OBRAS É QUE SÃO AMORES: APOSTOLADO
(Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
(resumo)
Jesus Cristo saiu de Betânia em direção a Jerusalém, que
estava a poucos quilômetros, e SENTIU FOME,
tal como nos diz São Marcos 11, 12-26.
O Evangelista diz-nos que Jesus Cristo viu uma
FIGUEIRA afastada do caminho e aproximou-se
dela para ver se encontrava alguma coisa para comer, mas
NÃO ENCONTROU SENÃO FOLHAS, PORQUE NÃO ERA TEMPO DE FIGOS.
Jesus amaldiçoou-a: QUE NUNCA MAIS
NINGUÉM COMA FRUTO DE TI... e na manhã seguinte,
quando retornavam à Cidade Santa, todos viram que a
FIGUEIRA SECARA desde a RAIZ.
Jesus Cristo sabia bem que não era tempo de figos e que a
FIGUEIRA não tinha frutos, mas quis ensinar aos
seus discípulos, por um episódio que nunca esqueceriam, como
Deus viera ao povo judeu com fome de encontrar frutos de
santidade e de boas obras, mas não achara senão
práticas exteriores sem vida, folhagem sem valor. Os
Apóstolos aprenderam ainda naquela ocasião que qualquer
tempo deve ser bom para dar frutos.
Não podemos ficar à espera de circunstâncias especiais
para nos santificarmos. Deus aproxima-se de nós em
busca de boas obras, tanto na doença como no trabalho
normal, tanto em situações em que acumulam muitos afazeres
como quando tudo está traquilo, tanto nos momentos de
cansaço como em dias de férias, no fracasso ou na ruína
econômica... São exatamente essas as circunstâncias
que podem e devem dar fruto... Devemos encontrar a Deus em
todas as circunstâncias, porque Ele nos dá as graças
convenientes em qualquer circunstância. Jesus Cristo
quer que O amemos sempre com realidades, em qualquer
momento, em todo o lugar, seja qual for a situação que
passemos. Portanto, pede-nos frutos de santidade e
apostolado agora, neste exato momento, logo de manhã, neste
dia que acaba de começar.
As palavras de Jesus Cristo são fortes: QUE NUNCA MAIS
NINGUÉM COMA FRUTO DE TI. Jesus amaldiçoou a
figueira porque encontrou nela somente folhas, aparência de
fecundidade. Teve um gesto insólito (que não é
habitual, estranho) para que o ensinamento ficasse bem
gravado na alma dos discípulos e na nossa. A vida interior
do católico, se for verdadeira, faz-se acompanhar de frutos:
de obras externas que beneficiam os outros.
É questão de vivermos de fé e de empregarmos os meios que
estejam ao nosso alcance em cada circunstância: de não
esperarmos de braços cruzados por situações ideais, que é
possível que nunca se apresentem, para empreendermos
determinada tarefa apostólica; de não esperarmos até termos
à mão todos os meios humanos para nos pormos a atuar
sobrenaturalmente, mas de manifestarmos com decisões
imediatas o amor que trazemos no coração. Veremos, então,
com agradecimento e com admiração, como Deus multiplica e
faz frutificar as nossas forças, que sempre são poucas para
o que Ele nos pede.
Se a nossa vida interior for autêntica, mediante um trato
íntimo com Deus na oração e nos sacramentos, traduzir-se-á
necessariamente em realidades concretas.
Jesus Cristo só encontrou folhas...
Não existem frutos duradouros no católico
quando, por falta de vida interior, por não permanecer em
Deus e não considerar na sua presença todo o panorama dos
seus deveres, se entrega ao ATIVISMO, sem se
apoiar numa vida de oração profunda.
Mas a falta de frutos verdadeiros na ação apostólica pode
dar-se também pela
PASSIVIDADE, pela falta de um amor com obras.
E se o ATIVISMO é mau e estéril, a
PASSIVIDADE é funesta (que causa a morte),
pois o católico pode enganar-se a si mesmo, julgando que ama
a Deus por entregar-se escrupulosamente a alguns atos de
piedade: é verdade que os cumpre, mas inacabadamente,
porque não o incitam a fazer o bem.
Semelhantes práticas piedosas sem frutos são como a
folhagem vazia e estéril, porque a verdadeira vida
interior leva a uma ação intensa, em qualquer situação e
ambiente; leva a atuar com valentia, com audácia, afastando
os respeitos humanos, com alegria de viver, com a energia
avassaladora de um amor sempre jovem.
Obras é que são amores...
O verdadeiro amor a Deus manifesta-se numa ação
apostólica vibrante, realizada com tenacidade e coragem.
A vida interior sem um profundo ímpeto apostólico vai-se
encolhendo e morre; fica na mera aparência... água parada
que apodrece.
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