs...
A sua missão é sumamente delicada, porque deve ser fermento
na sociedade, luz do mundo, sal da terra. O cristão deve ir
contra a corrente, deve dar testemunho de verdades
absolutas… deve perder a sua vida terrena para ganhar a
eternidade, deve tornar-se responsável pelo próximo para o
iluminar, o edificar, o salvar”.
Está claro que Corozain e Betsaida não
corresponderam com a graça de Deus, por isso foram
censuradas rigorosamente por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Muitos católicos vão à igreja e vivem como se Deus não
existisse, agem como pagãos, até se atrevem em falar no nome
de Deus, mas não vivem nada; só possuem rótulo de católico,
são de fachada; para esses cabe muito bem essa passagem de
Mt 15, 8: “Este povo me honra com
os lábios, mas o coração está longe de mim”, e em
Tt 1, 16 diz: “Afirmam conhecer a
Deus, mas negam-no com os seus atos”. Essa é a
triste realidade, basta dar uma volta em um quarteirão para
comprovar a incredulidade das pessoas.
O católico não pode ficar indiferente e frio
como Corozain e Betsaida; ele deve corresponder com a graça
de Deus e trabalhar com fervor e entusiasmo para o bem das
almas; porque essa indiferença por parte de milhões de
católicos encoraja e fortalece os inimigos da Santa Igreja,
como escreve o Papa Leão XIII: “…
nada tanto encoraja a audácia dos maus, como a falta de
coragem dos bons”; é justamente o que está
acontecendo hoje, a Santa Igreja está sendo sufocada, só não
enxerga aquele que é cego ou se faz de cego, ou quem vive a
heresia do indiferentismo que sustenta que todas as
religiões são igualmente gratas a Deus, que tão boa é uma
como outra.
Como já foi comentado, Jesus Cristo verberou
contra Corozain e Betsaida dizendo:
“Ai de ti, Corozain! Ai de ti
Betsaida!”, depois, no mesmo versículo diz o
Senhor: “Por que se em Tiro e em
Sidônia tivessem sido realizados os milagres que em vós se
realizaram, há muito se teriam arrependido, vestindo-se de
cilício e cobrindo-se de cinza”.
Jesus não estava feliz nem satisfeito com o
comportamento de Corozain e Betsaida; essas cidades
receberam por várias vezes a visita d’Ele, presenciaram
muitos milagres, mas não se convertiam, viviam adormecidas
como a maioria dos católicos de hoje; então, Ele as censurou
com aspereza dizendo:
“… se em Tiro e em Sidônia tivessem sido
realizados os milagres que em vós se realizaram, há muito se
teriam arrependido...”
Por que Nosso Senhor menciona as cidades de
Tiro e Sidônia? O Cônego Duarte Leopoldo escreve:
“Tiro e Sidônia eram antigas cidades
fenícias sobre o Mar Mediterrâneo. Sendo pagãs, tinham
recebido menos graças do que Corozain e Betsaida”.
Tiro e Sidônia eram célebres pelos seus vícios; no livro do
profeta Zacarias 3, 3-4 diz:
“Tiro construiu para si uma fortaleza e amontoou prata como
pó e ouro como lama das ruas. Eis que o Senhor se apoderará
dela, precipitará no mar a sua força, e ela será devorada
pelo fogo”.
Jesus Cristo cita Tiro e Sidônia como cidades
do paganismo, que se teriam convertido caso elas tivessem
recebido o ministério que Ele realizara nas cidades de
Corozain e Betsaida; Ele diz sobre Tiro e Sidônia:
“… há muito se teriam arrependido,
vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinza” ;
cilício é um cinto de arame ou um cordão de lã áspera, que
por penitência se usa sobre a pele.
Católico, não despreze a graça de Deus, não
jogue fora a formação que você recebeu, não seja uma pessoa
incrédula e indiferente. Assim como Cristo censurou as
cidades de Corozain e de Betsaida por serem incrédulas,
censurará também a você dizendo: Ai de ti, católico, que foi
batizado, mas que vive como pagão. Ai de ti, católica, que
conhece a verdade sobre as modas, mas se veste como uma
atéia. Ai de ti, jovem, que fizeste a primeira Comunhão e a
crisma, e que vive mergulhado nas trevas, etc.; Cristo Jesus
pedirá conta de tudo, como está em Lc 12, 48:
“A todo aquele a quem muito foi
dado, muito lhe será exigido” , e São Gregório
Magno escreve: “Quando o Juiz
vier, exigirá de cada um de nós tanto quanto nos deu”
. Não brinque e não abuse da graça de Deus.
Infeliz do católico que antes não conhecia a
Deus, e depois que O conheceu, voltou novamente para o
pecado... em 2 Pd 2, 20-22 diz:
“Com efeito, se, depois de fugir às imundícies do mundo pelo
conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de novo são
seduzidos e se deixam vencer por elas, o seu último estado
se torna pior do que o primeiro. Assim, melhor lhes fora não
terem conhecido o caminho da justiça do que, após tê-lo
conhecido, desviarem-se do santo mandamento que lhes foi
confiado. Cumpriu-se neles a verdade do provérbio: o cão
voltou ao seu próprio vômito, e: ‘A porca lavada tornou a
revolver-se na lama’”.
Mt 11, 22: “Mas eu
vos digo: No Dia do Julgamento haverá menos rigor para Tiro
e Sidônia do que para vós”.
Jesus Cristo é justo. Ele diz que no dia do
juízo haverá menos rigor para Tiro e Sidônia porque
receberam menos graças, do que para Corozain e Betsaida que
receberam graças e mais graças, e viveram na indiferença e
não se converteram.
Deus pedirá contas a cada um segundo as suas
circunstâncias pessoais, ninguém terá desculpa. Todo o homem
tem nesta vida uma missão para cumprir, dela teremos de
responder diante do tribunal divino e seremos julgados
segundo os frutos, abundantes ou escassos, que tenhamos
dado.
Você está preparado para comparecer diante do
tribunal de Deus? O que você está esperando? A vida é breve,
acorda enquanto é tempo.
Lembre-se com frequência da passagem de Lc
12, 48: “Àquele a quem muito se
deu, muito será pedido, e a quem muito se houver confiado,
mais será reclamado”.
Católico, descruze os braços e trabalhe para
a glória de Deus enquanto é tempo, enquanto você ainda está
vivo, como escreve São Josemaría Escrivá:
“Não podemos parar. O Senhor
pede-nos uma luta cada vez mais rápida, cada vez mais
profunda, cada vez mais extensa. Estamos obrigados a
superar-nos, porque, nesta competição, a única meta é chegar
à glória do céu. E se não chegarmos ao céu, nada terá valido
a pena”.
Mt 11, 23: “E tu,
Cafarnaum, por acaso te elevarás até o céu? Antes,
até o inferno descerás. Porque se em Sodoma tivessem
sido realizados os milagres que em ti se realizaram, ela
teria permanecido até hoje”.
Nesse versículo, Jesus Cristo verbera,
censura com aspereza a cidade de Cafarnaum. Em Mt 4, 13 diz
que Jesus havia estabelecido a sua residência em Cafarnaum;
e no mesmo Evangelho 9, 1 diz que Cafarnaum é chamada “a
sua cidade”, a cidade de Jesus Cristo.
Cafarnaum era uma cidade muito transitada,
situada ao norte da Galiléia, à margem do lago, era uma das
mais belas de todo o litoral. Em Cafarnaum, assim como em
Corozaim e Betsaida, Jesus Cristo havia feito a maior parte
de seus milagres (Mt 11, 20).
O que foi comentado sobre as cidades de
Corozain e Betsaida no versículo 21, serve também para a
cidade de Cafarnaum, que recebeu muitas graças e não se
converteu.
Jesus Cristo, o Deus verdadeiro, pergunta
para Cafarnaum: “E tu, Cafarnaum,
por acaso te elevarás até o céu?”, e o mesmo
Senhor responde: “Antes, até o
inferno descerás”. Cristo Jesus é justo e
verdadeiro, mesmo sendo Cafarnaum uma cidade muito visitada
por Ele, e onde o mesmo até havia residido, não foi poupada,
mas o Senhor a censurou com rigor. O Cônego Duarte Leopoldo
escreve: “Cafarnaum, por exemplo,
elevada até o céu, porque nela habitara o Filho de Deus.
Prova isto que não é tanto o crime que torna culpado, como o
abuso e o desprezo da graça”, e o mesmo Cônego
acrescenta: “Homens do campo,
simples e ignorantes, terão no dia do juízo mais
misericórdia do que muitos sábios e grandes do século que,
tendo recebido mais luzes do que eles, não tiveram talvez a
mesma simplicidade de coração”.
O que foi falado sobre Tiro e Sidônia no
versículo 21, serve também aqui para a cidade de Sodoma.
Nesse versículo 23 diz: Porque se em Sodoma, que era uma
cidade do vício, tivesse sido realizados os milagres que Ele
(Jesus) realizou em Cafarnaum, Sodoma teria permanecido até
hoje. Sabemos que a cidade de Sodoma, juntamente com a
cidade de Gomorra, foram destruídas por causa de seus vícios
(Gn 19, 1-29).
Muitos católicos, só porque possuem algum
cargo na comunidade pensam que já estão salvos. Lembre-se
católico de que Deus não faz acepção de pessoas:
“… o Deus grande… que não faz
acepção de pessoas e não aceita suborno” (Dt
10, 17).
Assim como Cristo não poupou Cafarnaum, com
certeza também não te poupará; se você viver de braços
cruzados e infiel a Ele, cargo nenhum te salvará. Nosso
Senhor oferece-nos constantemente a sua graça para nos
ajudar a sermos fiéis, isto é, a cumprirmos o dever de cada
momento. Da nossa parte, resta-nos aceitar essas ajudas e
cooperar com elas generosamente e com docilidade.
Mt 11, 24:
“Mas
eu vos digo que no Dia do Julgamento haverá menos rigor para
a terra de Sodoma do que para vós”.
O que foi comentado no versículo 22, onde
fala que no dia do julgamento haverá menos rigor para Tiro e
Sidônia do que para Corozain e Betsaida, serve também para
esse versículo 24; onde Jesus Cristo diz que no dia do
julgamento haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que
para Cafarnaum; porque Cafarnaum recebeu muito e desprezou a
graça de Deus.
O Cônego Duarte Leopoldo escreve:
“A maldição de Jesus Cristo contra
Corozain, Betsaida e Cafarnaum, realizou-se dezenove anos
depois, e, tão ao pé da letra, que, destruídas pelos
romanos, ainda hoje não puderam descobrir os vestígios das
suas ruínas”.
|