DIFUNDIR A VERDADE
(Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
(resumo)
Jesus Cristo levantou-se de madrugada, como em muitas outras
ocasiões, e retirou-se para um lugar fora da cidade a fim de
rezar. Os Apóstolos encontraram-no ali e disseram-lhe:
Todos andam à tua procura. E o Senhor
respondeu-lhes: Vamos a outra parte, às aldeias
próximas, para ali PREGAR, pois para isso vim (Mc
1, 35-39).
A MISSÃO de Jesus Cristo é EVANGELIZAR,
levar a Boa Nova até o último recanto da
terra, através dos Apóstolos e dos católicos de todos os
tempos. Esta é a MISSÃO da Igreja
Católica, que assim cumpre o que Jesus lhe ordenou:
Ide e PREGAI a todos os povos..., ensinando-os a
observar tudo quanto vos mandei
(Mt 28, 19ss).
São João Crisóstomo
escreve: “Não há nada mais frio do que um cristão que não
se preocupa com a salvação dos outros... Não digas: não posso
ajudá-los, porque, se és cristão de verdade, é impossível
que não o possas fazer”.
Perguntemo-nos se no nosso ambiente, no lugar onde vivemos e
onde trabalhamos, somos verdadeiros transmissores da fé, se
levamos os nossos amigos a uma maior frequência dos
sacramentos.
Examinemos se encaramos a ação apostólica como algo
URGENTE, como exigência da nossa vocação, se
sentimos a mesma responsabilidade daqueles primeiros
católicos, pois a necessidade hoje não é menor... Ai
de mim se não evangelizar! (1 Cor 9, 16).
A dedicação à tarefa apostólica nasce da convicção de
possuir a VERDADE e o AMOR, a
verdade salvadora e o único amor
que preenche as ânsias do coração. Quando se perde
essa certeza, não se encontra sentido na difusão da fé.
O empenho por difundir a fé, sempre com
respeito e apreço pelas pessoas, não se concilia com a
pusilanimidade (medo, covardia...) de
transmitir MEIAS VERDADES por receio de que a
plenitude da verdade e as exigências de uma autêntica vida
cristã possam entrar em choque com o pensamento da moda e o
aburguesamento de muitos.
A VERDADE não conhece MEIOS TERMOS...
Uma das condições de toda a ação apostólica é a
FIDELIDADE À DOUTRINA, ainda que em alguns casos esta se
mostre difícil de cumprir e chegue até a exigir um
comportamento heróico ou, pelo menos, cheio de fortaleza:
“Para ser autêntica, a palavra deve ser transmitida ‘sem
duplicidade e sem falsificação, mas manifestando com
franqueza a verdade diante de Deus’ (2 Cor 4, 2). O
presbítero, com uma maturidade responsável, evitará
DISFARÇAR, REDUZIR, DISTORCER ou DILUIR o conteúdo da
mensagem divina. Com efeito, a sua missão ‘não é de ensinar
uma sabedoria própria, mas sim, de ensinar a PALAVRA de DEUS
e de convidar insistentemente a todos à conversão e à
santidade”
(Diretório para o ministério e a vida do presbítero, 45),
e: “Adulterar a palavra de Deus é ou sentir nela algo
distinto do que na realidade é, ou buscar por ela não os
frutos espirituais, mas os fetos adulterinos do louvor
humano. Pregar com sinceridade é buscar a glória do autor e
criador” (São Gregório Magno),
e também: “... em suas pregações procure apenas agradar
a Deus” (São João Crisóstomo),
e ainda: “Aqueles que não conseguem corromper um cristão
fornecendo-lhe veneno, acrescentam algumas gotas de mel,
para que o amargo se neutralize pelo doce e assim seja
bebido para a própria ruína”
(Santo Agostinho),
e: “Parece que há medo de falar com clareza; fazem-se
concessões que o Magistério da Igreja nunca fez;
‘barateiam-se’ as exigências morais para não afastar as
pessoas, ou perder adeptos, ou, melhor, por temor de se
receber a alcunha de ‘duro’, ‘intransigente’, ‘quadrado’,
‘ultrapassado’, ‘pouco arejado” (Dom Rafael Llano Cifuentes).
Não é bom caminho pretender TORNAR FÁCIL o Evangelho,
silenciando ou rebaixando os
mistérios que devem ser cridos e as normas de conduta que
devem ser vividas. Ninguém pregou nem pregará o Evangelho
com maior credibilidade, energia e atrativo que Jesus
Cristo, e houve quem não o seguisse fielmente.
Devemos insistir com as pessoas na necessidade de mudarem de
vida, de fazerem penitência, de renunciarem a si próprios,
de buscarem a confissão... Somente a VERDADE é
capaz de nos libertar: “Se permanecerdes na minha
palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”
(Jo 8, 31-32).
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