O SACRIFÍCIO DE ABEL
(Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
(resumo)
O Livro do Gênesis 4, 1-5 relata que Abel
apresentava a Deus as primícias e o melhor do seu rebanho. E
foi grata a Deus a oferenda de Abel e não o foi a de Caim,
que não oferecia o melhor do que colhia.
Abel foi JUSTO, isto é, santo e piedoso. O que
tornou mais grata a oferenda de Abel não foi a
qualidade objetiva do que oferecia, mas a sua
ENTREGA e GENEROSIDADE:
“Deus ama a
quem dá com alegria” (2 Cor 9, 7).
Por isso Deus olhou com agrado para as vítimas por ele
sacrificadas e possivelmente – de acordo com uma antiga
tradição judaica – enviou fogo do céu para queimá-las em
sinal de aceitação.
Na nossa vida, o melhor deve ser para Deus.
Devemos apresentar-lhe a oferenda de Abel, não a de Caim.
Deve ser para Deus o melhor do nosso tempo, dos nossos
bens, da nossa vida. Não podemos dar-lhe o pior, o que
sobra, o que não custa sacrifício ou não nos é necessário.
Para Deus toda a vida, incluídos os melhores anos. Para Deus
todos os nossos bens; e, portanto, quando quisermos
fazer-lhe alguma oferenda concreta, escolheremos o que temos
de mais precioso, tal como faríamos com uma criatura da
terra que estimamos muito.
É preciso oferecer a Deus o sacrifício de Abel. Um
sacrifício de carne jovem e formosa, o melhor do rebanho: de
carne sadia e santa; de corações que só tenham um amor:
Deus!
Devemos dizer com os lábios, com o coração e com alma: Para
Vós, meu Deus, o melhor da minha vida, do meu trabalho, dos
meus talentos, dos meus bens...
Para Deus o melhor:
um culto cheio de generosidade nos elementos sagrados que se
utilizem, e cheio de generosidade também no tempo que exige
– não mais –, sem pressa, sem abreviar as cerimônias ou a
ação de graças depois da Santa Missa. O decoro, a qualidade
e a beleza dos paramentos litúrgicos e dos vasos sagrados
expressam que o melhor que temos é para Deus, são sinais do
esplendor da liturgia que a Igreja triunfante tributa à
Santíssima Trindade no Céu. A tibieza, a fé mortiça e sem
amor tendem a não tratar santamente as coisas santas, a
perder de vista a glória, a honra e a majestade que se devem
à Santíssima Trindade.
Em casa de Simão, o fariseu, onde Jesus Cristo sentiu a
falta das atenções que era costume ter com os convidados,
ficou patente o critério quanto ao dinheiro que se destina
às coisas de Deus. Enquanto Jesus se mostra feliz pelas
provas de arrependimento daquela mulher, Judas Iscariotes
murmura e calcula o gasto – aos seus olhos inútil – que ela
fez. Naquela mesma tarde, decidiu traí-lO. Vendeu-O
aproximadamente pelo mesmo que custava o perfume derramado:
trinta moedas de prata.
Aquela mulher que, em casa de Simão o leproso, em Betânia,
unge com rico perfume a cabeça do Mestre, recorda-nos o
dever de sermos magnânimos no culto de Deus.
Deus merece todo o luxo, majestade e
beleza: “Não oferecereis nada defeituoso, pois
não seria aceitável” (Lv 22, 20).
Quando Jesus nasce, não dispõe sequer do berço de uma
criança pobre. Depois, nos anos de vida pública, não tem por
vezes um lugar onde reclinar a cabeça. Por fim, morre
despojado até das vestes, na pobreza mais absoluta. Mas
quando o seu corpo exânime for descido da Cruz e entregue
aos que o amam e o seguem de perto, estes hão de tratá-lo
com VENERAÇÃO, RESPEITO e AMOR.
José de Arimatéia encarrega-se de comprar um LENÇOL
NOVO com que o envolverá, e Nicodemos os
AROMAS necessários. Não sepultaram Jesus Cristo no
cemitério comum, mas num horto, NUMA SEPULTURA NOVA,
provavelmente a que José de Arimatéia tinha preparado para
si próprio.
Nos nossos Sacrários, Jesus está vivo!
Como em Belém ou no Calvário! Entrega-se e nós para que o
nosso amor cuide d’Ele e o atenda o melhor que possamos, e
isso à custa do nosso tempo, do nosso dinheiro, do nosso
esforço: do nosso amor.
Nada mais lógico do que os fiéis católicos contribuírem, de
mil maneiras diferentes, para o cuidado e a esmerada
conservação de tudo o que se refere ao culto divino. Os
sinais litúrgicos e quanto se refere à liturgia entram pelos
olhos. Os fiéis católicos devem sair fortalecidos na sua fé,
mais alegres, depois de uma cerimônia litúrgica.
|