Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Décima primeira palestra

 

 

MARIA SANTÍSSIMA: NOSSO MODELO

 

(Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

 

(resumo)

 

1. Maria Santíssima: GUIA e MODELO.

Grande conforto é encontrar ao longo do caminho espiritual – muitas vezes penoso e cheio de dificuldades – a suave figura de Nossa Senhora: GUIA e MODELO. Junto dela tudo se torna mais fácil. O coração desanimado e cansado, o coração agitado pelas tempestades encontra nova força, nova esperança e retoma com novo vigor a estrada: “Se se levantam os ventos das tentações, se te feres contra os rochedos das tribulações, olha para a estrela, chama por Nossa Senhora... Nos perigos, nas angústias, nas indecisões, pensa em Maria, invoca Maria” (São Bernardo de Claraval).

Quem navega por mares tempestuosos precisa de uma estrela que lhe sirva de guia por entre as ondas, a fim de por ela dirigir seu navio para o desejado porto. A Estrela é a Virgem Maria.

Quem pensa salvar-se sem a proteção de Maria Santíssima engana-se! Deus deu a Virgem Maria como Mãe dos homens, e para isso deu-lhe o poder necessário para velar sobre a salvação de seus filhos, e, portanto, quer que a ela recorramos em nossas necessidades.

 

2. Maria Santíssima e a CONFIANÇA em DEUS.

A Virgem Maria demonstrou a sua CONFIANÇA em DEUS quando pressentiu que seu esposo, por ignorar o modo de sua prodigiosa gravidez, queria deixá-la. Parecia então necessário que ela dissesse a seu esposo o oculto mistério. Mas, não, ela não quis manifestar a graça recebida; preferiu entregar-se à divina Providência, confiando, como diz Cornélio a Lapide, que Deus mesmo defenderia a sua inocência e reputação.

Demonstrou, além disso, a CONFIANÇA em DEUS, quando, próxima ao parto, não encontrou lugar na Cidade de Belém, e teve que dar a luz numa gruta, aos arredores da cidade.

A Virgem Maria fez igualmente conhecer quanto CONFIAVA na Providência de Deus, quando, avisada por São José que devia fugir para o Egito; na mesma noite se pôs a caminho para tão longa viagem a um país estrangeiro e desconhecido, sem alimento, sem dinheiro, sem outro acompanhamento além do Menino Jesus e de seu pobre esposo.

Muito mais Maria demonstrou esta sua CONFIANÇA, quando pediu ao Filho a graça do vinho para os esposos de Caná; porque, depois da resposta de Jesus Cristo, pela qual parecia claro que o pedido lhe seria recusado, ela confiada na divina bondade ordenou à gente da casa que fizessem o que lhes dissesse o Filho.

Se quisermos ser dignos filhos de Nossa Senhora, aprendamos dela a confiar como se deve, principalmente no grande negócio da salvação eterna.

 

3. Maria Santíssima e o AMOR a DEUS.

Nossa Senhora que, na sua qualidade de Mãe, mais que qualquer outra simples criatura viveu junto de Deus e a Ele unida, também mais que qualquer outra foi repleta de AMOR.

Ela, que o Anjo saudou cheia de graça, é também cheia de AMOR.

O Mandamento do Senhor: “Amarás o Senhor teu Deus”, tem plena realização em Nossa Senhora que sendo perfeitamente humilde e, portanto, totalmente vazia de si, livre de todo egoísmo e de todo apego às criaturas, pôde empenhar realmente suas forças todas no AMOR de DEUS.

A Virgem Maria nos ensina que o verdadeiro AMOR, a autêntica união com Deus não está nas consolações espirituais, mas na perfeita conformidade com a vontade de Deus.

 

4. Maria Santíssima e a ORAÇÃO.

Para compreender algo da ORAÇÃO de Nossa Senhora, cumpre procurar penetrar o santuário de sua íntima união com Deus. Ninguém tanto como a Virgem Maria viveu em intimidade com Deus. Intimidade de Mãe acima de tudo: quem poderá intuir (pressentir) as íntimas relações de Nossa Senhora com o Verbo encarnado, durante os meses em que o trouxe no seio virginal?

É Maria o santuário que oculta o Santo dos Santos, é o tabernáculo vivo do Verbo encarnado, toda palpitante de amor e toda imersa na adoração. Trazendo em si a fornalha ardente de caridade, como poderá Nossa Senhora não se inflamar totalmente?

Eis a ORAÇÃO incessante da Virgem Maria: adoração perene do verbo humanado que traz em seu seio, união profunda com Jesus Cristo, contínuo abismar-se n’Ele e transformar-se n’Ele por amor... Vive Maria na adoração de seu Jesus e, em união com Ele, na adoração da Santíssima Trindade.

Em Belém e em Nazaré, viveu Maria Santíssima cerca de trinta anos em doce intimidade com Jesus Cristo. Foi Jesus sempre seu centro de atração, o centro de seus afetos, de seus pensamentos, de suas atenções: move-se em torno d’Ele, contempla-O, procurando sempre descobrir novos meios de agradar-Lhe, de servi-lO e amá-lO com a máxima dedicação.

 

5. Maria Santíssima e a FÉ.

A Santíssima Virgem “teve mais fé que todos os homens e todos os anjos” (Pe. Suárez). Via o seu Filho no presépio de Belém e CRIA que Ele era o Criador do mundo. Via-O fugir de Herodes e não deixava de CRER que era o Rei dos reis. Via-O nascer e o CRIA eterno. Via-O pobre e necessitado de alimento, e o CRIA Senhor do universo; deitado sobre a palha, e o CRIA onipotente. Observava que não falava, e CRIA que era a Sabedoria infinita. Ouvia-O chorar, e CRIA que era a alegria do paraíso. Via-O, finalmente, crucificado, e bem que nos outros vacilasse a , Maria Santíssima estava firme em CRER que Ele era Deus.

Assim viveu a Santíssima Virgem, e assim nós também, à imitação dela, devemos viver, com diferença daqueles que não vivem segundo aquilo que crêem, cuja é morta.

 

6. Maria Santíssima e o APOSTOLADO.

Nossa Senhora levou na terra vida igual à de todos, cheia de cuidados familiares e de trabalhos; estava sempre intimamente unida ao Filho, cooperando, de modo absolutamente singular, na obra do Salvador.

Na sua intensa vida de oração e de união com Jesus Cristo, tirou Maria Santíssima a inspiração e a força de seu APOSTOLADO.

Quanto maior é o amor para com Deus, tanto maior e mais eficaz é o APOSTOLADO que dele deriva. Por outro lado, toda obra de APOSTOLADO que não derivasse da caridade nada seria.

Não é ruidoso o APOSTOLADO de Maria... mas se realiza de modo mais humilde, oculto e silencioso.  Dá ao mundo o Redentor, mas num pobre estábulo; participa de toda a vida de Jesus Cristo, mas no silêncio da casa de Nazaré, ocupada nos humildes afazeres domésticos, entre os sacrifícios e dificuldades.

O APOSTOLADO da Virgem Maria é todo interior: APOSTOLADO de oração e, sobretudo, de imolação oculta pela qual adere com grande amor à vontade de Deus que lhe pede a separação do Filho depois de trinta anos de doce intimidade com Ele, para pôr de parte, como que deixando aos Apóstolos e às multidões, aquele lugar que, como Mãe, lhe compete junto de Jesus. Assim, no escondimento e no silêncio, participa Maria Santíssima do APOSTOLADO e dos sofrimentos do Filho.

Não há dor de Jesus que Maria não sinta e não reviva em si! Sua grande imolação consiste em ver o dileto Filho perseguido, odiado, levado à morte e enfim crucificado. Seu coração de Mãe tudo sente com profunda amargura... mas, ao mesmo tempo, tudo aceita e oferece pela salvação das almas.

 

7. Maria Santíssima e o SILÊNCIO.

Não era no recolhimento interior que vivia a Virgem Maria? O Evangelho diz que guardava em seu coração as palavras de seu divino Filho para meditá-las. A Virgem Maria não se perdia em palavras, cheia de graça e das luzes do alto, toda inundada dos dons do Espírito Santo, ficava SILENCIOSA, em adoração ao seu Filho; vivia na contemplação do mistério inefável que nela e por ela se cumprira, e do santuário de seu Coração Imaculado ininterruptamente subia para Deus um hino de louvor e de ação de graças.

Não basta guardar o SILÊNCIO exterior, afastar do espírito e do coração os pensamentos vãos e estéreis; é preciso ainda preencher esta solidão interior com reflexões que ajudem a alma a subir para Deus.

 

8. Maria Santíssima e a FORTALEZA.

A Virgem Maria suportou todos os sofrimentos com FORTALEZA. Assim como a Paixão de Jesus começou com seu nascimento, também assim sofreu Maria o martírio durante toda a sua vida por ser em tudo semelhante ao Filho... sofreu sem desanimar... sem reclamar... permaneceu firme diante das provações: “Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe...” (Jo 19, 25).

 

9. Maria Santíssima e o SOFRIMENTO.

Paralelamente à vida de Jesus Cristo, a de Nossa Senhora é uma prova especial de que só o caminho da DOR conduz à glória eterna, e de que os caminhos trilhados pelos maiores santos foram também os mais dolorosos. Se houve seres humanos que neste mundo sempre renunciaram à sua vontade, foram com certeza Jesus Cristo e sua Mãe Santíssima; e, no entanto, ninguém teve uma vida mais tormentosa e difícil. Haverá melhor prova de que a DOR nem sempre está relacionada com os pecados pessoais, de que nem sempre é um castigo pelas faltas próprias?

Jesus Cristo é chamado Rei das dores e Rei dos mártires, porque em sua vida mortal padeceu mais que todos os outros mártires. Assim também é Maria chamada com razão Rainha dos mártires, visto ter suportado o maior martírio que se possa padecer depois das dores de seu Filho.

Nossa Senhora foi mártir não pelas mãos dos carrascos, mas sim, pela DOR de sua alma. Se não lhe foi o corpo dilacerado pelos golpes do carrasco, foi seu bendito coração transpassado pela Paixão de seu Filho. E essa DOR foi suficiente para dar-lhe não uma, porém mil mortes.

 

10. Maria Santíssima e a PACIÊNCIA.

Deus nos deu a Virgem Maria como exemplar de todas as virtudes, mas especialmente da PACIÊNCIA: “Foi exatamente para este fim que, nas bodas de Caná, Jesus Cristo deu à Santíssima Virgem aquela resposta, com que mostrava estimar pouco suas súplicas. Foi exatamente para nos dar o exemplo da paciência da sua santa Mãe” (São Francisco de Sales).

Toda a vida de Nossa Senhora foi um exercício contínuo de PACIÊNCIA; porquanto, como o Anjo revelou para Santa Brígida, a Bem-aventurada Virgem, semelhante à rosa, cresceu e viveu sempre entre os espinhos das tribulações. Só a compaixão das penas do Redentor foi suficiente para fazê-la mártir da PACIÊNCIA.

Se desejamos ser filhos de Maria Santíssima, é preciso que procuremos imitá-la na PACIÊNCIA, suportando em paz tanto as cruzes que nos vierem diretamente de Deus, isto é, a pobreza, as desconsolações espirituais, a doença e a morte; como também as que nos vierem da parte dos homens: perseguições, desprezos, insultos, ofensas e injúrias.

 

11. Maria Santíssima e a PAZ.

Em Nossa Senhora encontramos remédio para todos os nossos males: em vós, “o amparo de nossa fraqueza”, como diz São Germano; em vós, “a porta para sairmos da escravidão do pecado”, segundo São Boaventura; em vós, “a nossa paz segura”, conforme o mesmo santo, que vos proclama doce repouso dos mortais; em vós, “a consolação nas misérias de nossa vida”, segundo São Lourenço Justiniano. Em vós, finalmente, encontramos a graça de Deus e Deus mesmo, pois São Boaventura vos chama “trono da graça divina”, e São Próculo: “a ponte por onde Deus desce para os homens”, ponte salutar pela qual Deus, separado de nós por causa de nossos pecados, torna a vir com a sua graça habitar em nossas almas.

 

12. Maria Santíssima: MÃE ACOLHEDORA.

A Virgem Maria disse para Santa Brígida: “Por mais culpado que seja um homem, se ele vem a mim com sincero arrependimento, estou sempre pronta a recebê-lo. Não considero o número dos seus pecados, mas as disposições do seu coração; pois não recuso ungir e curar as suas feridas, porque me chamo e realmente sou a Mãe de misericórdia”.

 

 

 

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