Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Décima quarta palestra

 

 

APROVEITAR BEM O TEMPO

 

Ir. Gabriel do Santíssimo Crucifixo FP(C)

 

Ponto I

 

“O tempo se fez curto...”

 

"Eis o que vos digo, irmãos: o tempo se fez curto..." (1 Cor 7, 29).

Não perca tempo... vida aqui na terra só existe uma, por isso, não a jogue fora, mas trabalhe para entesourar tesouros no céu, aproveitando cada segundo para fazer o bem. Seja sábio! Aproveite bem o tempo!

São Francisco de Sales dizia: "Quando penso no modo como tenho empregado 'o tempo de Deus', temo não me queira dar sua eternidade, pois ele a reserva somente para aqueles que fazem bom uso do tempo".

E você, sente-se tranquilo quanto ao uso do tempo? Está seguro de que Deus não pedirá conta do tempo que você perde diariamente com as coisas do mundo? Cuidado! Deus pedirá conta de cada minuto jogado fora.

Santo Tomás de Vilanova, arcebispo de Valência e, em geral os santos todos, consideravam a perda do tempo como um furto feito a Deus: "O mundo inteiro não é digno de um só pensamento do homem, porque só a Deus ele é devido; assim qualquer pensamento posto fora de Deus é um roubo que se lhe faz" (São João da Cruz, Ditos de Luz e Amor, 114).

Você desperdiça o tempo? Se você perde tempo com as coisas caducas da terra, então você rouba de Deus.

"Eis o que vos digo, irmãos: o tempo se fez curto..."

Tanto São Paulo como os outros Apóstolos recordam com frequência nos seus escritos a brevidade da vida terrena (cfr. Rm 13, 11-14; 2 Pd 3, 8; 1 Jo 2, 15-17), como um estímulo para aproveitar com intensidade todos os momentos ao serviço de Deus.

São Josemaría Escrivá escreve: "Compreendo perfeitamente aquela exclamação que São Paulo escreve ao povo de Corinto: 'O tempo se fez curto!' (1 Cor 7, 29), que breve é a nossa passagem pela terra! Para um cristão coerente, estas palavras soam, no mais íntimo do seu coração, como uma censura à falta de generosidade e como um convite constante a ser leal. Realmente é curto o nosso tempo para amar, para se doar, para desagravar. Não é justo, portanto, que o malbaratemos, nem que atiremos irresponsavelmente este tesouro pela janela fora. Não podemos desperdiçar esta etapa do mundo que Deus confia a cada um de nós" (Amigos de Deus, n° 39).

"Eis o que vos digo, irmãos: o tempo se fez curto..."

Caríssimo, não perca tempo, a vida é breve: "O tempo é a duração de nossa vida" (Pe. Alexandrino Monteiro).

Caríssimo, eis o tempo e a nossa vida.

A Infância é a idade indiferente na qual se vive e se ama sem saber por quê. É a aurora.

A Adolescência é a idade encantadora, na qual se espera; é a idade útil, na qual se pode semear; a idade delicada, na qual se pode formar; a idade ardente, na qual se pode e deve combater...; a idade alegre, na qual toda pena pode terminar em riso. É a manhã.

A Idade Madura é a idade austera, na qual se desfolham as flores; a idade séria, na qual se recolhe; a idade abnegada, na qual se pode fazer a felicidade alheia; a idade forte, na qual se pode permanecer em pé. É o meio-dia e a tarde.

A Velhice é a idade triste, na qual se encontra a solidão; a idade tranquila, na qual se faz o inventário da vida; a idade dolorosa, na qual se leva a cabo a expiação; a idade solene, na qual se espera a hora do descanso. É a noite.

E depois? A vida com Deus ou sem Ele; com Deus, se na terra se viveu com Ele; sem Deus, se neste mundo se viveu apartado d'Ele.

Caríssimo, "... o tempo se fez curto", por isso, não o jogue fora como fazem milhões de pessoas: "Nada há mais precioso que o tempo e não há coisa menos estimada nem mais desprezada pelos mundanos" (Santo Afonso Maria de Ligório).

 

Ponto II

 

Fazer o bem enquanto é tempo

 

"Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens..." (Gl 6, 10).

O tempo é uma graça para aquelas pessoas que o aproveitam para crescerem na santidade, mas é também uma desgraça para aquelas que o jogam fora, desperdiçando-o com as vaidades e loucuras do mundo.

O tempo bem empregado pode nos levar ao céu, sendo que mal empregado pode nos levar ao inferno, por isso que São Bernardo de Claraval diz: "O tempo vale o quanto vale Deus".

Tempo breve, e tempo precioso. Cada segundo, cada minuto, cada hora, cada dia, cada ano que passa, a nossa vida fica mais breve, e esse tempo que passou nunca mais voltará, e sabemos muito bem que Deus é misericordioso, mas também é justo, e pedirá conta de cada segundo mal empregado: "Se na hora da conta te há de pesar de não teres empregado este tempo no serviço de Deus, porque o não ordenas e empregas agora como o quererias ter feito quando estiveres a morrer?" (São João da Cruz).

Esse tempo que Deus nos concede durante a nossa vida é muito precioso, com ele podemos comprar a felicidade eterna ou a desgraça eterna, a decisão é nossa. Que prestação de conta terrível daremos a Deus na hora da nossa morte, principalmente aquele que o usou para o mal ou simplesmente o deixou passar em vão.

Caríssimo, faça o bem agora e não deixe para depois, porque o tempo não nos pertence: "Quem tem um empréstimo por dois anos não terá de pagar juros só por um ano. E quem habita uma casa por dez anos não dará o aluguel apenas de cinco. E por que então, ó cristão, não meditamos que todo ano que passa aumenta a nossa responsabilidade de feitores? Por que adiamos indiferentemente, de dia para dia, de ano para ano, uma boa obra, ou mesmo a nossa própria conversão? Ouvi como foi ingênuo um aldeão. Chegado à margem de um riachinho, devendo passar para o lado de lá, começou por se sentar na erva fresca. E, quando se lembrava de que seria necessário passá-lo, dizia: 'Esperarei que a água tenha passado toda, e depois passarei em seco'. E, esperando, esperando, veio a morte, e ele ainda lá estava. Justamente como esse aldeão estúpido sois também vós se, esquecendo que o tempo não vos pertence, e que o tendes por empréstimo, e adiais sempre a hora das boas ações" (Pe. João Colombo).

Façamos o bem agora, porque depois da morte ninguém mais poderá fazê-lo. Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. Seja uma pessoa sábia, faça o bem enquanto é tempo: "Ajuntai para vós tesouros no céu..." (Mt 6, 20), não seja você uma pessoa estúpida, jogando fora uma pérola tão preciosa que é o tempo: "Quando queremos aproveitar o tempo e fazer alguma coisa para o céu, o demônio, o mundo e a carne nos gritam: Deixa para amanhã, e assim nos ilude até a morte" (Mons. Ascânio Brandão).

São Bernardo de Claraval diz: "No dia do Juízo, Jesus Cristo nos pedirá conta de toda palavra ociosa. Todo o tempo que não é empregado para Deus, é tempo perdido”. Santo Afonso Maria de Ligório diz: “Hoje Deus te chama a fazer o bem; faze-o hoje mesmo, porque amanhã talvez já não terás tempo, ou Deus não te chamará".

Preencha o seu dia fazendo somente o BEM: "Por conseguinte, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos..." (Gl 6,10).

 

Ponto III

 

Precioso tesouro

 

O tempo é o maior e mais precioso tesouro da terra, porque com ele adquirimos o Céu, se for bem empregado.

Nós, que estamos aqui na terra de passagem, devemos aproveitar bem o nosso tempo, porque ele é precioso, riquíssimo dom que Deus concede ao homem mortal. Veja o que nos diz o livro do Eclesiástico: "Filho, aproveita o tempo" (Eclo 4, 23).

O tempo é realmente a maior mina de ouro, que bem explorada nos dará o Céu; quanta responsabilidade para nós católicos em relação ao uso do tempo. Que dirão a Deus aquelas pessoas que desperdiçam o tempo passando horas e horas diante da televisão, nas portas dos bares, nas portas das casas... que julgamento terrível! Ai dessas pessoas. Será que fazemos parte desse grupo?

São Bernardino de Sena dizia: "Um só momento vale tanto como Deus, porque nesse instante, com um ato de contrição ou de amor perfeito, pode o homem adquirir a graça divina e a glória eterna".

O tempo é um tesouro que só se acha nesta vida, mas não na outra, nem no céu, nem no inferno. É este o grito dos condenados: "Oh! Se tivéssemos uma hora..." Uma hora para reparar todo o tempo perdido com as vaidades do mundo. Os condenados, por todo o preço comprariam uma hora a fim de reparar suas ruínas; porém, essa hora jamais lhes será dada.

Santo Afonso Maria de Ligório diz: "No céu não há pranto; mas se os bem-aventurados pudessem sofrer, chorariam o tempo perdido na sua vida mortal, o qual lhes poderia ter servido para alcançar grau mais elevado na glória; porém, já se passou a época de merecer".

Nada há mais precioso que o tempo e não há coisa menos estimada nem mais desprezada pelos mundanos. Diz São Bernardo de Claraval: "Passam rapidamente os dias de salvação, e ninguém reflete que esses dias desaparecem e jamais voltam".

O povo tem o costume de dizer: "Estou aqui passando tempo". Quando perguntamos para aquele que fica no bar; diante da televisão; nas rodas de amigos; sentados na porta de casa; e em outros lugares! O que está fazendo? Ele diz: "Estou passando tempo". São pobres cegos, que não enxergam o gravíssimo erro que estão cometendo, estão jogando fora o tesouro mais precioso para a salvação, e assim vão perdendo tantos dias, dias que nunca mais voltarão.

O tempo é semelhante uma mina que bem explorada nos dá o céu, mas se for mal explorada, nos dá o inferno.

O tempo desprezado será a coisa que os mundanos mais desejarão na hora da morte... Eles quererão então dispor de mais um ano, mais um mês, mais um dia; mas não o terão, e ouvirão dizer que: "Já não haverá mais tempo" (Ap 10, 6). Diz São Lourenço Justiniano: "O que não daria cada mundano para ter mais uma semana, um dia de vida, a fim de poder melhor ajustar as contas da alma! Ainda que fosse para alcançar só uma hora, dariam todos os seus bens".

Diz Santo Afonso Maria de Ligório: "A consciência recordar-lhe-á todo o tempo que teve e que empregou em prejuízo de sua alma; todas as graças que recebeu de Deus para se santificar e de que não quis aproveitar; e ver-se-á depois privado de todos os meios de fazer o bem. Por isso exclamará gemendo: como fui louco!... Ó tempo perdido, em que podia ter-me santificado!... Mas não o fiz e agora já não é tempo de o fazer... De que servem tais suspiros e lamentações, quando a vida está prestes a terminar e a lâmpada se vai extinguindo, vendo-se o moribundo próximo do solene instante de que depende a eternidade?"

Muitos dizem: "Sou ainda moço; mais tarde me converterei a Deus". É muito perigoso pensar assim; porque Jesus amaldiçoou aquela figueira que achou sem frutos, sendo que não era época de dar frutos, como está em Mc 11, 13. Com este fato quis Jesus Cristo dar-nos a entender que o homem, em todo tempo, sem excetuar a mocidade, deve produzir frutos de boas obras, senão será amaldiçoado e nunca mais dará frutos no futuro. Nunca jamais coma alguém fruto de ti (Mc 11, 14).

Infeliz daquele que perde tempo com as coisas da terra; é preciso lembrar-lhe de que o tempo vale mais do que todo o ouro do mundo.

Em certa revista lia-se este curioso anúncio: "Perderam um lingote de ouro e sessenta pérolas finas. Amanhã daremos mais explicações". No número seguinte lia-se no mesmo lugar: "Perder uma hora é perder uma barra de ouro; e as sessenta pérolas finas são os sessenta minutos".

Caríssimo, não jogue a sua vida fora, pelo contrário, aproveite bem o tempo para entesourar tesouros no céu: "O tempo vale tanto como o céu, como o Sangue de Jesus Cristo, como o mesmo Deus, porque, bem empregado, põe-nos na posse d'Ele"(São Bernardo de Claraval).

Caríssimo, aproveite bem o tempo, ele é tesouro precioso: "O tempo é um tesouro que só se acha nesta vida, mas não na outra, nem no céu, nem no inferno" (Santo Afonso Maria de Ligório).

E tu, meu irmão, em que empregas o tempo?... Por que sempre adias para amanhã o que podes fazer hoje? Reflete que o tempo passado desapareceu e já não te pertence; que o futuro não depende de ti.

 

Exortações

 

Não perca o tempo, não brinque com a vida, lembre-se que TUDO PASSA, e que só será verdadeiramente feliz na hora da morte, aquele que vigiar continuamente: "Feliz daquele servo que o Senhor, ao chegar, encontrar assim ocupado" (Mt 24,46).

 

Você possui uma ALMA PARA SALVAR, leve o "negócio da sua salvação" a sério: "...operai a vossa salvação com temor e tremor" (Fl 2,12).

 

Seja inteligente! Aproveita bem a sua vida, o seu tempo! De que maneira? Vivendo mergulhado em Deus, amando-O apaixonadamente, confiando nesse Senhor que te criou, que te sustenta e que cuida de você. Seja fiel ao AMOR ETERNO, e Ele te recompensará: "Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor" (Mt 25,21).

 

"Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora" (Mt 25, 13).

 

 

 

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